
Sentado no banco do ônibus, vendo as luzes boêmias passarem depressa pela janela, penso eu no quão difícil é ser feliz. Tem gente que é feliz e não sabe, tem gente que passa toda a vida em busca da felicidade que até esquece que rosto ela tem... Ah felicidade... Criança levada que volta e meia apronta das suas, que traz riso ao rosto dos mais velhos e inveja a muitos dos coleguinhas de escola. Criança como qualquer outra, que ri, que vrinca, que chora... Criança inocente, sem malícia, criança humilde essa felicidade, que mesmo tendo tudo à sua volta se faz descontente, sem ter com quem compartilhar...
Mas como todas as outras crianças, a felicidade cresce, se torna mulher, e que mulher... Ciente de si, de personalidade forte, madura, inteligente... E ainda coma mesma humildade de quando criança. A felicidade sabe que mesmo sendo extrovertida e descontraída, mesmo sendo bem humorada como ela só, não pode contentar à inveja, à soberba, à ganância... E a estas, sempre cumprimenta com um sorriso longo, verdadeiro, sem segundas intenções. Todas a desejam, poucas a tiveram... E enquanto cresce, a felicidade aprende, ganha experiências, histórias pra contar... Ensina, se diverte...
À meia idade arranca ohares de garotões em pleno calçadão. Ainda tem energia pra sair e dançar, rir, fazer planos... Ainda tem saúde pra amar, tão intensamente quanto nos tempos de juventude, tão experiente quanto seus pais o foram quando tinham o dobro da sua idade. Às vezes eu penso se felicidade morre, de tão vivaz que ela é. Impressiona a mim, e aos filhos, e aos netos... E em todos os seus anos de vida, uma coisa na felicidade nunca mudou: humildade. O corpo de uma senhora alegre, seus cabelos brancos, mas o coração e a mente que tinha quando criança...