25 junho 2007

Déjà vú?

Sábado... Família reunida, noite de São João. Talvez apenas mais uma noite em família, talvez mais uma noite onde a minha "ingenuidade", o meu descuido, tenham-se aflorado novamente. Uma noite, e uma mulher. Ela era de todo riso e descontração, cujos olhos traziam paz e aconchego. Tinha quase a mesma idade que a minha mãe, frase que eu voltaria a ouvir dali a pouco... Engraçado como meus olhos não conseguem enganar nem a mim mesmo... Onde eu via discrição, lia-se exagero... E ali todos o liam, exceto eu. Talvez uma fraqueza, pela pouca idade que tenho, mas isso não é algo de que, hoje, eu venha a me arrepender. Olhares ao longe, mais risos, mais dúvidas. Duas cadeiras, antes separadas pelo infinito de 3 metros, agora unidas por um papo desinteressado, sem aparentes segundas intenções. Acho eu que a minha discrição tinha ido embora há 2 horas atrás... Gostos parecidos, idéias tão quanto. Como sempre, meus ouvidos tomaram o lugar da minha boca. Ainda não tinha perdido a capacidade de reconhecer alguém parecido comigo... Dois gestos, e dali a pouco um papel, com um numero de telefone estava no bolso da minha calça. Veio com o mesmo olhar risonho de antes... Uma despedida realmente discreta, mas com um quê de confirmação, de que eu não havia pensado nada errado. Com aquela conversa na cabeça, ainda naquela mesma noite, uma seleção de músicas estava pronta, guardada em algum lugar no meu computador. Seleção esta que foi gravada num CD, e dada àquela mulher três dias depois, num fim de noite, na sua casa. Havia acabado de chegar... Um lugar aconchegante, tanto quanto aqueles olhos. A sua surpresa diante de cada música foi agradável. Serviu-me bebida, uns petiscos, e postou-se a conversar, indagar... Como se quisesse confirmar verbalmente o que lia-se em meus olhos. Meus ouvidos inebriados com o som das músicas, meus olhos perdidos vislumbrando alguma cena em particular, e de repente um beijo furtivo, seguido da frase "Não fala nada, deixe acontecer". Não eram só os olhos, mas os braços e a boca, deveras acolhedores... Pareciam me conduzir ao seu bel prazer, e eu, lembrando do velho ditado, deixei que o fizessem.
...
Voltei pra casa andando pelas ruas escuras, tomando chuva e vento frio. Entrei no ônibus quase pêgo às cegas, já que meus óculos estavam completamente embaçados. Cheguei em casa morrendo de frio, e ansioso pelo que minha mente faria, em sonho, com as 4 horas anteriores...