27 janeiro 2008

Diário de Bordo - 5ª Semana - Catarse

Catarse. Purificação da alma baseada no sofrimento involuntário. Dor que excecra pecados, ilusões, frustrações... Há quem diga que disso tudo surge um novo ser, renovado, mais forte, ciente do seu papel no mundo. Não que sofrimento seja algo bom, mas, talvez, seja algo necessário... E se assim o for, que se sofra então, pelo tempo que for preciso, até que as feridas cicatrizem (bem ou mal), o sangue estanque, e a tontura passe...


Talvez não seja necessário explodir em choro, em dor, ou em desespero, para tornar esse sofrimento suportável. Talvez, como antes, chorar com os pés seja algo reconfortante, andar sem destino, contemplar o que há de belo à sua volta... Talvez, ainda que isso seja um clichê dito pelas boas e más línguas apenas para atenuar essa dor, a vida realmente continua.

E mesmo contra a sua vontade, ela lhe empurra... E se chorar com os pés for mesmo a solução, que seja pé ante pé, um de cada vez, como quem reaprende a andar com as próprias pernas. E que nesse choro recluso, ainda haja tempo pra resgatar as boas memórias de uma felicidade in vitro, conservá-las como ensinamentos, como um sonho bom...

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Catarse - Texto Explicativo

24 janeiro 2008

Diário de Bordo - 4° Semana - Nemesis

É nessas horas que nós tentamos, de toda forma, explodir em dor, em choro, em desespero. E por mais que seja essa a minha vontade, hoje, e agora, eu simplesmente não consigo. Perdi a mulher mais incrível que eu conheci em 23 anos de existência pura, nua e crua, ora pelo excesso de zelo, ora pelo excesso de omissão. Sim, omissão... Queria ela que eu fosse mais impulsivo, que eu cobrasse dela algo que, a princípio, deveria ser dado de pura e livre vontade, de modo espontâneo: atenção, empenho, paixão. Acredito eu, embora possivelmente esteja enganado, que nada obtido como fruto da cobrança é natural, desde um simples sorriso até a mais incrível das demonstrações de afeto. E ainda que isso seja mentira, a dor de quem já foi cobrado (e assim tem sido a minha vida) é ter que cobrar: esssa dor, hoje, é insuportável. Essas últimas 4 semanas soaram pra mim como um ciclo menstrual. Da primeira, o alívio de não ter mais a angústia de não tê-la por perto. Da segunda, a alegria de tê-la como ela é, vivaz, e de me sentir o mais afortunado dos homens, por assim dizer. Da terceira, a TPM, a tensão que previa a morte de todos os sonhos bons que eu havia cultivado. E ontem, a morte em si, e com ela o sangue. Esse, com exceção de todos os outros ciclos, não há de se renovar. Acredito que eu tenha plantado a semente, e a regado da melhor maneira possível. Que tenha valido de algo tudo que me propus a sentir, que a doação não tenha sido em vão... Pois se assim o for, eu haverei de me culpar por um bom tempo...

15 janeiro 2008

Diário de Bordo - 3ª Semana

Excesso de zelo pode ser algo prejudicial. Sim, isso até parece óbvio, mas nem tanto para os perfeccionistas, e para aqueles que se dizem fechados, seja por natureza, seja por opção. Para os primeiros, a sensação de perfeição funciona como uma espécie de premiação, dada a motivação e o empenho em fazer com que tudo corra bem. E aí, como nada que é subjetivo pode ser perfeito, estão fadados ou a frustrarem-se, ou ao objeto de desejo, ou a ambos. Para os últimos, um medo inconsciente, de que tal objeto de desejo se afaste, faz com que se esmeirem em cuidados, em demonstrações de carinho e afeto. E com o medo, vem o exagero. Com o excesso de zelo, vem a omissão. Sim, pois na ânsia em tornar tudo perfeito, ou no empenho em isolar o isolamento, perfeccionistas e fechados em si mesmos vêem na felicidade alheia a sua própria. Tendem a ser compreensivos em excesso. Omitem pequenos incômodos até que não sejam mais suportáveis, e assim deveria ser, salvo o fato de que com a compreensão vem a cumplicidade, e com a cumplicidade, a sinceridade. Falar do que lhes incomodam não significa, necessariamente, uma cobrança em demasia, o medo de ambos. Nos perfeccionisas, tal cobrança é feita mais sobre si próprios. Nos fechados em si mesmos, a cobrança é explicada pelo medo contínuo da ausência daquilo que tende a ser o seu ponto de apoio... Empenho em fazer real um conto de fadas não é errado, mas também certo não é fazê-lo ao custo do próprio bem estar. Como dizem os bons e velhos ditados, bases da reconhecida e valorizada sabedoria popular, "dois pesos, duas medidas". Felicidade, aquela criança levada de outrora, é filha de pai e de mãe, e isso é uma coisa a se pensar...

10 janeiro 2008

Diário de Bordo - 2ª Semana

Não, isso não é mais um episódio de Star Wars. Muita coisa se passou desde o dia do UNIFEST até agora, entre elas, o fato de eu estar namorando... Nesse meio tempo eu andei pensando em muita coisa: em como eu deixei a ansiedade tomar conta, em como isso quase me custou caro, em como doeu ficar na minha por um bom tempo, até as coisas esfriarem, e esquentarem de novo... E agora, é como se eu estivesse parado na frente do espelho, e o meu reflexo me dissesse "quem é você?" Obviamente, eu ainda sou o Leandro Soriano que eu conheço. Mas muita coisa mudou em mim de um ano pra trás, especialmente nos últimos seis meses. Criei algumas coragens, mas também alguns medos. Experimentei coisas que não são da minha personalidade, e outras que eu realmente tinha vontade de fazer, pra entender o porque de serem como são. Isso me fez acrescer mais algumas páginas à minha visão de mundo, e eu espero que ela esteja madura o bastante pra enfrentar o que vem pela frente... Hoje, eu tenho em minha vida uma pessoa com um sorriso de diamante. Uma negra linda, espontânea, com uma energia contagiante, que consegue alegrar a todos ao seu redor quase que num passe de mágica. Não é tanto por mim que eu tento agir do modo mais correto possível, é mais pelo voto de confiança que me foi dado, pela oportunidade, pela tentativa... Ainda é cedo pra lê-la em seus olhos e medir o quanto de envolvimento nós temos um com o outro, e talvez seja isso que me faça pisar em ovos todos os dias. Mas, no que depender de mim, tudo dará certo, e será tão intenso quanto eu puder...