26 novembro 2006

"Musicoterapia"

Dormindo tarde, acordando cedo, mal vivendo a minha vida, até que uma oportunidade de distração aparece. Conversando com uma colega do antigo estágio, soube de um show de um dos ícones da MPB: Flávio Venturini. Amante da boa música popular brasileira, romântico de carterinha e músico amador que sou, eu teria que ir a qualquer custo. Faltaria uma companhia romântica, mas não ir a um show desse calibre seria mais que burrice. Saio de casa cerca de duas horas antes do combinado. A colega do antigo estágio levaria uma amiga, e pontual como sou, não gostaria de deixar as duas me esperando. Chego trinta minutos antes do combinado, e a colega, uns quinze minutos depois de mim. Esperando a amiga chegar, conversamos coisas diversas, ou coisa alguma, pra passar o tempo. Mas numa dessas meias conversas, uma me fez pensar... Pediu-me pra que eu falasse alguma coisa, a fim de quebrar o meio silêncio, e falei de mim. Com a certeza convicta de que deveria ficar calado. "Você chora demais", ela disse, e eu, ainda que inconsciente, concordava com aquilo. Senti vontade de me calar, como que a evitar desastres catastróficos (hipérboles, hipérboles). Mais alguns minutos, e cometo, inconscientemente, o mesmo erro. Daí que ela pára, sentada num assento improvisado embaixo do abrigo de ônibus e me diz: - Você acredita em mundo espiritual? Minha mente voou até Andrômeda, contornou o buraco negro no centro da galáxia e voltou, tudo em menos de dois segundos. Respondi um "acredito" meio sem graça, pois havia acabado de me lembrar de discussões severas sobre o assunto, via mensageiro instantâneo, via dois tópicos do Orkut, e comigo mesmo. Falou-me que eu precisava parar de falar mal de mim mesmo, de me expressar melhor, mostrar tudo o que eu escrevo através de palavras oralizadas, ao invés de escrevê-las aqui, e agora. Falou-me que assim eu espantava as pessoas, que "sugava" parte da energia delas. Déjà vu... No fundo eu sabia que ela estava certa. Ela não falaria aquilo tudo, daquele jeito paciente, se não estivesse certa do que dizia. Não é a toa que eu normalmente fico em silêncio quando não tenho assuntos em comum pra discutir... A estratégia do "começa você um assunto" entre duas pessoas tímidas é causa certa de um impasse. Isso quando não desatam a falar besteira, e um assunto desagradável não advém das profundezas... Ouvindo aquilo, eu a olhava nos olhos, o mais profundo que eu conseguia. Olhos castanhos, límpidos, radiantes. E ainda continuava sem graça. Dalí a dois minutos, a amiga chegaria. Desconversamos, falamos de coisas amenas, e então, descemos os três para a Concha Acústica. Flávio Venturini começaria o show em alguns minutos, e enquanto isso, uma banda, que ali estava já a algum tempo, fazia um som mais que interessante. Som esse que agradava, e muito. Passados mais trinta minutos e o tão esperado show começara. Ao meu lado esquerdo, a amiga, e depois a colega. A cada música que passava, senti-me ainda melhor que no melhor dos meus dias... E ao meu lado, olhos verdes cheios de lágrimas, a lembrar de bons e maus momentos do passado... Arranjos de violão, saxofone, baixo e guitarra mais do que primorosos, harmonia perfeita, e os lindos falsetes do nosso intérprete só embalavam os meus ouvidos mais e mais. Saí do show com a impressão de que a música é o meu combustível, e que se não fossem as minhas roupas e os meus sapatos, eu já estaria voando...

21 novembro 2006

20 novembro 2006

Dá um abraço? - A idéia original

Como prometido, aqui está. O vídeo original, com o autor (por assim dizer) da idéia. Ganhei o dia vendo dos dois vídeos, meus olhos estão quase cheios de lágrimas (tá, não é pra tanto)... Engraçado, mas é realmente difícil falar alguma coisa, interpretando a obra pura, sem desvios, sem modificações... "Você quer um abraço?", ele diz. E na maioria das vezes as pessoas passam por ele, como se nada ele fosse. Policiais o param, como se ele estivesse "perturbando a ordem"... Alguém notou o abaixo assinado no final do vídeo? E quantas assinaturas ele conseguiu só naquela praça? Ou a entrevista pra TV? Alguém notou que essa é, realmente, uma idéia diferente dos vídeos similares feitos aqui no Brasil? Ou que os americanos são um tanto mais frios nos seus abraços? Alguém, em alguma comunidade do orkut, disse: "E mesmo entre nossos colegas e mesmo amigos, há auqeles que se sentem meio constragidos com essa demonstração de afeto... Parecem não muito habituados... Há aqueles que abraçam dizendo 'opa, sai pra lá!'... que são os abraços de lado, ou os duros, ... Tem gente que abraça com o corpo todo, dizendo 'aaaaaaaaai como é bom abraçar você!'" E eu ainda encucado com aquela história das energias pesadas, intensificando meu estado contínuo decarência afetiva... Desculpa, ms ainda tenho coisas a pensar sobre isso, cara amiga... Veja também: Falta de um abraço - Refugiados EPER (ELAS) - Orkut

"A vida moderna afasta as pessoas"

Novamente, sem nada interessante pra fazer. Uma amiga minha (a mesma de sempre, pra variar) havia sido um tanto áspera comigo no dia anterior, sem motivo. Chego no estágio, ela havia me pedido desculpas, desde o exato momento em que eu desliguei o computador, com uma enxurrada de torpedos SMS. Leio-os todos, e ela aparece on-line na minha lista de contatos. Pede-me novamente desculpas, e diz ainda ter problemas com o trabalho que seria (mas não foi) apresentado naquele mesmo dia, a apenas algumas horas... Ainda pensando na noite anterior, e mais precisamente na sua última frase, chego à faculdade, e percebo que ela ainda estava agitada. Ainda preocupada com o trabalho. Eu a ajudo, como sempre, e a todos que me pedem. Às 16h e alguma coisa, o trabalho parecia estar começando a querer funcionar mais ou menos do jeito que deveria. Despeço-me dela, dizendo que iria comer alguma coisa. Nos veríamos às 19h. Volto eu, e a primeira comunidade do Orkut que eu vejo (sim, vadiando de novo na internet) me chama muito a atenção. O primeiro tópico recém visitado dizia "Falta de um abraço". Seu primeiro post, uma referência ao vídeo acima. Parei para assistí-lo, e lembrei do topico que eu havia criado, pelo mesmo motivo: "jeitos E jeitos de se tocar". Lembrei-me da letra da música que eu tentava e nunca conseguia terminar, dos diversos posts que aqui escrevi, e principalmente dela. Tá, eu sei, li os comentários abaixo do vídeo, no youtube. Fui atrás do vídeo original, pra entender melhor a idéia. E percebi o porque diziam que a idéia original foi corrompida por uma empresa que diziam vender "soluções corporativistas". Mas ainda assim, senti algo especial ao ver esse vídeo... Era exatamente isso (pedir, e receber abraços) que eu queria poder fazer, mas seria ainda mais puro se eu os recebesse sem os pedir... Alguém me entende agora? P.S.: Posto algo sobre o vídeo original assim que puder (breve mesmo) Veja também: Dá um Abraço? - link direto do youtube Free Hugs - Juan Mann Falta de um Abraço - REPER (ELAS) - Orkut Abraço de Corpo ou de Alma? - por Soriano Reflexões - Parte 1 - Equívocos, por Soriano Carinho do jeito errado faz mal - por Soriano

18 novembro 2006

Homem, mulher e gay...

Mais uma das pérolas do Jô... Não seria a mesma coisa ler isso no Orkut, por isso puz o video no lugar do texto, hehe Fonte: Comunidade do Okut REPER (ELAS) Video no Youtube: aqui

Encanador? Eu?

Pontual como eu sempre sou, eu não gosto de ficar esperando. Assíduo como sou, detesto levar canos. E nesses últimos dias, isso até que tem acontecido com frequência... Costumo cumprir os meus compromissos, e avisar quando não vou conseguir. Mas eu devo estar mesmo com sorte... Há duas semanas atrás eu marquei com uma menina, a fim de assistirmos à semifinal de um festival de música. UNIFEST, um festival de música universitária, no qual alunos da minha universudade (UFBA) e de tantas outras da capital e do interior participaram. Músicas divinas, ideais pra dançar, rir, e beijar muito... E igualmente ideal, o meu primeiro cano. Sem avisos, sem confirmações. Passei o show todo sozinho, sentado na Concha Acústica do TCA. No dia seguinte, via mensageiro instantâneo, ela me pede desculpas, dizendo que teve problemas familiares. Tudo bem, sem ressentimentos. Todo mundo tem problemas (inclusive os sexuais). Dali a duas semanas eu marcaria de novo com ela, só que dessa vez, para as finais do mesmo festival. Um dia antes, eu a encontro, e ela confirma que iria. Lá vou eu, com dois quilos de alimentos (preço do ingresso) para a Concha Acústica do TCA. Cheguei às 18h, e ela ainda não havia aparecido. Espero mais 30 minutos e nada. Quando eu desisto de esperar e compro o ingresso, uma mensagem no celular. Era ela, pedindo desculpas por não poder ir de novo (desta vez, explicando o motivo, constrangedor demais para ser citado). Sorte a minha ter marcado com mais pessoas, que compareceram. Um show maravilhoso... Dali a mais uma semana, mais um cano. Sexta feira eu a chamo pra sair. Disse que já tinha compromisso marcado, iria ao cinema. Eu lhe digo "comigo, certo?", e ela diz que iria com a irmã mais nova. Sem problemas, iríamos nós três, combinamos. Acordo eu, hoje, às 11:30. Uma dor de cabeça irritante, daquelas que sempre temos depois de tempo demais na frente do PC. Ligo pro celular dela, e nada. Uma hora depois eu ligo de novo pro celular dela e nada. Tomo um banho, e pronto para sair, ligo novamente. Nada. Duas horas e dois ônibus depois, chego ao shopping. Ligo pra ela e nada. Resolvo comprar o ingresso de Jogos Mortais III, e fazer hora até a sessão começar. Mais algumas ligações e nada. Mato o resto do tempo numa LAN House, na tentativa de encontrá-la on-line. Nada. Assisto ao filme... Saí de lá ainda com manchas vermelhas nos olhos... Ligo de novo e nada. Três canos em três semanas. Se fossem de três mulheres diferentes, eu diria que estava bem na foto... Mas da mesma menina é de deprimir... Chego eu em casa, meio cabisbaixo, e trato de escrever, pra passar o tempo. Fico imaginando qual seria a desculpa de segunda feira...

17 novembro 2006

Enter into Matrix - Odiando o EFS

Desde o maldito dia em que eu criptografei meus arquivos importantes usando as configurações habituais do windows, eu tenho me arrependido. Arquivos pessoais e secretos importantes, a maioria de conteúdo adulto, completamente inacessíveis. Até que eu resolvi dar uma de Neo. Entering into Matrix... Pesquisando na internet, achei alguns fóruns onde usuários tinham o mesmo problema que eu. Como descriptografar um arquivo criptografado através dos recursos padrão do Rwindows, após formatação e reisntalação do mesmo. Entre esses usuários, um infeliz casado, com 5 anos de fotos (4.200 arquivos). Para desespero meu, sempre que eu via frases como "impossível de descriptografar", ou "esqueça, amigo", e mais sarcasticamente, "ihhhh, se fudeu", um frio na barriga me acometia... Felismente, encontrei algo que poderia ser a minha solução (não a testei ainda). Estou falando de um programa, shareware pra variar, chamado Advanced EFS Data Recover, já na versão 3.0. Pensei que o Rwindows usasse apenas a informação de usuário e senha para descriptografar um arquivo, mas acho que é um pouco mais do que isso. Ainda não tive tempo para ler um pouco mais sobre EFS (Encrypted Fle System), mas se essa alternativa funcionar, nunca vou poder agradecer aos odiados de tio Bill... Veja Também: Advanced EFS Data Recover crackeado Baboo - Fórum sobre o assunto Guia do Hardware - Fórum sobre o assunto Backup de chave particular em um EFS Encrypted File System overview (in english) - Microsoft

15 novembro 2006

Um e apenas um beijo...

Ontem, eu tive uma bela surpresa. Chego eu do estágio, e passo meio que apressado na direção de um caixa eletrônico. Passo pela barraca de salgados, e no banco de praça ao lado eu a vejo. Com aquele mesmo jeitinho tímido, quietinho, doce... Comia um salgado qualquer, entretida com coisa alguma, e quase não me veria. Sorri, surpreso, e contente... Ela havia me visto... Com aquele mesmo sorriso estampado, com aquele mesmo rostinho corado, olhos semicerrados, pele alva e macia... Tenho boas lembranças dela... Ensino médio. Um menino "amarelo", meio CDF, que sentava sozinho num cantinho qualquer da sala. Uma menina, não popular (ainda bem...), meio tímida, uma timidez mais que doce... Alguns a achavam estranha, outros, quieta demais. Eu a achava simplesmente facinante... Principalmente aqueles olhos semicerrados, vivos, expressivos... Perdia-me todo ao olhar aqueles lábios rosados... Aqueles lábios... Aproximando-me aos poucos, faço-me amigo dela. Descubro que ela é bastante meiga... E isso, ao meu ver, a tornava ainda mais facinante... Convido-a para sair qualquer dia desses, e ela concorda. Alguns dias depois, ela me informa a respeito de um show, na extinta Rádio Bazar (puxa vida, ela deve estar lendo e lembrando disso...). Marcamos numa sexta (eu acho), na porta de uma escola vizinha, à tarde. O local do show ficava a alguns quilômetros dali, iriamos andando. Saímos, e fomos descendo ladeiras atrás de ladeiras, até chegar na parte mais baixa da cidade... Depois de alguns minutos (acho que uns vinte), chegamos ao local. Ficamos um pouco do lado de fora, após comprarmos os nossos ingressos. Conhecemos um rapaz, algum tanto mais velho que nós, que nos faz um pouco de companhia. Nos compra uma cerveja, bate um papo conosco por algo mais que meia hora, e depois se vai, em meio àquela multidão. Ficamos ali, mais um tanto... Ora em silêncio, ora admirando o espelho d'água refletindo a luz débil do por do sol... Sol posto, lua se levantando, e entramos. O local já estava repleto de gente. Uma área de esportes radicais, a praça de alimentação, uma exposição de artesanato, e até um show de música espanhola... Mais ao fundo, o palco do show. Um gramado enorme... Ao lado, um parapeito, com um corrimão de ferro, e alguns lugares pra sentarmos. Ali fomos, ali ficamos a espera da música... Era agradabilíssimo estar ao lado dela... Só aqueles olhos e aquele sorriso valeriam a noite inteira... Ela, com os olhos perdidos em meio a tanta gente. Eu, com os olhos perdidos em meio a tanta candura... Às vezes nossos olhares se encontravam, e eu, ainda débil, apenas olhava. Por quantas e quantas vezes aquela boca pediu um beijo? Aqueles olhos diziam algo tácito... Estaria eu imaginando coisas? Preferi não arriscar (é, um débil mesmo)... O show começara, e lá fomos nós. Márcio Mello, um show de rock então... Eu não sabia que ela gostava... Dançamos muito, ela pulava, se divertia como eu nunca a tinha visto antes. Eu, ainda apreensivo, olhava por todos os lados, com medo de algum espertinho levar minha carteira, a bolsa dela, coisas daquele menino "amarelo" de 4 anos atrás. Fui relaxando aos poucos, abracei-a um tanto. Volta e meia, ela virava o rosto em minha direção, com aquele mesmo olhar... Ainda dizendo algo tácito. E o débil aqui, ainda pensando: "Será"? Decidi que da próxima vez não pensaria. as duas latinhas de cerveja faziam efeito, enfim. Só assim eu relaxaria... Mais uma viradinha de rosto e, mais uma vez, aquele olhar. Coração palpitante, e, enfim, borboletinhas no estômago. Não, meus caros, eu não arrotei. Abri os olhos por um instante, e me vi provando do beijo que eu havia cobiçado há meses... Não conseguiria descrever o sabor daquilo, mas com certeza nem a minha mãe, cozinheira de não cheia, conseguiria reproduzir aquilo com quitites quaisquer que fosse... O show do Marcio Mello havia acabado. A banda Pato Fú se preparava pra entrar em cena... Minha boca parecia estar anestesiada... Que beijo foi aquele? Aquela menina existe mesmo, ou estou eu dormindo, e quase acordando, pra variar? Estranho, uma voz doce me chamava, eu sabia que estava sonhando... "Soriano? Tá tarde, vamo embora?" Como assim? Não era a minha mãe me acordando? Ainda não eram 5:15 da manhã? Bem, ela não me chama de "Soriano". Nem o resto do colégio. Mas o fato é que já eram 22h e tantos minutos, e como menores de idade que éramos, deveriamos estar mesmo a caminho de casa. E lá fomos nós, caminhando tarde da noite, em ruas desertas, passando por mendigos e viaturas policiais, carros estacionados e lojas fechadas. E eu não conseguia parar de pensar no beijo... Tentaria, ainda naquela noite, repetir a dose mais algumas vezes, mas seria repelido viementemente. No dia seguinte, ou em alguns dias após, eu ouviria algum burburinho, ela entre as amigas, provavelmente chorando. Teria ela namorado? Ou eu entendi aquela conversa mal ouvida, e aquela noite, de um jeito totalmente equivocado? O que sei é que um gostinho de quero mais ficou guardado, até Deus sabe quando...
...
Eu não a via há alguns meses, e sempre que nos víamos, era um com pressa, outro atarantado com as coisas da faculdade... Estava ainda mais encantadora do que antes... Com a pele ainda mais macia, corada, reluzente... Com o olhar ainda mais doce, cândido... Conversamos, trocamos telefones, e-mail, Orkut... Despedimo-nos com um abraço, e um beijo (só um beijo) no rosto. Lá se foi ela, pra aula. Aqui fiquei eu, na fila do caixa. Ainda com o gostinho daquele beijo na boca...

10 novembro 2006

Abraço de corpo ou de alma?

Tenha cuidado ao ler este texto. Ainda não tenho a certeza de que ele possui argumentos imparciais o bastante, pois o intuito dele não é o de expressar opiniões, e sim de expor idéias alheias e comumente aceitas por um grande número de pessoas. Caso existam discordâncias, comentem! Texto em contínua manutenção.
Mais um dilema conceitual, envolvendo mais do que simples palavrinhas bem formadas, recortadas de um jornaleco qualquer. A questão é: o que nós entendemos por um abraço? É, isso mesmo, o que é um abraço. Por incrível que pareça, muita gente pensa diferente a respeito disso, e é por isso que eu resolvi escrever um pouco, com base nesses diferentes pontos de vista. Caminhando pelo lado um pouco exotérico, algumas pessoas acreditam (incluindo a mim, em parte) que exista uma certa aura de energia, um certo campo magnético envolto em cada um de nós. Também podemos encarar isso como os efeitos do "fluido vital" sobre nós... Essas pessoas simpatizam (ainda que inconscientemente) ou conhecem um pouco da doutrina espírita de Alan Kardec. A energia que esse campo/aura passa para as pessoas ao nosso redor depende do estado de espírito atual de cada um. De fato, quando estamos ou percebemos alguém triste, algo estranho soa no ar, da mesma forma que o ambiente melhora quando alguém de extremo bom humor nos cerca. Alguns falam em alguns sentimentos básicos, notoriamente irradiados através desse tipo de meio: desejo, paixão, solidão, medo, inveja, ódio, indiferença... Tais estados de espírito podem ser captados quando tocamos ou nos aproximamos de alguém. Alguns podem se sentir bem ou mal, com qualquer um desses estados de espírito (próprio ou vindo de outrém) em situações/contextos diversos. Quando a energia passada pelo toque nos agrada, o corpo relaxa, a mente se desprende, é como se a nossa própria energia se renovasse. Ao contrário, quando a energia passada pelo toque não nos agrada, o corpo fica tenso, a mente se estressa, quase como o que acontece quando levamos um choque. Abordando o lado social (antropológico?), expressões de carinho e as sensações que elas provocam dependem do contexto em que elas se aplicam. Um abraço no nosso aniversário provoca sensações diferentes de um abraço durante um enterro de alguém próximo, ou um simples abraço, fora de qualquer contexto. Existem pessoas que repudiam expressões de carinho constantes, e outras que necessitam delas, como uma dose diária de cafeína ou nicotina. Sentimos sensações diferentes em contextos diferentes, com expressões de carinho vindas das mesmas pessoas ou de pessoas diversas, feitas ou não da mesma forma. Como exemplo, tomemos o enterro de um ente querido. Sentimo-nos confortados quando recebemos um abraço, ou qualquer outra forma de carinho, de alguém próximo, como um amigo ou um parente. Talvez não nos sintamos da mesma forma quando um colega de trabalho do falecido nos cumprimenta, mesmo que este colega seja intimamente relacionado com aquele que se foi. Pessoas diferentes, expressões iguais. Agora se imagine passando o dia com o seu amor. Vocês passeiam numa praça arborizada, cheia de criancinhas brincando na grama, logo ali na beira do lago. Há um banco de praça, e vocês sentam ali, juntinhos, abraçadinhos. Há romantismo, há inocência. Chega a noite, vocês vão a uma balada, e depois de algumas horas de bebida e música alta, vocês resolvem se recolher. Um quarto, uma cama, quatro paredes. E então, um abraço. Há sedução, há prazer... Pessoas iguais, expressões diferentes. Caminhando agora pelo lado mais "técnico", expressões de carinho são feitas de modos diferentes. Um abraço fraternal é tecnicamente diferente de um abraço amoroso. Repousar a mão sobre o ombro, apenas pondo um pouco do peso dela, e completamente diferente de colocar a mesma mão sobre o mesmo ombro, massageando-o com a ponta dos dedos, apertando-o suavemente com a palma da mão. Da mesma forma, segurar levemente a cintura de alguém quando pedimos licença é diferente de segurar a cintura de alguém, pressionando-a ritmadamente com a ponta dos dedos, esfregando-a suavemente com a palma das mãos. Pensando agora pela face interpretativa da questão, pessoas interpretam uma forma/expressão de carinho de modos diferentes. Fazem essa interpretação com base em fatos e papos anteriores, características apreendidas de si mesmas e da pessoa que se expressa, conclusões próprias tiradas de tudo isso e as intenções inferidas da pessoa que se expressa. Percebe-se algo diferente a partir do tom de voz, do jeito de olhar, da expressão facial e da intensidade do toque de quem se expressa. E agora? Como saber de que forma cada um pensa a respeito de expressões de carinho? Respondam-me vocês, caros leitores (se é que alguém realmente lê o que eu escrevo). Concordo em parte com cada uma das abordagens acima. Acredito que nenhuma isoladamente contemple tudo o que expressões de carinho simbolizam, na nossa sociedade. E acho que possam existir outras abordagens que complementem as que descrevi, e ainda assim essa questão nunca vai estar completamente respondida, devido à sua própria subjetividade. Acho que se eu tentasse resolver isso implementando o problema com lógica difusa, nunca acharia as variáveis corretas (mero vício de cientista)... E mesmo que eu procurasse um filósofo, um antropólogo e/ou um psicólogo (eu não sou maluco!) para debater a questão, sairia mais confuso do que eu estou agora... Veja também: Alan Kardec - Esboço de Biografia Alan Kardec - Versão Wikipedia Espiritismo - Wikipedia Medicina Espiritual - Isto É Manifestações de carinho Lógica difusa - Wikipédia Magnetismo Animal - Wikipedia Apenas por curiosidade: Principio da Imparcialidade - Wikipedia

06 novembro 2006

Política de Privacidade

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05 novembro 2006

Chorando com os pés

Fazia tempo que eu não precisava disso... E graças a Deus eu ainda não preciso (por quanto tempo?). Mas é engraçado o quão aliviados nos sentimos depois de algumas horas de "choro". Colocamos quase tudo pra fora, é como se fosse um paleativo, que dura por um bom tempo... Mas por que chorar com os pés? Bem, pés não tem olhos, logo, eles não choram, certo? Vocês viriam com uma historinha boba qualquer, dizendo que pés choram sim, basta eu tomar um belo pisão, ou uma topada maravilhosa... Lágrimas a perder de vista, estrelas e tudo mais. Não, não estou falando disso. Nem daqueles calos bem criados, com TV, serviço de quarto, colchão d'água e tudo mais. Nem frieiras, as mais assustadoras possíveis... Eu falo de caminhar. Caminhar muito, numa praça bem arborizada, ou na costa marítima... O barulho da brisa tocando as folhas, ou do mar tocando a areia... O toque dessa mesma brisa em nós... Parece que leva tudo o que nos aflige pra bem longe... Os pensamentos se dissipam... Os medos vão embora (ao menos por um bom tempo). Vemos o por do sol ao longe, as nuvens alaranjadas, a brisa ficando cada vez mais fria... As pessoas felizes andando pelas ruas, as estrelas despontando no céu... Caminhando cabisbaixos, vemos que as calçadas são muito mais longas do que antes. E ainda assim continuamos andando, desfrutando de tudo o que nos envolve. Tudo isso nos passa uma energia boa, que nos revigora a cada minuto... Cansamos de tanto andar, e nos sentamos num banco de praça. Pra variar, ele nos oferece uma vista maravilhosa do que quer que seja: parquinho cheio de crianças, das árvores que nos cercam, do mar... Ali sentados continuamos a pensar em tudo o que nos faz sentir bem, ou em absolutamente nada. Podemos estar a sós, ou acompanhados, compartilhando do mais absoluto silêncio. Casais felizes, amigas barulhentas e artistas de rua ainda passam por nós, e, como sempre, nos enchem de um bem estar surpreendente. Incrível como nos tornamos mais detalhistas quando resolvemos observar o que nos cerca, numa dessas paradas. O canto dos pássaros nunca foi tão audível, o mais sutil dos aromas nunca foi tão intenso... E ainda assim nos pegamos distraídos. Não percebemos o quão rápido as horas passam, nem das pessoas que nos esperam, em algum lugar... Ainda assim, continuamos distraídos e atentos, curtindo o transe benéfico que algumas horas de nós mesmos nos proporcionam. Mas a vida continua, e então, nos levantamos, tentando carregar aos trancos e barrancos tudo de bom que esses momentos nos trazem, e vamos pra casa com um sorriso débil nos lábios. Engraçado como a felicidade vaza pelos nossos braços... Rimos à toa no banco do carro, ou com a cabeça recostada no vidro do ônibus, ainda encantados com aquele bebê que sempre caía tentanto correr atrás da bola... Chegamos em casa, tomamos um banho, com cuidado pra não lavar o bom humor e o bem estar, vestimos uma roupa macia, depois um leite quente... E enfim, nossa cama, tão macia e aconchegante quanto um bom abraço...

03 novembro 2006

Ignorando o desespero...

Esses últimos dias foram um pouco barra pesada. Eu tinha dito que iria dar um gelo na tal Cicraninha, e eu acho que fiz isso do pior jeito. Foi duro, e foram os 4 dias mais difíceis da minha vida... É difícil negar ajuda a quem me pede, ainda mais quando eu sinto apreço... A tal Cicraninha tem piorado esses dias. Nenhum dos psicólogos que procura entende, já ouviu falar ou sequer desconfia do que seja TDAH (Transtorno do Défcit de Atenção com Hiperatividade). Tentou se organizar da melhor maneira que pode, criando listas de tarefas, calendários, lembretes virtuais, isonando-se pra concentração absoluta (é piada?), mas nada disso adiantou de muita coisa. Nós, amigos e parentes tentamos ajudar, cada qual do jeito que melhor sabia, mas também não adiantou de muita coisa. Nesse interím, eu percebi que a autoconfianca, auto estima, otimismo e tantas outras boas qualidades dela estavam se apagando, ou ao menos se escondendo. Tive e ainda tenho medo de que ela entre numa depressão sem volta. Quarta-feira, 1 de outubro de 2006. Eu, aqui neste mesmo laboratório da faculdade, vejo uma aba a mais no Gaim (outro mensageiro instantâneo, afinal, a Microsoft nao reina sozinha). A tal aba tinha letras garrafais no título, em vermelho. Sabia que era ela, afinal, aquele nickname era particularmente único. Resolvi dar só uma olhadinha. "Socorro, socorro, socorro", trocentas vezes seguidas. Sabia que era para me chamar a atenção, e por isso, mudei novamente de aba, continuando a conversa com a pessoa "interessante" que me falava desde outrora. Mais uma olhadinha, e o flood de "socorro" tinha parado. Um Control + L e a aba estava limpa de novo. E lá vamos nós de novo para a outra aba... Novamente, aquela aba estava com o título em vermelho. Mais uma olhadinha, e ao invés daquela enchurrada de pedidos de socorro, um papo diferente. Como eu estava dando um gelo nela, nem sequer li a primeira linha do que ela estava escrevendo, e dali em diante não daria mais atenção a ela. Talvez esse fosse o maior erro do dia, ou dos últimos 5 meses, mas eu não voltaria atrás. Continuei aquela conversa interessante que tanto me entretinha, e antes de sair do computador, respondi em "off" (ela estava off-line) que, talvez, outra hora a gente conversaria. Dali a duas horas, três mensagens desesperadas no celular. Sabia que a coisa era feia, pois ela não se desespera a toa. Indo pra casa, liguei do celular para a casa dela, e primeiro a mãe me diz que ela havia brigado com o namorado. Assustado, pedi que a chamasse. Assim que chegou, pedi número de celular, telefone e contato de mensageiro eletrônico dele, quase ordenando para que ela me esperasse, que após a meia noite a nós conversaríamos. Acabou pegando no sono, e só nos falaríamos pela manhã... Até lá, mais conversa interessante com as paulistas do Orkut... Dez e meia da manhã de quinta feira. No Rwindows lá de casa, uma notificação especial, com direito a sons e cores diferentes aparece em cima do Rindows Live (quase morrendo) Messenger. Era ela, a Cicraninha. Cumprimentou-me com um "bom dia", um pouco seco demais para ela. Havia acabado de acordar. Disse que não poderíamos conversar naquela hora, pos se ela não podia mudar o que a despedaçava por dentro, tentaria arrumar o que se quebrou por fora. Ainda assustado com a idéia dela ter brigado com o namorado, perguntei se ela iria sair, para vê-lo. Disse que não iria sair, pois teria que terminar um trabalho. Insisti para que conversássemos, e então, a casa começaria a cair... Ela se sentia inútil, dependente demais, atordoada, incapaz de fazer qualquer coisa sozinha, desde salvar um simples arquivo até escrever um relatório extenso. Sua falta de atenção já era notória, prejudicava-a no trabalho e na faculdade. O dever atropelava o lazer, e a falta de lazer atropelava o dever. Coisas da TDAH. Disse-me que realmente precisava de mim quando me chamou, e eu, firme no meu propósito, disse que eu tinha que ignorá-la, para que ela visse o que acontece quando todos perdem a fé naqueles a quem se propõem a ajudar. Ela me pareceu ter entendido. Realmente precisava de carinho, mas carinho de amigo, afeição, pois não era fácil aguentar, frágil como estava, toda a pressão a que era submetida. Entretanto, como eu, carente de toda e qualquer espécie de carinho, desde fraternal ao amoroso, poderia separar as coisas da melhor maneira possível? Ainda tentando criar uma semente de auto estima naquele rosto, fiz quatro perguntas básicas, que aliás, acho que todos nós deveríamos nos perguntar...
  1. O que eu faço pra me ajudar..
  2. O que eu faço pra ajudar as pessoas que desejam me ajudar
  3. O que eu espero das pessoas ao meu redor
  4. O que eu acho que as pessoas ao meu redor esperam de mim
Tive uma surpresa boa quando vi que ela sabia responder a essas perguntas, ou, pelo menos a maioria delas. Mas eu senti que ela se sente um tanto acuada, por achar que eu espero muita coisa dela. "Equilíbrio, disponibilidade e responsabilidade". Senti que nada do que fizéssemos a ajudaria, a não ser perguntá-la a respeito do que precisaria. "Você pergunta, mas não me dá tempo pra responder", disse ela. Eu sei, sou mesmo ansioso. Nem o meu bom humor um tanto escrachado, nem as minhas pirações, nem mesmo as gozações de mim mesmo a fariam sorrir de novo, no estado em que se encontrava. Senti um silencio perturbador do outro lado do PC: ela estava mesmo chorando... Sozinha naquele quarto, mesmo com a mãe e a irmã a alguns metros. A mãe que só brigava com ela, a irmã que a compreendia, mas não sabia (e nem tinha voz ativa) para a ajudar. O namorado carente de atenção, embora compreensivo, companheiro e prestativo, também não a conseguia ajudar (assim eu percebi), pois o problema era ainda mais grave... Estaria ela a caminho de uma depressão? O que eu sei, é que todos nós precisamos observá-la mais, notar seus traquejos diferentes, pois algo está muito errado na minha mais nova irmãzinha. Só espero que eu consiga te ajudar, maninha...