31 julho 2006

Auto-Estima

Nunca havia me questionado o quão importante é manter o nível de auto-estima alto. Tão, ou mais importante até do que aquele velho mandamento: "ames ao próximo como a ti mesmo". Como se fazer preceber se nem mesmo nos notarmos? Como passar alegria se nós vivermos cabisbaixos? Isso deveria ser via de regra, mas nem todos pensam assim, ou ao menos não enchergam as coisas desse jeito, por estarem cegos pelo próprio mal-estar. Levei muito tempo para descobrit isso, e o fiz da pior maneira possível... Primeiramente, o que faz a auto-estima das pessoas cair? Tenha certeza de que são diversos fatores. Desde pressão no ambiente de trabalho, equívocos no relacionamento entre amigos, problemas familiares e até (obviamente) decepções amorosas. Talvez até um misto deles, ou todos de uma só vez... Às vezes damos a sorte de termos pessoas sensíveis e amigas o suficiente para notar que algo não vai bem conosco, e essas são a nossa escada: nos apoiamos nelas para levantarmos da fossa... A questão é que muitas vezes nenhuma das pessoas que nos cercam percebem. Essa é a pior situação possível, ninguém terá iniciativade perguntar o que está errado simplesmente porque ninguém vê nada errado. Ficamos presos nessa bola de neve, sentindo-nos cada vez pior, até que uma depressão grave nos afete, ou que uma vontade súbita de dar a volta por cima se instaure em nossas mentes. Sinceramente, que a segunda opção seja sempre o próximo passo... Se o problema é pressão no ambiente de trabalho, tenha certeza de que você já faz o melhor que pode. Se puder melhorar ainda mais, faça-o, mas não abdique do seu tempo de lazer, da sua família e da sua saúde para tal. Se não puder melhorar, apenas mantenha o seu nível de qualidade, e se isso não for o bastante, dane-se. Por pior que seja a sua situação financeira, não vale a pena sacrificar-se a tal ponto apenas por dinheiro. Ou o seu supervisor coloca mais um funcionário para tirar esse peso das suas costas, ou arruma alguém melhor para a função. Diriam vocês: "Emprego não está fácil nos dias de hoje, e você aí dizendo que dinheiro não é importante...". Eu não disse que era extremamente importante, nem que não era. Disse apenas que não se dorme com dinheiro, que não se conversa com dinheiro. Tenha em mente que a sua escalada profissional depende apenas de você mesmo. Tome cursos para se aperfeiçoar, mas não fique inerte. Se o fizer, aposto que o seu opressor vai pensar duas vezes antes de lhe pôr na rua,, pois verá o seu esforço... Se o problema são os equívocos no relacionamento entre amigos, nada que uma boa conversa não resolva. Ponha tudo em pratos limpos. Exponha, da melhor maneira possível, tudo o que lhe aflinge, o que lhe incomoda. Se eles são mesmo seus amigos, vão lhe entender, afinal, sinceridade e respeito são a base de qualquer relacionamento, até mesmo entre pessoas sem tanta intimidade assim. Se eles não são tão amigos seus assim, paciência. Não vale a pena se desgastar com eles. Arrume amigos melhores, ora essa! Amigos que te escutem, mas não esqueça de escutá-los também. O importante é não guardar tantos problemas dentro de si mesmo, ou ao menos não estourar de vez quando não puder mais segurá-los... Se o problema são as decepções amorosas, você terá um pouco mais de trabalho. Tente você mesmo perceber o que há de errado, identificar o que lhe afasta das suas paqueras. Tenha em mente que pra se fazer notar é preciso querer mudar. "Eu sou tímido...": timidez não é defeito, é apenas uma defesa. Não tenha medo de errar, apenas tente acertar. Isso vai lhe trazer experiência. Um não é apenas um não, um dia você vai receber um sim (tá certo, isso pode demorar um pouco, quem sabe muito tempo, mas sempre acontece se você realmente estiver disposto a mudar). Não falo em tentar ser popular, ou tomar anabolisantes, parecer ser o que você não é, nem nada disso. Apenas tente gostar um pouco mais de si mesmo. Se você se gostar, vai se cuidar mais, e não vai ficar assim tão deprimido quando lhe rejeitarem. "Eu sou muito feio...": isso é você quem diz... Também não adianta querer transar com uma Juliana Paez da vida (eita mulherzinha gostosa essa...), nem ficar com a primeira puta que lhe abra as pernas. Valorize-se. Aposto o quanto quiser que se você se cuidar mais, vai ficar mais atraente aos olhos dos outros. As pessoas notam, sabia? Veja o que é possível mudar em seu corpo, e faça o possível para melhorar. Para o que não for possível mudar em você mesmo, aprenda a se gostar sendo baixinha, testuda, de pés chatos, senão você vai ficar sem ninguém a vida toda... Quem me conhece a fundo (nada de sacanagem, sou hetero) diria: "Soriano, até parece que você faz mesmo isso...". Não, eu não faço, ou melhor, não fazia. A partir de hoje eu resolvi dar um basta. Se vocês lerem os últimos textos que eu escrevi, vão entender do que eu estou falando. Qualquer mudança do gênero não é assim tão instantânea, tudo é um exercício de paciência e força de vontade. Só espero ter forças pra isso. Com certeza eu vou precisar de ajuda... Veja também: Dicas para elevar a sua auto-estima Não se culpe tanto assim...

30 julho 2006

Com o coração não se brinca...

A gente sempre fica se perguntando o quanto temos controle sobre as nossas emoções. Ficamos controlando nossas reações, para evitar possíveis decepções, exasperações, feridas mortais. Tentamos não nos magoar, e nem às pessoas que estão ao nosso redor... Sempre estive nos dois extremos nesse assunto: autocontrole extremo e devoção incondicional. Hoje, vejo que eu deveria ter ficado bem ali, no meio... Há um mês eu iniciei um relacionamento de risco. Estava saindo com uma mulher casada. Vocês me diriam: Soriano, logo você? É, eu sei. Ela foi a única pessoa que me deu um carinho de mulher em muito tempo, eu não poderia diexar passar. Começamos a conversar sobre nós, nossas carências, até que decidimos começar a nos encontrar para algo mais que um bom papo, por assim dizer. Saímos umas duas vezes. Acontece que todo mundo na rua ficou sabendo disso. As pessoas me olhavam com um ar de "Soriano, aquele carinha quieto, sério, que ninguém dava nada? Quem diria...", mas isso não me incomodava em nada. Parece que a ela incomodava... Há duas semanas atrás, a gente havia marcado de se encontrar. Ligo para ela umas duas horas antes de sair de casa, e ela acaba desmarcando. Disse estar com dor de cabeça, indisposta. Acabei deixando para lá... Acontece que minha mãe já havia me dito muita coisa a respeito dessa mulher. Eu estava disposto a discutir isso com ela, a conversar, esclarecer as coisas. Pedi pra que a gente se visse este final de semana. Mais precisamente, ontem. Ela desmarcou um dia antes, dizendo que ia trabalhar. Ela me diz que quase sempre trabalha dia de sábado... Ouvi comentários na rua de que ela não trabalha, e sim se "diverte" com um homem um pouco mais velho que ela, com algum montante em bens e espécie. Ela diz que nos encontraríamos hoje, para ter a tal conversa. Acordo de manhã, ligo o celular, e quinze minutos depois, o celular toca. Um torpedo SMS. "feliz anive/desejo tudo d bom p vc/bjos". E só. Ela havia me enviado esse torpedo às 06:37:01, segundo a minha operadora... Fico pensando no que ela está pensando disso tudo. O que será que ela queria, desde o começo... Disse-me: "não quero te fazer sofrer". Eu sei que isso tudo não poderia passar de diversão, no máximo, um caso onde duas pessoas matam suas carências afetivas e só. O fato é que não houve sinceridade desde o começo. Nunca quis ser poupado do que ocorre na vida dela, nem ser protegido de quaisquer circunstâncias mirabolantemente desagradáveis. Queria apenas sinceridade, fundamental até mesmo numa amizade. Sinceridade e respeito, que sempre a dediquei, mesmo que ela não merecesse... Não que eu esteja chorando pelos cantos, pensando ser incapaz de fazer uma mulher de 41 anos feliz, ou ao menos um pouco mais solta. Não mesmo. O fato é que eu detesto servir de joguete nas mãos delas. Mesmo porque elas se dizem tão sensíveis, e quando encontram um homem tão quanto, desfazem-se dessa postura cândida para assumir uma outra, mais parecida com um carrasco inquisidor... Vejo que eu vou ter que mudar o meu jeito de ser, de novo. Mais alguns anos de trabalho duro, interiorizando algumas coisas com as quais eu não concordo... Passei longos 6 anos da minha vida tentando entender o comportamento dúbil das mulheres, fiz algumas conclusões a respeito do que a maioria delas fala, e até hoje não consigo colocá-las em prática. Começo a achar que toda aquela fala bonita é só propaganda política, a velha conversa pra boi dormir, apenas pra tentar débilmente justificar o terrível hábito de achar que todos nós somos iguais. Algo como aquele papo de solidariedade mascarada, com segundas intenções. Ou, na pior das hipóteses (espero estar mesmo errado), pura hipocrisia. Eu sou a prova viva de que isso é mentira! Nem todos os homens são iguais! Vocês não sabem mesmo o que querem...

26 julho 2006

Nostalgia...

Este domingo (30 de Julho de 2006) eu completo 21 anos de idade. Durante toda essa semana, eu estive pensando no que foram estes anos da minha vida. No que eu fiz de útil, as boas ações que pratiquei, as más que por ventura eu tenha deixado escapar... Será que eu vivi tudo o que eu tinha para viver enquanto adolescente? Será que eu aproveitei bem os melhores anos da minha vida? Eu diria que não. Não vivi nada do que gostaria de viver, mas ainda assim não deixaria de viver todas as coisas que vivi. Fiz poucos, na verdade raros amigos. Amigos que, acredito, durarão por toda a vida. A estes, eu tenho uma coisa a dizer: obrigado. Obrigado por aturarem as crises existenciais de um garoto amarelo, largado, cheio de manias. Obrigado por não se encherem com um garoto quase mudo ao lado, que raramente abria a boca pra falar alguma coisa que fizesse sentido. Obrigado por dividirem seus problemas comigo, por deixarem que eu dividisse os meus problemas com vocês, pela companhia agradável de muitas horas de silêncio, ou de fala eloquente, de teorias absurdas, ou, quem sabe, de coisa alguma... Digo que não vivi nada do que gostaria de viver porque tive pouquíssimas mulheres em minha vida. Quem me conhece a fundo sabe o quão sensível eu sou, a facilidade que tenho de me envolver. Gosto de proporcionar bem estar às pessoas, e muitas vezes abdico de mim mesmo para isso. A vocês, minhas ex-namoradas, ex-ficantes, paqueras, amigas "coloridas", musas inspiradoras e colegas de classe e trabalho, um muito obrigado. Vocês alimentaram as minhas fantasias, fizeram-me ter sonhos maravilhosos. Reforçarama minha crença de que devemos tratar as pessoas como gostaríamos de que fossemos tratados. Retribuíram todo o carinho que eu lhes dediquei, mesmo que eu não estivesse esperando por isso. Vocês encheram o meu coração de esperança... Aos meus pais, mais um muito obrigado. Por me colocarem neste mundo, mesmo que conturbado, mas ainda repleto de bons corações. Obrigado por me incentivarem na busca pelos meus objetivos, por me darem a educação que tenho, por fomentarem o meu caráter, e até mesmo pelos puxões de orelha... Obrigado, meu pai, pelo exemplo de homem que tomei para mim. Obrigado, minha mãe, pelas horas de encheção de saco, falando sobre as coisas erradas que eu aprontava... Obrigado, pirralho, pela encheção de saco de vez em quando, pelas horas de divertimento gratuito, pela descontração, bom humor... Família... Obrigado Deus, se é que o Senhor ainda me ouve. Obrigado por livrar-me de todos os males, por me ajudar no que sempre pedi. Desculpas pelos maus atos, inconscientes ou não. Obrigado pela família e pelos amigos que tenho. Obrigado pela pessoa que sou, por tudo o que tenho, pelo que não tenho, e pelo que ainda posso vir a ter. Desta vez, nada de pedidos. Deixá-los-ei para algum momento posterior... Feitos os agradecimentos de praxe, voltemos a falar do que me propus inicialmente. Não curti as baladas que todos curtem, apenas por falta de companhia, de dinheiro, ou por estar com a cara enfiada nos livros. Namorei muito pouco, afinal de contas, qual garota sairia com um nerd quase assumido? Aqueles óculos estranhos, o aparelho nos dentes, as calças rasgadas e a blusa do colégio semi-transparente de tanto serem lavadas, o sapato velho... Isso sem falar na magreza evidente até para um cego a uns 15 metros de distância... Tentei ser pagodeiro, e nada. Tentei ser roqueiro (ainda possuo resquícios dessa época), e nada. Tentei ser amante da MPB (e ainda sou), e nada. O que falta? Nem elas sabiam, ou quem sabe, não queriam dizer... Talvez alguns músculos, ou algum volume verde nos bolsos. Quiçá uma atitude um pouco mais agressiva, mas com aquela aparência, nem pensar... Durante três anos de CEFET-BA, apenas um beijo, num show de rock, na antiga Rádio Bazar, cidade baixa. Apenas eu e ela, no meio de uma multidão empolgada, eufórica. Daquele beijo eu nunca esqueceria... Costumava ser chato nas aulas, afinal de contas, só conseguia assimilar alguma coisa com silêncio quase absoluto, coisa rara de acontecer naqueles tempos. Sempre me sentei afastado dos grupinhos que se fizeram, apenas por acreditar que afinidades existem, mas que não eram motivos necessários e suficientes para a segregação social (lá vem eu misturando termos matemáticos e sociológicos...). Aos que me dirigiam a palavra, tive bons momentos de riso, descontração, alegria. Aos que não, apenas indiferença. Isso sem falar nos professores figurinhas que tive, como o Sebastião (grande Sebá), o rei do cafezinho... Professora Maria Helena, carinhosa de todo, amada por todos... A Profesora Cleide, que mulher... E se eu partir dos meus anos de CEFET-BA para voltar aos meus anos de Marissol, citaria a Professora Iara. Eita que ela pegava no meu pé, apenas por conhecer o meu tio... A Professora Ana, pegando no meu pé para melhorar na escrita... E se eu for ficar aqui lembrando de todos eu não termino nunca. Raramente eu saia de casa. De começo, saia sim, para brincar com os coleguinhas de colégio. Quase sempre voltava chorando para casa... Fui crescendo, mas ainda saia de casa, para conversar com os colegas da visinhança, por volta dos meus 12 a 13 anos de idade. As perspectivas de futuro foram se formando em minha cabeça, e com elas os papos de outrora foram perdendo o sentido, o interesse, o conteúdo. Acabou que eu não saía mais de casa para conversar, e raramente falava com algum dos colegas daquele tempo. Coisas aconteceram com eles, e eu só tenho a lamentar. Volta e meia eu percebo olhares dessas mesmas pessoas, quando eu passo por elas na rua. Imagino o porque deles... Se eu mudaria alguma coisa em meu passado? Não. Para quê? Estou feliz pela pessoa que sou hoje. Talvez se eu mudasse alguma coisa lá atrás, estragaria alguma coisa aqui, mais na frente. Não correria esse risco. Talvez eu mudasse algumas coisas hoje, enquanto é tempo, e ainda há oportunidade. Só preciso saber o que...

21 julho 2006

Passarinho verde é vermelho...

Saio do estágio, vou até um shopping center. Passeio pelas lojas, com olhar distante, apenas procurando algo interessante, matando o tempo. Entro numa loja de perfumes, e ali fico, experimentando uma dúzia deles, até achar aquele que eu havia encontrado uma semana atrás: apenas pelo cheiro, não pelo nome, ou cor da embalagem. Saio da loja com o perfume em mãos e trinta reais a menos no bolso. Paro em uma loja de vestuário, passeio pelas roupas em busca de blusas que me agradem. Seleciono três, vou ao provador, e de lá saio com duas. Saio do shopping, com mais cinqüenta reais a menos nos bolsos, e vou direto pra casa... No meio do caminho eu fico ali, de cabeça recostada no corrimão, pensando em como anda o meu coraçãozinho, por esses dias um pouco mais feliz, é verdade. Pensando em alguém que me corresponde, pensando adolescentemente naquela que pôs um sorriso em meu rosto... Chego em casa, dou feliz aniversário a minha mãe, e ainda de bom humor, lhe digo: "Nem olhe pra essas sacolas, que o presente é pra mim". E realmente era... Não havia encontrado nenhum perfume que a agradasse, ou aquele DVD que ela tanto queria... Checo o fogão, e ainda havia um pouco do almoço do qual eu não participei. Janto, troco de roupa e sento no sofá para assistir um pouco de TV. Minha mãe me chama, querendo ter uma conversa.... Isso me soou estranho, não me lembrava de ter feito algo errado. Respirei fundo, levantei-me e entrei no quarto dela. "Lá vem bomba", pensei. E estava certo. Os próximos cinqüenta minutos seriam quase eternos... Deitei-me na cama dos meus pais, onde ela também estava. Começou perguntando quem era aquela mulher com quem eu tanto saía (duas vezes, apenas). Não quis lhe dizer, ela havia me pedido segredo. Porém, minha mãe já sabia quem ela era, disse-me o seu nome, e eu apenas confirmei. "Eu não disse nada", pensei. Estava curioso pra saber quem havia lhe dito, mas ela não contaria, ao menos por agora. Iniciou dizendo que as pessoas do bairro onde eu moro estavam a cochichar ao meu, digo, ao nosso respeito (meu e daquela) pelas esquinas. "Nunca liguei para o que as pessoas falam sobre mim, sempre estive em paz com o que fiz e faço", disse pra mim mesmo. Perguntou-me porque eu não havia lhe dito nada, e eu apenas lhe disse que ela fala demais. E realmente fala... Depois de contar como ela havia confirmado as suas suspeitas (e não quem havia lhes confirmado), ela dedicou-se a descrever a situação da família daquela mulher. Eu, não ingênuo de todo, sabia de algumas coisas, não muito boas, é verdade, mas alheias aos meus interesses. Além do mais, como eu poderia saber daquilo, já que passo quase dezesseis horas fora de casa? Minha mãe discorreu vários minutos falando sobre o que as pessoas sabiam ou aumentavam a respeito de cada um dos membros daquela família. Escândalos, fofocas, fatos, suspeitas, e a cada uma delas meu bom humor era, pedaço a pedaço, trocado por um desânimo estarrecedor. "O povo aumenta, mas não inventa", dizia ela. E eu concordava com isso. Depois daquele discurso todo feito em baixo tom, dedicou-se mais um pouco a falar sobre a vida amorosa daquela mulher. Eu também sabia algumas coisas a esse respeito (tudo pela boca de terceiros), mas, novamente, alheias ao meu interesse. Por um momento, pensei que ela havia achado um modo de me fazer ficar longe daquela mulher, mas vi o contrário em seu tom de voz. Mudei o meu estado de descrença para um estado nulo, difícil de segurar, apenas para ter forças para ouvir mais um pouco semnada dizer. Depois de tudo dito, ela enfatizou a sua intenção em me chamar para aquela conversa. Nada de sermões, recriminações, puxões de orelha, nada. Apenas: cuidado. Minha mãe sempre viu em mim maturidade que a maioria das pessoas de mesma idade que eu não tinha, e isso desde pequeno. Sabia que eu pesava muito as minhas ações, para que não os desapontassem (meus pais). Ainda assim, cobrou-me cuidado. Perguntou-me "Você tem maturidade pra manter um relacionamento como esse?". Respondi-lhe "Tenho, minha mãe. E se não tenho, vou ter que arranjar." Ela sempre teve medo de que eu me apaixonasse por uma dessas mulheres ditas "destruidoras de lares". Daquelas que desestruturam uma familia inteira, em troca de alguns trocados. Aquela com quem eu saia não se enquadrava nessa categoria, até porque eu não tenho dinheiro algum. Eu também sabia que ela não a estava classificando dessa maneira. Apenas disse que ela era volúvel. Parei, e pensei um pouco nisso... Aquela mulher, linda, havia me dito, antes de tudo, que eu não me envolvesse, que tinha medo de me fazer sofrer... Eu pedi para que ela não se preocupasse com isso, pois se tudo que nós tínhamos para viver valesse a pena, eu não me importaria de sofrer o tanto que fosse (romântico, como sempre...). Voltei, então, para o mundo real, e entendi tudo o que havia ouvido nos cinqüenta minutos anteriores. Minha mãe me lembrou, mais uma vez, de todos os sonhos que eu tenho, do que eu havia feito até ali para ficar ainda mais próximo deles, e, pela quarta vez, pediu-me cuidado. "Você tem muito a perder com isso (...) Não vou impedir você de viver essa aventura". Encerrou a conversa, dando-me um abraço (o quarto deste ano), e abrindo a porta do quarto, que estava fechada. Saí, fui até o meu quarto, liguei o computador, identifiquei-me e fui ouvir aquelas músicas que me faziam pensar, divagar sobre minhas próprias questões. Fiquei mais um bom tempo sozinho. Meu corpo, ausente de reações, deitado sobre a cama de solteiro, olhava pro nada... Hoje de manhã, fiz tudo o que sempre faço, até fechar o cadeado do portão da frente de minha casa. Fui caminhando devagar, olhando para o chão, e ainda pensando no que a minha mãe havia me dito, até que a mesma mulher de quem falávamos apareceu, subindo o mesmo caminho para o ponto de ônibus. Ficamos ali, no ponto, ela naturalmente sorridente, e eu disfarçando um estado de apatia iminente, usando poucas palavras. Subimos no mesmo ônibus, sentamos lado a lado, e senti na pele o que a minha mãe havia me dito: as pessoas no ônibus nos olhavam com olhos meio estranhos. Não quis encará-las, e me sentei, como sempre, ao lado dela. Desta vez, nada de envolver seus ombros com meus braços, oferecer-lhe meu ombro como travesseiro. Apenas um olhar distante, pensamentos tão quanto, um rosto disfarçadamente triste, e o amanhecer na janela. Uma hora e meia depois, ela se dispede, dando-me um beijo no rosto, tomando o caminho do trabalho. Eu ali, isolado de mim mesmo, sentindo tudo o que havia me feito sorrir de novo esvair-se por entre as mãos. "Que seja eterno enquanto dure", pensei comigo mesmo. Não ficaria ali, pensando besteira. Desci do ônibus no meu ponto de parada, e fui caminhando devagar até onde estou agora, escrevendo. Ainda pensando besteira, não pude evitar. Só espero que eu realmente consiga fazer com que seja eterno enquanto dure o fio de deslumbramento que nos cerca...

19 julho 2006

Carinho do jeito errado faz mal...

Às vezes eu me pergunto porque eu sou tão carinhoso com as pessoas (mulheres) "da rua" e tão frio com os membros da minha própria família. Não sei desde quando eu me tornei assim, não me lembro direito do motivo, mas sei que isso já me trouxe problemas. Vez em quando sou mal interpretado, pessoas se aproveitam desse meu jeito de ser, ou falam mal pelas costas (por que motivo?), mas fazer o quê... Sou um cara sensível. Penso em coisas que a maioria das pessoas não pensa. Não tenho vergonha de sentir o que sinto. Por isso, tenho muito mais amigas que amigos. Isso acontece desde criança, desde os meus 12 anos de idade. E para os maldosos de plantão, eu sou heterossexual! Só não gosto de me sentir policiado pelas críticas machistas, pensamentos retrógrados e demais deficiências que reconheço em mim mesmo e em todos os homens com quem convivo. Mantenho uma amizade (de fato) com uma colega de faculdade há mais de 1 ano, e ficamos tão próximos a ponto de um adivinhar o que o outro pensa a respeito de determindadas coisas. Estudamos juntos algumas vezes, trocamos idéias sobre teorias pessoais formuladas com base nas mais variadas coisas. Tenho verdadeira afeição por ela, que tem namorado, e ciumento. O cara é uma figura mesmo, super gente fina... Começamos a passar muito tempo juntos, seja virtual ou pessoalmente. Eu, inconscientemente, acabei demonstrando minha afeição nas coisas mais sutis. Não achei que estava sendo inoportuno, indiscreto, ou algo do tipo. Algo como uma mão pela cintura, um toque no ombro de um jeito diferente, proximidade corporal, etc. Há algumas semanas atrás, ela quis conversar comigo. Disse que eu estava "tomando o seu espaço". Não entendia o significado disso, pois o tom da conversa estava sério demais. Parecia que eu era um namorado grudento, ciumento a ponto de privar-lhe a liberdade dos passos e pensamentos. Era como se eu estivesse abusando do grau de confiança adquirido, ou algo parecido. Fiquei nervoso, acuado, com medo de que eu tivesse dito ou feito algo errado, cometido alguma falta grave, afinal de contas, quando alguém lhe dá um puxão de orelha, algo está muito errado... Depois de muita conversa, cobrei-lhe franqueza absoluta. Quis saber, sem meias palavras, do que se tratava. Ela tentou me dizer sutilmente o que queria, nas entrelinhas, mas eu não o queria ver. Queria que tudo fosse o mais transparente possível. No final das contas, o resultado foi: as minhas demonstrações de carinho estavam realmente sendo inconvenientes, muito diferentes do que hoje se tem como padrão para uma amizade entre pessoas de sexos opostos. Diria ela: "Diferente não só numa amizade entre pessoas do sexo oposto, mas do mesmo sexo. Diferente até mesmo do seu padrão". Completaria: "Demonstrações de carinho têm hora e contexto certos para fluírem sem qualquer espécie de mal-entendido ou desconforto". Nunca fui de seguir padrões. Detesto ser classificado. Gosto de ser incomum, de seguir minhas próprias convicções, e não estar conscientemente atrelado a uma forma de pensamento. "É tão difícil ser eu"... Nunca gostei de esperar pra receber ou dar carinho, até porque eu esperei a minha vida toda, e tive poucas oportunidades para tal. Sinto-me estranho, preso, ao esperar por determinada deixa. Sempre achei que toda forma de carinho bem intensionada e moderada nas suas execuções cabem bem em qualquer contexto. Bem, disseram-me que eu estou errado. E talvez esteja memso... Senti o chão do meu quarto (conversávamos via internet) cair, as paredes se afastaram e ele ficou muito maior. Silêncio do lado de fora, e Home de Michael Bublé nos auto-falantes.
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Eu sempre tive poucos amigos. Sempre fui um "menino amarelo", com a cara enfiada nos livros. Sentia-me pressionado por mim mesmo a conseguir alcançar os meus próprios objetivos, estar mais próximo dos meus sonhos. Sempre me vi acuado pelas falsas amizades que sempre apareciam em época de prova na escola. Raros foram os abraços que dei, raros foram os sinceros que eu recebi. Como não tinha com quem desabafar as angústias que sentia, aliei a perseguição da diretora do colégio por melhoras na escrita (a obrigação) aos meus sentimenros (o lazer)... Nunca dividi muito os meus problemas, e nem a minha própria mãe sabe o que se passa na minha cabeça em alguns momentos. Gosto mais de escutar as pessoas falando sobre si mesmas do que abrir a boca para falar algo sobre mim. Tenho dificuldade em expressar as minhas emoções. Às vezes (raras) choro escondido no meu quarto... Namorei pouco, duas vezes, e nessas duas, nunca me senti completo. Da primeira vez, senti que a minha dedicação aos livros era um impecilho (ela tinha 20 anos, eu 16: estávamos ambos na segunda série do Ensino Médio). Da segunda vez, o problema foi o meu desejo de compromisso um pouco mais sério (eu tinha entre 19 e 20 anos, ela estava com 15). Sempre fui muito carinhoso com as duas, talvez até demais... Sou carente, não nego, e não acho que isso seja um defeito meu...
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Será que eu estou mesmo misturando as coisas? Talvez. A nossa amizade sempre foi meio "preto e branco". Quis ser menos frio, demonstrar afeto não só com palavras. Quis um pouco de carinho, algo mais que apenas um sorriso; não havia pensado em como isso seria estranho, ou no mínimo inusitado. Quis seguir o meu lema: "Dedicação é um presente que dou às pessoas de quem gosto de fato". Acabei concluindo que carinho do jeito errado faz mal... O fato é que as conversas esfriaram, os assuntos fugiram das nossas mentes por algum tempo. Tudo ficou mais frio, e ainda me sinto pisando em ovos... Tenho medo do que há por vir... "Acho que você acabou tentando mudar de uma hora para outra a sua forma de agir, e acabou tomando atitudes anti-naturais. (...) Não é se encaixar em algum padrão, é alguma característica, nova ou antiga, se encaixar em você". Vejo que pensar demais em quais atitudes tomar é, no mínimo, desperdício. Vejo que tentar agradar as pessoas que nos cercam também o é. Nunca consegui estabelecer os limiares entre os diversos níveis de afeição dentro do coração feminino. Mesmo depois de anos convivendo com seus desabafos e confidências. Tive as piores experiências ao tentar fazê-lo; traumatizado com elas, resolvi enfiar na cabeça que as mulheres pensam de um jeito, dizem de outro, sentem de um terceiro e agem de um quarto. E eu sei que estou errado. Só estou esperando que alguém me mostre a verdade...
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Não sou um cara ciumento. Ou, pelo menos, tento não ser. Acho que se alguém se predispõe a ficar comigo, é porque realmente quer. Não sou de ficar perguntando por onde e com quem anda, o que está fazendo, ligar a toda hora, bisbilhotar mensagens em celular, etc. Sempre me entrego de corpo e alma em todas as minhas relações, e muitas vezes eu acabo sofrendo muito por isso. Se elas têm "amigos coloridos", e vejo que eles são meio "saidinhos", fico na minha. Não comento nada com ninguém, nem mesmo com ela. Prefiro acreditar que é só amizade mesmo. Ela deve saber até onde eles podem avançar, e quando devem parar. Dizem que eu tenho o defeito de confiar demais em namorada... Tenho minhas teorias, e tento vivenciá-las na prática, uma validação empírica mesmo. Algumas dão certo, outras são reformuladas, adaptadas, ou até mesmo descartadas. Até agora, a minha teoria de que as pessoas são livres para estarem com quem quiserem não caiu por terra...
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Resolvi ser, de novo, o mais frio que conseguir. Quero começar do zero, de novo. Refazer todos os caminhos, desde o início, e ver o que houve de errado. Nada de expressões de alergia exacerbadas, nada de toques, de qualquer espécie. Nada de abraços ou beijos na face. Esfriar o teor das conversas, fixar o grau de intimidade em um nível seguro. Sentimentos sempre contidos. Sobriedade nas expressões faciais. Nada de expor sem censura o que se passa em minha cabeça: já me disseram que eu sou estranho, esquisito (whisky, o whiskysito - pra galera do CEFET-BA). Estou sendo radical? Com certeza... Tudo em que eu acredito a cerca disso está errado? Talvez... Eu queria, no fundo, ser apenas compreensível...

14 julho 2006

"Funciona sob pressão"...

Supervisores, professores, e todos os carrascos que nos atormentam todos os dias, possuem o mesmo pensamento ultrapassado de que todas as pessoas funcionam sob pressão. Eles acreditam que o melhor desempenho das atividades só é alcançado quando as pessoas sofrem qualquer tipo de persuasão, incentivando a autoflagelação, o sacrifício do seu tempo livre, do lazer, da saúde física e mental, do tempo com a família, da opção sexual, de partes do corpo, etc. Isso continua ocorrendo mesmo quando eles passam por situações parecidas... Existem pessoas e pessoas. Existem aquelas auto-suficientes, autodidatas, que conseguem aprender qualquer coisa sozinhas, sem a ajuda de ninguém. Essas pessoas normalmente tiram boas notas nas avaliações de que participam, são consideradas nerds, possuem um grande círculo de amizades (abstraia o conceito de amizade), são (de fato) admiradas por todos. São dotadas de raciocínio rápido e de grande capacidade de abstração, possuem alto controle emocional, e costumam ler bastante sobre as áreas de interesse e as de cunho "obrigatório", ou seja, aquelas necessárias ao bom desempenho nas suas atividades (provas, trabalhos, projetos, etc). Estas, creio eu, funcionam bem sob pressão, pois possuem todo o embasamento teórico de que precisam para sair de situações difíceis. Existem outras, porém, a quem classificarei como normais. Não conseguem ficar mais de 3 horas na frente de um livro (papel e tinta, e-book, video aula, etc), gostam de dormir mais de 8 horas diárias, comer além da conta, ficar de bobeira, namorar bastante, dedicar tempo a coisas como lazer, família, etc. Acredito eu, que estas pessoas se sentem acuadas quando sob pressão. Costumam ter reações diversas, que vão desde a agressões verbais e físicas ao opressor até crises de choro, depressão, desmaios, etc. Como saber com que tipo de pessoas estamos lhe dando antes de efetuar qualquer nível de pressão? Não há como. Existem situações as mais diversas possíveis, e reações diferentes na mesma pessoa para cada uma delas. Sendo assim, por que ainda manter esse pensamento retrógrado para extrair o sangue dos pobres funcionários e alunos? Por que não faze-los se dedicar por gosto, prazer ou amor, ao invés de por pressão? Já dizia aminha mãe que "coisas feitas de má vontade são coisas mal feitas". Sempre achei que fazer as pessoas gostarem do que fazem era a melhor maneira de se alegrar o ambiente, a relação entre as pessoas, e de melhorar o desempenho delas. E se a sabedoria popular está errada, toda a nossa educação também o está... Veja também: Aprenda a trabalhar sob pressão Bom clima organizacional

07 julho 2006

Lazer X Saúde

Estava eu, no ônibus, dormindo, e pensando em quanto tempo falta para acabar o semestre. Apaguei várias vezes durante a viagem de volta para casa (1 h e 30 min de Ondina até Nova Brasília, na mesma cidade: Salvador). Passei pela porta da academia onde malho (há duas semanas, apenas) duas vezes, e resolvi filar (cabular) naquele dia (ontem). Cheguei ao meu destino, desci do ônibus, e vim caminhando pra casa, até encontrar um vizinho, tão maluco quanto eu, com teorias parecidas sobre as mais diversas coisas... Paramos no meio da rua. Ele havia reclamado de nunca mais ter me visto (saio às 6 h e volto somente às 22 h), sentia falta das pirações a respeito da "mente humana", da sociedade capitalista, etc. Conversa vai, conversa vem, e ele diz que eu estava precisando me divertir um pouco, sair, beber, jogar conversa fora... E aí eu, na minha mania de tentar gerar risos nas situações mais controversas possíveis, solto um "eu tô mesmo precisando é de mulher!". Risos altos e descontrolados bem no meio da rua. Eu realmente não estava mentindo, nem ele... O lazer faz parte da saúde do corpo e da mente. Pessoas que vivem enfiadas em seus afazeres rotineiros perdem a noção de tempo, de espaço, se sentem desmotivadas, depressivas. Mais do que proporcionalmente, a sua atenção e desempenho nessas atividades cai, o relacionamento com os colegas de trabalho se deteriora, e um efeito dominó surge a partir daí. Seus chefes e supervisores notam a queda de produtividade, alertam a primeira, a segunda, e na terceira vez a demissão é anunciada. A desmotivação e baixa estima se agravam, devido ao desgaste físico e emocional de se galgar um novo emprego (trabalho, bico, ou qualquer outra coisa que gere dinheiro, cascalho, etc). Quando o fator família entra em cena, o fato de se morar numa casa com esposa e filhos causa um estresse ainda maior, por adicionar ao estado "rotino-depressivo" pesos de origem como "contas a pagar", "escola dos meninos", "comida", "roupas", "prazer do casal", etc. Mas de que tipo de lazer estamos falando? As pessoas de divertem com as mais variadas coisas, que vão desde a um aquário com peixinhos comendo ração, uma fazenda de formigas até altas casas de swing, uma foda bem dada dentro do ônibus, ou no quintal ao meio dia. E quanto mais as máscaras são deixadas de lado, mais as pessoas conseguem se libertar do estado de estresse inevitável e aliviar as suas tensões. É algo parecido com a punheta que um cara na seca (falta de namorada, motherfuck, primas gostosas ou fuckfriend) bate no banheiro. E não é preciso ser um psicólogo para entender que isso realmente é verdade. Seres humanos, apesar de serem apenas "macacos que deram certo" (Manson, tô pegando o seu termo emprestado, tá?), não somos máquinas sem cérebro, afinidades, sentimentos. Pessoas bem humoradas se divertem, de fato. Elas contagiam o ambiente de trabalho, tornando o dia menos torturante. Conviver com pessoas como estas também nos passa um pouco dessa energia. E outro efeito dominó surge daí. Com uma pessoa bem humorada em nosso convívio, todas assim se tornam, e o grupo só tem a ganhar com isso. O desempenho no trabalho aumenta, os supervisores notam, criam estima por aqueles que mais de destacam, e uma promoção pode estar em vista. Tornamo-nos pais melhores, filhos melhores, maridos e esposas mais carinhosos, amigos mais prestativos, pessoas mais auto-confiantes... Mais uma prova de que o lazer é, deveras, importante para a sanidade do homem. E com o que as pessoas bem humoradas se divertem? Uma boa foda, uma transa bem feita, um amorzinho gostoso, uma cerveja bem gelada, um baba (pelada, pros sulistas) no final de semana, um papo de barzinho, um filme pornô numa festa de pijama, enfim, quase qualquer coisa pode servir para distrair a mente de quem vive enfurnado na frente de um PC, ou numa cozinha de restaurante, numa loja atendendo a clientes chatos, num hospital em pleno carnaval, etc. O que vale é se livrar (de modo sensato) das tensões do dia a dia, para retomar o ânimo, a energia para aturar mais uma semana de estresse. E se isso não bstar, apenas levante a cabeça, olhando pro céu, e não esperando que alguém te ouça, diga: "Fudeu...". Veja também: E dê algumas risadas... Isso vai fazer bem, eu prometo. O axioma de Manson O discurso de formatura de Manson Procurando um emprego Procurando um cú A nova onda é putaria de bom senso

05 julho 2006

As teenagers e os "mais velhos"

Eu nunca havia entendido o porquê das adolescentes ficarem tão fascinadas com os garotões mais velhos que nós, da mesma idade que elas. Isso realmente me incomodava. Dava raiva ver minhas amigas chorando pelos cantos, a torto e a direito, até esgotarem os 70% da água contida em seus corpos. E ainda assim, não mudavam de idéia quanto a mim. Até que eu resolvi pensar mais sobre o assunto...

Conversando com uma delas, de forma bastante descontraída, fiz o que se chama de "plantar verde pra colher maduro". Era como se eu perguntasse respondendo, e ela apenas confirmasse as minhas suspeitas. Foram mais ou menos 50 minutos de conversa sobre o assunto, via mensageiro eletrônico, e ao final, a formulação de mais uma teoria minha: as adolescentes gostam de se envolver com rapazes mais velhos para se sentirem "protegidas". Segundo diversos psicólogos (tipo aqueles que aparecem no Faustão e no Gugu, de vez em quando), as mulhers moldam, ainda adolescentes, a sua visão de homem, baseando-se na figura paterna. Elas tomam para si que tudo o que se deve procurar (ou evitar) em um homem está presente naquela figura paterna, ali, dentro (ou não) de casa. Sendo assim, quando, ainda adolecentes, elas procuram um namorado sério, quase sempre não encontram tais referências entre os garotos de mesma idade, visto que a personalidade e o caráter dos mesmos ainda se encontram em formação. Daí, procuram em uma faixa etária um pouco mais elevada, algo em torno de 21 a 25 anos (quando elas ainda estão entre 15 e 20 anos).

Há ainda a vertente que defende a tese de que os garotos na faixa etária entre 14 e 20 anos não possuem maturidade suficiente para manter uma relação segundo as prioridades femininas: respeito mútuo, compreensão, cumplicidade, etc. Dizem elas que os seus colegas de classe, vizinhos e outros garotos da mesma idade só querem saber de sexo. E ainda por cima, se vangloriam, perante seu grupo, contando vantagem da sua performance, aumentando pontos aqui e ali, ou reinventando a história ao seu bel prazer... Digo-lhes, garotas: tais prioridades não são só femininas! Existem garotos que querem sim manter um relacionamento duradouro, não necessariamente envolvendo sexo, sem pressa, com compreensão, cumplicidade, entrega, etc. São raros, é verdade, mas eles ainda existem! Também existem exceções entre as meninas. Existem aquelas que são autosuficientes o bastante para tomar a iniciativa, flertar um rapaz que lhe agrade (e aqui eu me abstenho da questão da faixa etária por enquanto). Por outro lado, existem também aquelas que são tímidas (ou não correspondem ao padrão de beleza estabelecido pela sociedade) e esperam pela "boa vontade" dos garotos, da mesma idade ou não. Para as tímidas, a opção está (ao meu ver) apenas em aceitar ou amargar mais algum tempo sozinha. Em alguns casos, ficar sozinha é mais vantajoso, em virtude de questões como valorização própria. Para as atiradas, há a possibilidade de escolha, e na maioria das vezes se opta por rapazes mais velhos.

"Quanto mais jovens, menos os sexos se entendem", me disse uma outra amiga, enquanto escrevia este texto. Será mesmo? Eu sempre achava que o prazer da descoberta por pura inexperiência era o melhor deles. Sempre quis descobrir as coisas com garotas tão inexperientes quanto eu, sem medo de que alguma coisa desse errado (garotos sofrem muito com isso, acreditem). Até que tive algumas experiências interessantes a vida... Aos meus 16, relacionei-me com uma mulher de 20 anos: aprendi muito (que belo corpo, aquele...), mas com certeza ensinei muito mais. Aos meus 20, relacionei-me com uma garota de 15: ensinei muito, mas aprendi muito mais (como ela era carinhosa...)...

Após estas reflexões, pergunto: ainda é válido, garotas, manter esta "tradição" do interesse por homens mais velhos? Penso eu que não. Talvez por achar que faço parte do grupo dos "certinhos", mas tenho outras formas de justificar. Na minha opinião (e penso que ela é, no mínimo, coerente), o que vale é a personalidade, as coisas em que se pensa, os desejos, as esperanças, os sonhos, o sentimento mútuo, e a certeza de que alguém também vai aprender muito com isso. Não adianta se entregar ao primeiro "vintão" que aparecer, achando que "ele vai cuidar bem de mim". Não adianta deixar de falar o que se pensa, achando que "se ele diz, é porque ele tem mais experiência que eu". Meninas, meus anjos, a vida é bem mais dura que um cacete mais experiente... Cada coisa em seu tempo, sem pressa, e tudo se resolve...

Veja também: as mulheres gostam de homens mais novos ou mais velhos? As loucas baladas dos paulistas endinheirados Por quê namorar pais das(os) amigas(os)? Interesse dos "coroas" por mulheres mais novas (com Drauzio Varella) Garotos mais velhos são má influência...

01 julho 2006

O que há comigo?

Não são raras as vezes em que me sinto assim. Absolutamente, não sou masoquista a esse ponto. Andam acontecendo coisas comigo que eu normalmente não acharia tão importantes, mas estão me afetando direta e indiretamente, e isso anda influindo no meu desempenho na faculdade... Tenho que desabafar... A gente estuda há tanto tempo (18 anos, até agora...) que nem se dá conta. Vivi para os estudos, e acabei deixando o lado pessoal em segundo plano. Tenho poucos amigos (uso menos que os dez dedos das mãos para contá-los), tenho dificuldades de expressar os meus sentimentos. Sinto falta de sexo gostoso (viva a Cindy Campbell, de Todo Mundo Em Pânico 3!), de uma boa balada, de sentir cheiro de mar (moro em Salvador...). Sinto falta de conversar com alguém, de falar sobre coisas que vão desde como aquela menina deve fuder gostoso até como simular o movimento dos planetas com OpenGL (vide Celestia, procurem no google). Senti que as coisas não estavam indo tão bem assim quando começei a filar (cabular) aulas demais. Matava as aulas de Construção de Compiladores, as de Teleprocessamento, as de Análise de Projeto I, e quando fui ver, acabei tirando uma cacetada de notas ruins, quando o meu comum era alguma coisa acima de 7.00 (a média). Tenho uma promessa pra cumprir... Como se não bastasse, a velha crise de solidão resolveu bater de novo... Fico ouvindo as músicas de que gosto, e elas a cada vez parecem ainda mais encravadas no peito, dissolvidas no sangue, penduradas nas cordas vocais. FAzem-me pensar no tempo que perdi preocupado com coisas alheias ao coração, que ele agora resolveu reclamar, fazer greve, berrar por atenção... Olho para os casais se beijando no Cristo, ao lado do Barravento, e fico assim, meio carente. Olho para os mesmos casais no ônibus (e que venha o Renato Sodré), na faculdade, e fico quase deprê. Sinto falta de emoção na minha vida. Sei que alguma coisa me espera mais a frente, mas o que eu quero mesmo é furar a fila do tempo e ir lá buscar... Ando sentindo um misto de mim mesmo que nem mesmo eu consigo compreender... Os olhos se fecham, as vozes de calam, apenas frio, silêncio, e só. E como se não bastasse, os velhos traumas voltaram do nada... Medo de ficar sozinho pra sempre, de não ter com quem conversar, dormir, acordar, ouvir música, ver filme... Medo de ser "meloso" demais, de ser rude demais, de descarregar meus problemas nas pessoas (erradas ou não), de ser inconveniente, de falar besteira, de não conseguir ser um bom profissional, de esquecer tudo o que eu aprendi sobre música e violão, de não saber o que fazer na hora H, de ficar sem graça ao ouvir um "gatinho" de uma bela mulher, de estar errado por não seguir religião alguma, de ter crenças equivocadas a respeito de tudo e de todos, de ser quem eu sou, de estar como eu estou... Carrego o fardo enorme de não dividir meus problemas com ninguém há tempo demais, e por mais que isso me incomode, não aprendi como resolver isso, apenas abrindo a boca e dizendo "preciso de ajuda!". Minha própria mãe não sabe da maioria das coisas que acontecem comigo, pessoal, profissional e emocionalmente falando. Afastei-me das pessoas por quem sinto amor, paixão, desejo, tesão, apenas pela comodidade de não levar um "fora", pela impaciência de esperar o momento certo, de ter que "desencanar" ao ser dispensado. Sinto preguiça de estudar, os livros e xérox andam cada vez mais chatos, e o que me dá mais vontade é de dormir, ou sumir por 2 ou 3 horas, apenas pra ficar sem ter o que fazer ou pensar. Eu quero conversar com o mar, brincar de esconde-esconde com o sol, ver o céu mudar de cor, sentir a brisa bater no rosto, ser quem eu era, estar como antes, de bem com a vida, acontecesse o que acontecesse. Perdi o encanto pelas coisas, pelas pessoas... Paranóia a minha? Com certeza. E qual é o maluco que se diz maluco? Alguém é normal? Como disse Jussílvio, do Opção, quando eu ainda usava aparelho, calças rasgadas e blusa quase transparente de tão surrada: Whisky, o whiskysito. Sim, e por que não? Só não tanto quanto agora... Ser estranho é normal. Sinto sono, e vontade de não acordar, pelo menos até isso tudo passar... E tomara que seja logo...