24 janeiro 2008

Diário de Bordo - 4° Semana - Nemesis

É nessas horas que nós tentamos, de toda forma, explodir em dor, em choro, em desespero. E por mais que seja essa a minha vontade, hoje, e agora, eu simplesmente não consigo. Perdi a mulher mais incrível que eu conheci em 23 anos de existência pura, nua e crua, ora pelo excesso de zelo, ora pelo excesso de omissão. Sim, omissão... Queria ela que eu fosse mais impulsivo, que eu cobrasse dela algo que, a princípio, deveria ser dado de pura e livre vontade, de modo espontâneo: atenção, empenho, paixão. Acredito eu, embora possivelmente esteja enganado, que nada obtido como fruto da cobrança é natural, desde um simples sorriso até a mais incrível das demonstrações de afeto. E ainda que isso seja mentira, a dor de quem já foi cobrado (e assim tem sido a minha vida) é ter que cobrar: esssa dor, hoje, é insuportável. Essas últimas 4 semanas soaram pra mim como um ciclo menstrual. Da primeira, o alívio de não ter mais a angústia de não tê-la por perto. Da segunda, a alegria de tê-la como ela é, vivaz, e de me sentir o mais afortunado dos homens, por assim dizer. Da terceira, a TPM, a tensão que previa a morte de todos os sonhos bons que eu havia cultivado. E ontem, a morte em si, e com ela o sangue. Esse, com exceção de todos os outros ciclos, não há de se renovar. Acredito que eu tenha plantado a semente, e a regado da melhor maneira possível. Que tenha valido de algo tudo que me propus a sentir, que a doação não tenha sido em vão... Pois se assim o for, eu haverei de me culpar por um bom tempo...
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