03 março 2008

Enfim, Bacharel.

Eu, de pé, ali, pertinho da mesa. E Helder, me convocando da maneira mais pura possível. E naqueles 10 ou 11 segundos eu lembrei de quatro anos e meio de luta. Das várias marmitas reviradas que eu comi, esquentadas num marmitex elétrico num fundo qualquer de sala, das 3 ou 4 calças usadas nesse tempo todo, dos 3 ou 4 sapatos, das blusas finas de tão usadas... Do incentivo dos meus pais, dos meus tios, dos meus amigos... De algumas brigas ferrenhas com professores, e de cada pequena vitória... E foi assim que, tremendo, eu caminhei até a mesa. Foi tremendo que eu enfiei o dedo no anel, e recebi o título de Bacharel em Ciência da Computação da nossa querida Frieda. Foi tremendo que eu vi meus pais, orgulhosos, felizes, num grito de alforria, vibrando tudo o que podiam. Foi tremendo que eu recebi o canudo das mãos da minha mãe, e foi ali que ambos desabaram. Eu, ali, diante de professores que eu tanto admiro, de amigos que venceram junto comigo essa jornada, eu desabei. Desabamos ambos, eu e minha mãe, num choro copioso, contido por anos. Choramos de raiva por aqueles que duvidaram, choramos em agradecimento por aqueles que acreditaram, choramos como num grito de alforria... Foi chorando que eu abracei à aquela a quem eu tenho como exemplo de ideais, como fonte de força... Foi chorando que eu entreguei o capelo ao meu pai, e foi chorando que ele me foi colocado à cabeça. Foi chorando mais ainda que eu o abracei, esse a quem eu tenho como espelho de conduta... Foi chorando, assim como nós, que amigos próximos, ali embaixo, choraram junto com a gente. Alguns que me viram crescer, alguns que cresceram junto comigo, alguns professores de ensino fundamental, pessoas a quem eu trago junto do meu coração. Choramos todos juntos, numa comunhão vitoriosa... E como se não bastasse, foi essa música que embalou todo esse choro copioso. Talvez, naquela hora, muitos não soubessem o porquê de eu tê-la escolhido. Assim que eu a ouvi, eu senti que ela mexeria comigo, traria à tona toda a emoção que o meu jeito de ser insiste em conter. Obrigado, meu Deus... Eu consegui!