30 dezembro 2006

Fazendo a minha "lápide"...

Mais uma discussão, mais dor, sofrimento. Mais um mal entendido, advindo da sinceridade, da lealdade. Pior? Sim, a incapacidade de se abrir os lábios e, encadeadamente, pronunciar audivelmente um pedido de desculpas. Isso realmente dói, fere de morte... Depois de um nanOrkontro (sim, um orkontro - encontro de orkut - com poucas pessoas, por isso o "nano"), depois de muitas coisas faladas intencionalmente ou não, mais um dia comum, como outro qualquer. Mas a minha incapacidade de conter a sinceridade mais uma vez me condena. É, realmente ela estava certa. A sinceridade não tem nada a ver com emitir opiniões quando se achar (equivocadamente ou não) necessário. Sinceridade tem a ver com emitir opinião sim, somente quando lhe for necessário. Mesmo que isso implique em deixar de alertar possíveis perigos, saias justas, e outras situações desagradáveis... As pessoas são notoriamente egoístas, elas realmente sentem a necessidade de se sentirem importantes, de fazer as outras pessoas se interessarem por suas características comportamentais, seus bens, sua vida profissional, suas idéias. Muito poucas pessoas estão dispostas a aceitarem os diferentes pontos de vista que as demais pessoas têm das coisas ao seu redor, e mais do que isso, a refletir sobre o porque de cada um deles. Um defeito? Eu não sou a melhor pessoa para dizer isso. Talvez isso seja apenas instinto. Autoritarismo, egoísmo, e talvez frieza são características tidas como defeitos na maioria das ocasiões. Possivelmente em alguns casos, podem ser tomadas como qualidades, mas não é disso que eu quero tratar por agora. Autoritarismo implica em se fazer impor uma vontade por meio de poder, seja lá de ordem esse poder advier. Egoísmo, por si só, se funde com inflexibilidade, pois, na minha visão, o egoísta além de só pensar nele mesmo, tem os olhos fechados a novas idéias, possibilidades. A frieza, por sua vez, está endosada na ausência de preocupação com os efeitos das suas próprias atitudes, nas pessoas mais próximas, diretamente atingidas. E como pessoas com tais características seriam capazes de enunciar um pedido de desculpas? É, eu sei, eu realmente preciso aprender a sobreviver sem um pedido de desculpas. Mas talvez já seja tarde, tão tarde quanto o ponto sem volta, antes do gozo de um homem. Eu preciso abrir ainda mais a minha mente, mas talvez já seja tão tarde quanto um corte na jugular. Eu não possuo diamantes suficientes pra construir um domo gigante, que abraçe o globo, nem possuo pernas tão grandes. Mas enquanto o meu coração não se convence disso... Talvez mais, eu preciso aprender a não esperar demais das pessoas, a não criar espectativas. Não esperar que as pessoas me entendam, mas, ainda assim, fazer o possível para que elas não se decepcionem comigo. Tarefa difícil, mas terei tempo de fazê-la, seja lá pra onde eu vá agora... Eu tô fazendo a minha "lápide". E acabo de comprar um caixão luxuoso, com tela de plasma 17'', um frigobar, livros e um notebook. Talvez eu passe um longo período enterrado, por isso tem que ter ar condicionado no caixão. Se alguém me achar, antes dos vermes me devorarem, deixo manuscritos em papel de 90 gramas embaixo do travesseiro, duas fotos 3 x 4, algumas cifras e desejos... "Àqueles a quem amei, um conforto: sejam felizes, e eu também o serei. Àqueles a quem um dia odiei, um recado: sejam felizes, e eu também o serei. Àqueles a quem feri, um pedido: perdão, eu errei tentando acertar... E àqueles que me feriram algum dia, um desejo: emoção, benevolência, humildade..."

13 dezembro 2006

Pitty - Na Sua Estante

"Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu". Putz, quantas vezes eu quis dizer isso... Quantas vezes eu senti isso... Link Direto: http://www.youtube.com/watch?v=35fPInC6ABk

12 dezembro 2006

Amigos também ficam?

Estive pensando nisso esses dias, depois que revi a minha (imensa?) lista de comunidades no Orkut. Maluco (ou, no mínimo, estranho) do jeito que eu sou, acha-se de tudo por lá. Mas dentre todas as comunidades das quais faço parte, umas ativamente e outras passivamente, uma dela me fez pensar... O que se passa na cabeça dos amigos que ficam, e na dos que não ficam? A maioria das pessoas sempre diz que um relacionamento mais íntimo entre dois amigos pode acabar com uma amizade. O envolvimento sexual é um desses possíveis motivos. Pelo fato de haver cumplicidade e respeito mútuos numa amizade, esse envolvimento teria (acho eu) que ser o mais sincero possível. Isso deixaria um clima um tanto pesado no ar, meio que a "obrigação" de fazer tudo bem feito... Seria difícil encarar nos olhos a outra parte no dia seguinte... Porém, concordo que, pelos mesmos motivos, ambas as partes se esforçariam para (ou ao menos se empenhariam em tentar) satisfazer as carências, desejos, vontades um do outro (até o ponto em que as suas próprias não lhe sejam renegadas). Somente por isso, acredito que, caso haja atração física entre as partes, seria válido uma tentativa. Algumas pessoas dizem que não é por carência que sexo entre amigos pode ocorrer, mas sim por desejo. Sim, carência é diferente de desejo (não cabe essa discussão aqui, agora). Quando um clima agradável se instaura, quando os dois se sentem à vontade pra tal... "Ela estava sozinha, eu também"... Fala-se em "duas pessoas independentes", em "cada um pro seu lado" depois daquela noite de amor intenso. Se isso for mesmo possível (acredito piamente que seja), acho esse mais um motivo pra validar uma tentativa. Algumas pessoas se sentem mais à vontade pra realizar fantasias com pessoas com as quais não se tem qualquer contato. Elas pagam (sim, financeiramente falando) por isso. Outras, preferem realizar suas fantasias com os seus parceiros, ficando à mercê da aceitação dos mesmos. Quando um amigo(a) maluco(a) o suficiente propõe algo desse tipo, como a outra parte se portaria? É difícil prever as reações das pessoas, mas eu presumo que alguém só exporia algo desse peso caso tenha intimidade pra falar sobre sexo explicitamente. Também acredito que "jogar verde pra colher maduro" não é um crime. Há quem vença pelo cansaço, há quem use argumentos convincentes, há quem simplesmente espere... Eu prefiro (ao menos tento) não pensar no assunto. Mas não estamos falando somente do ato em si. Falamos das consequências também. Será que vale mesmo a pena arriscar? Atração física por atração física as pessoas se envolveriam umas com as outras sem muito receio, mas no caso de uma amizade, mais coisas estão em jogo. E se uma das partes se apaixonar, sem ser correspondida? Sei bem o que é isso, foram os seis anos mais difíceis da minha vida (embora nem conheça a textura da pele dela)... O medo de magoar algum dos dois é um dos motivos (válidos, sim) para se exitar. Isso faria uma amizade (de décadas, talvez) ser jogada no lixo, sem volta, e um arrependimento mortal pesaria na consciência... E caso um "acidente" ocorra? Se o descuido de esquecer o preservativo numa relação "normal" pode ser um fardo, imagina só num caso desses... "Teoricamente" falando, tudo indicaria que esta relação se portaria como aquelas entre casais divorciados sem brigas entre si. Bastante conversa sobre como educar o fruto daquela noite de amor, risos ao acompanhar o crescimento da criança, mas nada além disso. Não haveria relação de casal entre os dois. Porém, como sabemos que, em se tratando de pessoas, nada segue uma regra, um poderia dar palpite na vida amorosa do outro, e dai discussões e mais discussões... Isso quando ambos não decidem abreviar a gestação, com medo do que possa acontecer dali pra frente... Especulando coisas absurdas ou realistas, a gente chega a conclusões. Eu me privo das minhas, pra ouvir as suas, carao leitor (se é que alguém realmente lê o que eu escrevo)... Eu quero comentários a esse respeito... Isso é um tabú, ou coisas que colocam na cabeça da gente?

09 dezembro 2006

Tempo, dá pra andar mais rápido?


As coisas já foram mais simples. Mais amenas, mais carinhosas, mais prazerosas, mais bonitas... O sorriso era tão mais solto, mais leve... A gente sente falta quando tudo fica tão distante assim, de repente... Dói tanto... Sinceridade mata, eu sei, já deixei muita gente em coma por isso. Mas não pensei que ficaria em coma também...


07 dezembro 2006

System Crash

A "demência" do zelo e a "inconsequência" do apreço me apequenam o coração. Substituem a "superficialidade" de três anos de dedicação, de conversas sérias e amenas, de lágrimas e risos, de amizade... Palavras duras no local errado, na hora certa. Palavras amenas na hora certa, no lugar errado... O misto de virtual e real ainda me ofuscam a razão. É-me falho achar a diferença, me é dever achar as similaridades... Os erros mal intencionados de ontem hoje me são claros, as suas causas e consequências também. O que há de errado? Dentre tudo o que eu possa imaginar ser, concluo apenas uma coisa: eu. Não devo mais me desculpar, pois já o fiz. O que fazer então? Tudo o que sei é que um buraco negro se forma em meu coração. Absorve tudo de ruim à minha volta, me reprime as reações, me tolhe os desejos, me furta as emoções... E agora, todo o tesouro que eu achava ter balança na ponta do precipício... Metade do baú me é alcançável, mas todo o peso dele me impede de arrastá-lo para um local mais seguro.

06 dezembro 2006

System Failure

Tsc tsc... É, eu sei, foi só uma recaída. Aliás, apenas acertando os ponteiros para uma atualização pesada no sistema. Vou trocar um módulo de kernel na minha cabeça, e se der pane, que seja. Mas será que eu não me importo mesmo com tudo isso? Talvez... "As pessoas se acham modelos de comportamento, nem que seja na teoria". Frase de efeito essa... Tem-me feito pensar desde que a li, há trinta e sete minutos atrás. É errado modelar para si aquilo que se considera certo ou errado, ainda que ambos esses conceitos sejam corrompíveis? Quanto a isso, acho que não. É por aí que seguimos o nosso caminho, fazemos as nossas escolhas. E o "modelo" está, digamos, incoerente, ajeita-se um tanto aqui, corrige-se outro tanto lá, mas ainda continuamos com um modelo. Algo que, se não somos, gostaríamos de ser... "Eu perdi um amigo, e um irmão. Me perdi de um, e o outro me feriu bastante..."... Eis a falha de sistema. Falhas atrás de falhas, erros atrás de erros, uns como tentativa de solução dos outros... Eu me sinto péssimo. Como antes, onde nada do que eu faça gera melhoras. Cá estou eu, desaprendendo a ser quem eu sou... Cá estou eu, gerando erros atrás de erros, corrompendo meus pensamentos, e torcendo pra que alguma coisa de mim ainda saia ilesa. Um péssimo irmão, um péssim amigo. Um péssimo homem? "E por mais amigos que os virtuais sejam, não chegarão à sombra do que fomos pessoal/virtualmente."... Rangidos na porta do quarto. Apenas uma barata, pousando cascudamente na madeira. Imponentes, independentes, lá estavam ela e mais outra. Penso eu: "nem elas estão sozinhas"... Não preciso mais de provas pra enfiar de vez na cabeça o que o meu amigo eu tinha me dito: "Cuide-se, Soriano, pra cuidar bem de quem assim lhe pedir". "Vê, Soriano, do que eu falava? Você está se perdendo... Perdendo-se daqueles mais próximos, e talvez mais ainda de si mesmo... Você precisa se achar, e rápido. As folhas não estão mais ao vento, nem as rosas dançam mais da mesma forma, mas o perfume da primavera ainda não se dispersou de todo..."

03 dezembro 2006

Neutralidade

Eu realmente não estava agradando. Descobri isso da pior forma... Indiferença, desdenho... Será que eu aprendi? - Podemos conversar agora? - Como? - A gente pode conversar agora? - COMO? Depois de alguns minutos em silêncio... - Quem sabe a gente tenha essa conversa mais tarde... Talvez a gente nem precise... - Pois é... Tomara que eu realmente tenha aprendido. Vou me detestar se isso não tiver acontecido... Não sinto mais a falta da maninha... Até mesmo porque eu não a tenho mais. Até mesmo porque eu caí na real (eu acho). "Seus objetivos e só, Soriano. Ouça os conselhos do bom e velho Soriano...". E os livros que eu comprei, por que eu não os li ainda? E as minhas pesquisas, por que eu ainda não as fiz? Eu disse que iria me divertir mais, por que eu não fiz isso ainda? Preocupação... Problemas e mais problemas... E o pior: problemas que não me dizem respeito... "Mania de ajudar, mesmo se não lhe pedem... Tsc Tsc..." Por agora, apenas mais um lembrete: "Cuide da sua vida, Soriano... Cuide-se, pra poder cuidar de quem assim lhe pedir...". Estranho, mas a neutralidade é mais neutra que anestésico...

Limiar? Monólogo...

Tem gente que detesta ouvir algumas verdades, da forma mais seca possível... Esse não é o meu caso. Só não gosto quando não justificam o porque de suas palavras, mas, ainda bem, isso não aconteceu... Depois da péssima noite de sexta, e do dia um tanto controverso de sábado, cá estava você a conversar, com amigos virtuais. Amigos de amigos virtuais, que se conhecem bem (presumo), e podem conversar sobre a mesma pessoa de forma segura. Tá, nós sabemos, não se deve comentar sobre os problemas dos outros assim, mas presumo também que é isso o que as pessoas fazem quando já não sabem mais como ajudar: recorrem aos amigos em comum. Bem, acredite, isso é um erro. Você não pode achar que as pessoas, mesmo que pensem de forma parecida que a sua, dão os mesmos valores às mesmas coisas que você dá. Isso, definitivamente, também é um erro. Concentre-se nos seus objetivos, Soriano, deixe a tudo e a todos os que pensam diferente de você fora disso. Faça disso um dogma, mesmo que depois você o coloque na lata do lixo. Já disse que não sabia mais como ajudar, que recorri à família, e agora aos amigos, ainda que virtuais, por segurança. Nunca recebi dura maior de alguém que, apesar de tão próximo, nunca sequer dei um aperto de mãos, ou um aceno do outro lado da rua... E o pior: todos eles tinham razão... Eu, que sempre fico prometendo, avisando, agora não o farei (ou ao menos tentarei não fazer) mais. Pra mim chega (tomara que dessa vez eu realmente consiga). É preciso deixar que as pessoas andem com as próprias pernas, essa idéia equivocada de que amor tem a ver com uma asa cheia de penas sobre nós, num ninho de palha, de hoje em diante, acaba de morrer em sua cabeça. Não entendam como manha, birra, ou qualquer coisa parecida. Preciso escrever isso pra me lembrar... Curto e grosso, paro de escrever depois que disser: "Não ajude quem não quer se ajudar. Só o faça se lhe pedirem.", ainda que isso lhe doa... E da mesma forma, não deixe de pedir ajuda, mas só o faça quando sabe que as pessoas estão dispostas a lhe ajudar. Não implore, não mendigue, seja como antes, independente... Talvez essa tenha sido a melhor época da sua vida, apesar de tudo... Realmente, não escreva apenas por escrever. Soriano, faça-se uma promessa, porque eu, Soriano, sei que você sempre as cumpre quando as faz... "Pessoas, sinto muito."

02 dezembro 2006

Sinto a sua falta, maninha...

E eu, que sou tão lerdo pra essas coisas, vi-me induzido a, mais uma vez, pensar. Sentei aqui neste computador com o propósito de escrever sobre outras coisas, coisas amenas, coisas fúteis, cheias de riso, mas não paro de pensar em outra coisa... Levamos a nossa vidinha do jeito que achamos mais conveniente, e volta e meia paramos pra pensar: "que merda é que tá acontecendo aqui?". Pois bem, chegou a minha vez, de novo... Eu, que sempre tento ajudar da melhor maneira que posso, sinto-me impotente, de novo. Depois de ter quase arruinado a auto-estima e a auto-confiança de uma pessoa extremamente importante para mim, parei pra refletir sobre o que anda acontecendo entre a gente. O que falta, o que temos, o que fizemos questão de jogar fora e de adquirir. Estranho, por me sentir estranho, nostálgico, pesaroso. Era tudo tão mais leve, tão mais ingênuo, ou, ao menos, descontraído... Pensei até se era mais uma vertente da minha carência de atenção, de afeto e tudo mais, mas não me deu vontade de ficar sozinho no quarto, tocando violão e cantando, como sempre faço. Tem algo diferente... Realmente, "a vida moderna afasta as pessoas". Vejo a minha melhor amiga (hoje) com um "q" de frieza, um tanto áspera, um tanto decepcionada consigo mesma e com as coisas ao seu redor. E eu me decepciono por não poder ajudar. Conheço as causas, os motivos, e ainda assim, não posso ajudar. Não da maneira que eu gostaria, rápida e indolor. As pessoas realmente mudam com o passar do tempo, com as experiências por que passam em suas vidas, com os problemas que enfrentam e tudo mais. Mesmo eu, bacharelando em Ciência da Computação, que deveria estar acostumado com a existência de meios de relacionamento interpessoal virtual, tais como o Orkut e tantos outros, com mensageiros instantâneos, torpedos SMS e etc., ainda me sinto incomodado. Palavras num mensageiro instantâneo ganharam o mesmo peso e carga emocional que uma carta escrita de próprio punho num papel amassado, ou ainda uma conversa cara a cara, esta que, de fato, nunca tivemos sobre os assuntos que costumávamos discutir. Palavras apressadas, abreviadas com um português direto e explícito, falando sobre problemas, problemas e mais problemas. Raros são as expressões como "tá tudo bem?", ou "como andam as coisas contigo?". Onde ficou a intimidade? Talvez em algum comando ou atalho de teclado... Saber das causas desses problemas não os tornam menos impossíveis de se resolver, nem menos duradouros. Palavras pensadas com cuidado para não ferirem nenhuma das partes não possuem mais o mesmo efeito, isso quando conseguem sair da boca ou da ponta dos dedos. As expressões, quando não passam de um apanhado de pixels coloridos e cintilantes numa tela de computador, são amenamente hipócritas, de ambas as partes, como a esconder os pesares e as lamúrias de outrora... O abraço que nunca existiu, os olhares que quase sempre se evitam, a companhia débil, tudo isso me trás de volta à mente a velha pergunta: "que merda tá acontecendo aqui?". E a única coisa que vem em seguida é: "sinto a sua falta, maninha..."

26 novembro 2006

"Musicoterapia"

Dormindo tarde, acordando cedo, mal vivendo a minha vida, até que uma oportunidade de distração aparece. Conversando com uma colega do antigo estágio, soube de um show de um dos ícones da MPB: Flávio Venturini. Amante da boa música popular brasileira, romântico de carterinha e músico amador que sou, eu teria que ir a qualquer custo. Faltaria uma companhia romântica, mas não ir a um show desse calibre seria mais que burrice. Saio de casa cerca de duas horas antes do combinado. A colega do antigo estágio levaria uma amiga, e pontual como sou, não gostaria de deixar as duas me esperando. Chego trinta minutos antes do combinado, e a colega, uns quinze minutos depois de mim. Esperando a amiga chegar, conversamos coisas diversas, ou coisa alguma, pra passar o tempo. Mas numa dessas meias conversas, uma me fez pensar... Pediu-me pra que eu falasse alguma coisa, a fim de quebrar o meio silêncio, e falei de mim. Com a certeza convicta de que deveria ficar calado. "Você chora demais", ela disse, e eu, ainda que inconsciente, concordava com aquilo. Senti vontade de me calar, como que a evitar desastres catastróficos (hipérboles, hipérboles). Mais alguns minutos, e cometo, inconscientemente, o mesmo erro. Daí que ela pára, sentada num assento improvisado embaixo do abrigo de ônibus e me diz: - Você acredita em mundo espiritual? Minha mente voou até Andrômeda, contornou o buraco negro no centro da galáxia e voltou, tudo em menos de dois segundos. Respondi um "acredito" meio sem graça, pois havia acabado de me lembrar de discussões severas sobre o assunto, via mensageiro instantâneo, via dois tópicos do Orkut, e comigo mesmo. Falou-me que eu precisava parar de falar mal de mim mesmo, de me expressar melhor, mostrar tudo o que eu escrevo através de palavras oralizadas, ao invés de escrevê-las aqui, e agora. Falou-me que assim eu espantava as pessoas, que "sugava" parte da energia delas. Déjà vu... No fundo eu sabia que ela estava certa. Ela não falaria aquilo tudo, daquele jeito paciente, se não estivesse certa do que dizia. Não é a toa que eu normalmente fico em silêncio quando não tenho assuntos em comum pra discutir... A estratégia do "começa você um assunto" entre duas pessoas tímidas é causa certa de um impasse. Isso quando não desatam a falar besteira, e um assunto desagradável não advém das profundezas... Ouvindo aquilo, eu a olhava nos olhos, o mais profundo que eu conseguia. Olhos castanhos, límpidos, radiantes. E ainda continuava sem graça. Dalí a dois minutos, a amiga chegaria. Desconversamos, falamos de coisas amenas, e então, descemos os três para a Concha Acústica. Flávio Venturini começaria o show em alguns minutos, e enquanto isso, uma banda, que ali estava já a algum tempo, fazia um som mais que interessante. Som esse que agradava, e muito. Passados mais trinta minutos e o tão esperado show começara. Ao meu lado esquerdo, a amiga, e depois a colega. A cada música que passava, senti-me ainda melhor que no melhor dos meus dias... E ao meu lado, olhos verdes cheios de lágrimas, a lembrar de bons e maus momentos do passado... Arranjos de violão, saxofone, baixo e guitarra mais do que primorosos, harmonia perfeita, e os lindos falsetes do nosso intérprete só embalavam os meus ouvidos mais e mais. Saí do show com a impressão de que a música é o meu combustível, e que se não fossem as minhas roupas e os meus sapatos, eu já estaria voando...

21 novembro 2006

20 novembro 2006

Dá um abraço? - A idéia original

Como prometido, aqui está. O vídeo original, com o autor (por assim dizer) da idéia. Ganhei o dia vendo dos dois vídeos, meus olhos estão quase cheios de lágrimas (tá, não é pra tanto)... Engraçado, mas é realmente difícil falar alguma coisa, interpretando a obra pura, sem desvios, sem modificações... "Você quer um abraço?", ele diz. E na maioria das vezes as pessoas passam por ele, como se nada ele fosse. Policiais o param, como se ele estivesse "perturbando a ordem"... Alguém notou o abaixo assinado no final do vídeo? E quantas assinaturas ele conseguiu só naquela praça? Ou a entrevista pra TV? Alguém notou que essa é, realmente, uma idéia diferente dos vídeos similares feitos aqui no Brasil? Ou que os americanos são um tanto mais frios nos seus abraços? Alguém, em alguma comunidade do orkut, disse: "E mesmo entre nossos colegas e mesmo amigos, há auqeles que se sentem meio constragidos com essa demonstração de afeto... Parecem não muito habituados... Há aqueles que abraçam dizendo 'opa, sai pra lá!'... que são os abraços de lado, ou os duros, ... Tem gente que abraça com o corpo todo, dizendo 'aaaaaaaaai como é bom abraçar você!'" E eu ainda encucado com aquela história das energias pesadas, intensificando meu estado contínuo decarência afetiva... Desculpa, ms ainda tenho coisas a pensar sobre isso, cara amiga... Veja também: Falta de um abraço - Refugiados EPER (ELAS) - Orkut

"A vida moderna afasta as pessoas"

Novamente, sem nada interessante pra fazer. Uma amiga minha (a mesma de sempre, pra variar) havia sido um tanto áspera comigo no dia anterior, sem motivo. Chego no estágio, ela havia me pedido desculpas, desde o exato momento em que eu desliguei o computador, com uma enxurrada de torpedos SMS. Leio-os todos, e ela aparece on-line na minha lista de contatos. Pede-me novamente desculpas, e diz ainda ter problemas com o trabalho que seria (mas não foi) apresentado naquele mesmo dia, a apenas algumas horas... Ainda pensando na noite anterior, e mais precisamente na sua última frase, chego à faculdade, e percebo que ela ainda estava agitada. Ainda preocupada com o trabalho. Eu a ajudo, como sempre, e a todos que me pedem. Às 16h e alguma coisa, o trabalho parecia estar começando a querer funcionar mais ou menos do jeito que deveria. Despeço-me dela, dizendo que iria comer alguma coisa. Nos veríamos às 19h. Volto eu, e a primeira comunidade do Orkut que eu vejo (sim, vadiando de novo na internet) me chama muito a atenção. O primeiro tópico recém visitado dizia "Falta de um abraço". Seu primeiro post, uma referência ao vídeo acima. Parei para assistí-lo, e lembrei do topico que eu havia criado, pelo mesmo motivo: "jeitos E jeitos de se tocar". Lembrei-me da letra da música que eu tentava e nunca conseguia terminar, dos diversos posts que aqui escrevi, e principalmente dela. Tá, eu sei, li os comentários abaixo do vídeo, no youtube. Fui atrás do vídeo original, pra entender melhor a idéia. E percebi o porque diziam que a idéia original foi corrompida por uma empresa que diziam vender "soluções corporativistas". Mas ainda assim, senti algo especial ao ver esse vídeo... Era exatamente isso (pedir, e receber abraços) que eu queria poder fazer, mas seria ainda mais puro se eu os recebesse sem os pedir... Alguém me entende agora? P.S.: Posto algo sobre o vídeo original assim que puder (breve mesmo) Veja também: Dá um Abraço? - link direto do youtube Free Hugs - Juan Mann Falta de um Abraço - REPER (ELAS) - Orkut Abraço de Corpo ou de Alma? - por Soriano Reflexões - Parte 1 - Equívocos, por Soriano Carinho do jeito errado faz mal - por Soriano

18 novembro 2006

Homem, mulher e gay...

Mais uma das pérolas do Jô... Não seria a mesma coisa ler isso no Orkut, por isso puz o video no lugar do texto, hehe Fonte: Comunidade do Okut REPER (ELAS) Video no Youtube: aqui

Encanador? Eu?

Pontual como eu sempre sou, eu não gosto de ficar esperando. Assíduo como sou, detesto levar canos. E nesses últimos dias, isso até que tem acontecido com frequência... Costumo cumprir os meus compromissos, e avisar quando não vou conseguir. Mas eu devo estar mesmo com sorte... Há duas semanas atrás eu marquei com uma menina, a fim de assistirmos à semifinal de um festival de música. UNIFEST, um festival de música universitária, no qual alunos da minha universudade (UFBA) e de tantas outras da capital e do interior participaram. Músicas divinas, ideais pra dançar, rir, e beijar muito... E igualmente ideal, o meu primeiro cano. Sem avisos, sem confirmações. Passei o show todo sozinho, sentado na Concha Acústica do TCA. No dia seguinte, via mensageiro instantâneo, ela me pede desculpas, dizendo que teve problemas familiares. Tudo bem, sem ressentimentos. Todo mundo tem problemas (inclusive os sexuais). Dali a duas semanas eu marcaria de novo com ela, só que dessa vez, para as finais do mesmo festival. Um dia antes, eu a encontro, e ela confirma que iria. Lá vou eu, com dois quilos de alimentos (preço do ingresso) para a Concha Acústica do TCA. Cheguei às 18h, e ela ainda não havia aparecido. Espero mais 30 minutos e nada. Quando eu desisto de esperar e compro o ingresso, uma mensagem no celular. Era ela, pedindo desculpas por não poder ir de novo (desta vez, explicando o motivo, constrangedor demais para ser citado). Sorte a minha ter marcado com mais pessoas, que compareceram. Um show maravilhoso... Dali a mais uma semana, mais um cano. Sexta feira eu a chamo pra sair. Disse que já tinha compromisso marcado, iria ao cinema. Eu lhe digo "comigo, certo?", e ela diz que iria com a irmã mais nova. Sem problemas, iríamos nós três, combinamos. Acordo eu, hoje, às 11:30. Uma dor de cabeça irritante, daquelas que sempre temos depois de tempo demais na frente do PC. Ligo pro celular dela, e nada. Uma hora depois eu ligo de novo pro celular dela e nada. Tomo um banho, e pronto para sair, ligo novamente. Nada. Duas horas e dois ônibus depois, chego ao shopping. Ligo pra ela e nada. Resolvo comprar o ingresso de Jogos Mortais III, e fazer hora até a sessão começar. Mais algumas ligações e nada. Mato o resto do tempo numa LAN House, na tentativa de encontrá-la on-line. Nada. Assisto ao filme... Saí de lá ainda com manchas vermelhas nos olhos... Ligo de novo e nada. Três canos em três semanas. Se fossem de três mulheres diferentes, eu diria que estava bem na foto... Mas da mesma menina é de deprimir... Chego eu em casa, meio cabisbaixo, e trato de escrever, pra passar o tempo. Fico imaginando qual seria a desculpa de segunda feira...

17 novembro 2006

Enter into Matrix - Odiando o EFS

Desde o maldito dia em que eu criptografei meus arquivos importantes usando as configurações habituais do windows, eu tenho me arrependido. Arquivos pessoais e secretos importantes, a maioria de conteúdo adulto, completamente inacessíveis. Até que eu resolvi dar uma de Neo. Entering into Matrix... Pesquisando na internet, achei alguns fóruns onde usuários tinham o mesmo problema que eu. Como descriptografar um arquivo criptografado através dos recursos padrão do Rwindows, após formatação e reisntalação do mesmo. Entre esses usuários, um infeliz casado, com 5 anos de fotos (4.200 arquivos). Para desespero meu, sempre que eu via frases como "impossível de descriptografar", ou "esqueça, amigo", e mais sarcasticamente, "ihhhh, se fudeu", um frio na barriga me acometia... Felismente, encontrei algo que poderia ser a minha solução (não a testei ainda). Estou falando de um programa, shareware pra variar, chamado Advanced EFS Data Recover, já na versão 3.0. Pensei que o Rwindows usasse apenas a informação de usuário e senha para descriptografar um arquivo, mas acho que é um pouco mais do que isso. Ainda não tive tempo para ler um pouco mais sobre EFS (Encrypted Fle System), mas se essa alternativa funcionar, nunca vou poder agradecer aos odiados de tio Bill... Veja Também: Advanced EFS Data Recover crackeado Baboo - Fórum sobre o assunto Guia do Hardware - Fórum sobre o assunto Backup de chave particular em um EFS Encrypted File System overview (in english) - Microsoft

15 novembro 2006

Um e apenas um beijo...

Ontem, eu tive uma bela surpresa. Chego eu do estágio, e passo meio que apressado na direção de um caixa eletrônico. Passo pela barraca de salgados, e no banco de praça ao lado eu a vejo. Com aquele mesmo jeitinho tímido, quietinho, doce... Comia um salgado qualquer, entretida com coisa alguma, e quase não me veria. Sorri, surpreso, e contente... Ela havia me visto... Com aquele mesmo sorriso estampado, com aquele mesmo rostinho corado, olhos semicerrados, pele alva e macia... Tenho boas lembranças dela... Ensino médio. Um menino "amarelo", meio CDF, que sentava sozinho num cantinho qualquer da sala. Uma menina, não popular (ainda bem...), meio tímida, uma timidez mais que doce... Alguns a achavam estranha, outros, quieta demais. Eu a achava simplesmente facinante... Principalmente aqueles olhos semicerrados, vivos, expressivos... Perdia-me todo ao olhar aqueles lábios rosados... Aqueles lábios... Aproximando-me aos poucos, faço-me amigo dela. Descubro que ela é bastante meiga... E isso, ao meu ver, a tornava ainda mais facinante... Convido-a para sair qualquer dia desses, e ela concorda. Alguns dias depois, ela me informa a respeito de um show, na extinta Rádio Bazar (puxa vida, ela deve estar lendo e lembrando disso...). Marcamos numa sexta (eu acho), na porta de uma escola vizinha, à tarde. O local do show ficava a alguns quilômetros dali, iriamos andando. Saímos, e fomos descendo ladeiras atrás de ladeiras, até chegar na parte mais baixa da cidade... Depois de alguns minutos (acho que uns vinte), chegamos ao local. Ficamos um pouco do lado de fora, após comprarmos os nossos ingressos. Conhecemos um rapaz, algum tanto mais velho que nós, que nos faz um pouco de companhia. Nos compra uma cerveja, bate um papo conosco por algo mais que meia hora, e depois se vai, em meio àquela multidão. Ficamos ali, mais um tanto... Ora em silêncio, ora admirando o espelho d'água refletindo a luz débil do por do sol... Sol posto, lua se levantando, e entramos. O local já estava repleto de gente. Uma área de esportes radicais, a praça de alimentação, uma exposição de artesanato, e até um show de música espanhola... Mais ao fundo, o palco do show. Um gramado enorme... Ao lado, um parapeito, com um corrimão de ferro, e alguns lugares pra sentarmos. Ali fomos, ali ficamos a espera da música... Era agradabilíssimo estar ao lado dela... Só aqueles olhos e aquele sorriso valeriam a noite inteira... Ela, com os olhos perdidos em meio a tanta gente. Eu, com os olhos perdidos em meio a tanta candura... Às vezes nossos olhares se encontravam, e eu, ainda débil, apenas olhava. Por quantas e quantas vezes aquela boca pediu um beijo? Aqueles olhos diziam algo tácito... Estaria eu imaginando coisas? Preferi não arriscar (é, um débil mesmo)... O show começara, e lá fomos nós. Márcio Mello, um show de rock então... Eu não sabia que ela gostava... Dançamos muito, ela pulava, se divertia como eu nunca a tinha visto antes. Eu, ainda apreensivo, olhava por todos os lados, com medo de algum espertinho levar minha carteira, a bolsa dela, coisas daquele menino "amarelo" de 4 anos atrás. Fui relaxando aos poucos, abracei-a um tanto. Volta e meia, ela virava o rosto em minha direção, com aquele mesmo olhar... Ainda dizendo algo tácito. E o débil aqui, ainda pensando: "Será"? Decidi que da próxima vez não pensaria. as duas latinhas de cerveja faziam efeito, enfim. Só assim eu relaxaria... Mais uma viradinha de rosto e, mais uma vez, aquele olhar. Coração palpitante, e, enfim, borboletinhas no estômago. Não, meus caros, eu não arrotei. Abri os olhos por um instante, e me vi provando do beijo que eu havia cobiçado há meses... Não conseguiria descrever o sabor daquilo, mas com certeza nem a minha mãe, cozinheira de não cheia, conseguiria reproduzir aquilo com quitites quaisquer que fosse... O show do Marcio Mello havia acabado. A banda Pato Fú se preparava pra entrar em cena... Minha boca parecia estar anestesiada... Que beijo foi aquele? Aquela menina existe mesmo, ou estou eu dormindo, e quase acordando, pra variar? Estranho, uma voz doce me chamava, eu sabia que estava sonhando... "Soriano? Tá tarde, vamo embora?" Como assim? Não era a minha mãe me acordando? Ainda não eram 5:15 da manhã? Bem, ela não me chama de "Soriano". Nem o resto do colégio. Mas o fato é que já eram 22h e tantos minutos, e como menores de idade que éramos, deveriamos estar mesmo a caminho de casa. E lá fomos nós, caminhando tarde da noite, em ruas desertas, passando por mendigos e viaturas policiais, carros estacionados e lojas fechadas. E eu não conseguia parar de pensar no beijo... Tentaria, ainda naquela noite, repetir a dose mais algumas vezes, mas seria repelido viementemente. No dia seguinte, ou em alguns dias após, eu ouviria algum burburinho, ela entre as amigas, provavelmente chorando. Teria ela namorado? Ou eu entendi aquela conversa mal ouvida, e aquela noite, de um jeito totalmente equivocado? O que sei é que um gostinho de quero mais ficou guardado, até Deus sabe quando...
...
Eu não a via há alguns meses, e sempre que nos víamos, era um com pressa, outro atarantado com as coisas da faculdade... Estava ainda mais encantadora do que antes... Com a pele ainda mais macia, corada, reluzente... Com o olhar ainda mais doce, cândido... Conversamos, trocamos telefones, e-mail, Orkut... Despedimo-nos com um abraço, e um beijo (só um beijo) no rosto. Lá se foi ela, pra aula. Aqui fiquei eu, na fila do caixa. Ainda com o gostinho daquele beijo na boca...

10 novembro 2006

Abraço de corpo ou de alma?

Tenha cuidado ao ler este texto. Ainda não tenho a certeza de que ele possui argumentos imparciais o bastante, pois o intuito dele não é o de expressar opiniões, e sim de expor idéias alheias e comumente aceitas por um grande número de pessoas. Caso existam discordâncias, comentem! Texto em contínua manutenção.
Mais um dilema conceitual, envolvendo mais do que simples palavrinhas bem formadas, recortadas de um jornaleco qualquer. A questão é: o que nós entendemos por um abraço? É, isso mesmo, o que é um abraço. Por incrível que pareça, muita gente pensa diferente a respeito disso, e é por isso que eu resolvi escrever um pouco, com base nesses diferentes pontos de vista. Caminhando pelo lado um pouco exotérico, algumas pessoas acreditam (incluindo a mim, em parte) que exista uma certa aura de energia, um certo campo magnético envolto em cada um de nós. Também podemos encarar isso como os efeitos do "fluido vital" sobre nós... Essas pessoas simpatizam (ainda que inconscientemente) ou conhecem um pouco da doutrina espírita de Alan Kardec. A energia que esse campo/aura passa para as pessoas ao nosso redor depende do estado de espírito atual de cada um. De fato, quando estamos ou percebemos alguém triste, algo estranho soa no ar, da mesma forma que o ambiente melhora quando alguém de extremo bom humor nos cerca. Alguns falam em alguns sentimentos básicos, notoriamente irradiados através desse tipo de meio: desejo, paixão, solidão, medo, inveja, ódio, indiferença... Tais estados de espírito podem ser captados quando tocamos ou nos aproximamos de alguém. Alguns podem se sentir bem ou mal, com qualquer um desses estados de espírito (próprio ou vindo de outrém) em situações/contextos diversos. Quando a energia passada pelo toque nos agrada, o corpo relaxa, a mente se desprende, é como se a nossa própria energia se renovasse. Ao contrário, quando a energia passada pelo toque não nos agrada, o corpo fica tenso, a mente se estressa, quase como o que acontece quando levamos um choque. Abordando o lado social (antropológico?), expressões de carinho e as sensações que elas provocam dependem do contexto em que elas se aplicam. Um abraço no nosso aniversário provoca sensações diferentes de um abraço durante um enterro de alguém próximo, ou um simples abraço, fora de qualquer contexto. Existem pessoas que repudiam expressões de carinho constantes, e outras que necessitam delas, como uma dose diária de cafeína ou nicotina. Sentimos sensações diferentes em contextos diferentes, com expressões de carinho vindas das mesmas pessoas ou de pessoas diversas, feitas ou não da mesma forma. Como exemplo, tomemos o enterro de um ente querido. Sentimo-nos confortados quando recebemos um abraço, ou qualquer outra forma de carinho, de alguém próximo, como um amigo ou um parente. Talvez não nos sintamos da mesma forma quando um colega de trabalho do falecido nos cumprimenta, mesmo que este colega seja intimamente relacionado com aquele que se foi. Pessoas diferentes, expressões iguais. Agora se imagine passando o dia com o seu amor. Vocês passeiam numa praça arborizada, cheia de criancinhas brincando na grama, logo ali na beira do lago. Há um banco de praça, e vocês sentam ali, juntinhos, abraçadinhos. Há romantismo, há inocência. Chega a noite, vocês vão a uma balada, e depois de algumas horas de bebida e música alta, vocês resolvem se recolher. Um quarto, uma cama, quatro paredes. E então, um abraço. Há sedução, há prazer... Pessoas iguais, expressões diferentes. Caminhando agora pelo lado mais "técnico", expressões de carinho são feitas de modos diferentes. Um abraço fraternal é tecnicamente diferente de um abraço amoroso. Repousar a mão sobre o ombro, apenas pondo um pouco do peso dela, e completamente diferente de colocar a mesma mão sobre o mesmo ombro, massageando-o com a ponta dos dedos, apertando-o suavemente com a palma da mão. Da mesma forma, segurar levemente a cintura de alguém quando pedimos licença é diferente de segurar a cintura de alguém, pressionando-a ritmadamente com a ponta dos dedos, esfregando-a suavemente com a palma das mãos. Pensando agora pela face interpretativa da questão, pessoas interpretam uma forma/expressão de carinho de modos diferentes. Fazem essa interpretação com base em fatos e papos anteriores, características apreendidas de si mesmas e da pessoa que se expressa, conclusões próprias tiradas de tudo isso e as intenções inferidas da pessoa que se expressa. Percebe-se algo diferente a partir do tom de voz, do jeito de olhar, da expressão facial e da intensidade do toque de quem se expressa. E agora? Como saber de que forma cada um pensa a respeito de expressões de carinho? Respondam-me vocês, caros leitores (se é que alguém realmente lê o que eu escrevo). Concordo em parte com cada uma das abordagens acima. Acredito que nenhuma isoladamente contemple tudo o que expressões de carinho simbolizam, na nossa sociedade. E acho que possam existir outras abordagens que complementem as que descrevi, e ainda assim essa questão nunca vai estar completamente respondida, devido à sua própria subjetividade. Acho que se eu tentasse resolver isso implementando o problema com lógica difusa, nunca acharia as variáveis corretas (mero vício de cientista)... E mesmo que eu procurasse um filósofo, um antropólogo e/ou um psicólogo (eu não sou maluco!) para debater a questão, sairia mais confuso do que eu estou agora... Veja também: Alan Kardec - Esboço de Biografia Alan Kardec - Versão Wikipedia Espiritismo - Wikipedia Medicina Espiritual - Isto É Manifestações de carinho Lógica difusa - Wikipédia Magnetismo Animal - Wikipedia Apenas por curiosidade: Principio da Imparcialidade - Wikipedia

06 novembro 2006

Política de Privacidade

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05 novembro 2006

Chorando com os pés

Fazia tempo que eu não precisava disso... E graças a Deus eu ainda não preciso (por quanto tempo?). Mas é engraçado o quão aliviados nos sentimos depois de algumas horas de "choro". Colocamos quase tudo pra fora, é como se fosse um paleativo, que dura por um bom tempo... Mas por que chorar com os pés? Bem, pés não tem olhos, logo, eles não choram, certo? Vocês viriam com uma historinha boba qualquer, dizendo que pés choram sim, basta eu tomar um belo pisão, ou uma topada maravilhosa... Lágrimas a perder de vista, estrelas e tudo mais. Não, não estou falando disso. Nem daqueles calos bem criados, com TV, serviço de quarto, colchão d'água e tudo mais. Nem frieiras, as mais assustadoras possíveis... Eu falo de caminhar. Caminhar muito, numa praça bem arborizada, ou na costa marítima... O barulho da brisa tocando as folhas, ou do mar tocando a areia... O toque dessa mesma brisa em nós... Parece que leva tudo o que nos aflige pra bem longe... Os pensamentos se dissipam... Os medos vão embora (ao menos por um bom tempo). Vemos o por do sol ao longe, as nuvens alaranjadas, a brisa ficando cada vez mais fria... As pessoas felizes andando pelas ruas, as estrelas despontando no céu... Caminhando cabisbaixos, vemos que as calçadas são muito mais longas do que antes. E ainda assim continuamos andando, desfrutando de tudo o que nos envolve. Tudo isso nos passa uma energia boa, que nos revigora a cada minuto... Cansamos de tanto andar, e nos sentamos num banco de praça. Pra variar, ele nos oferece uma vista maravilhosa do que quer que seja: parquinho cheio de crianças, das árvores que nos cercam, do mar... Ali sentados continuamos a pensar em tudo o que nos faz sentir bem, ou em absolutamente nada. Podemos estar a sós, ou acompanhados, compartilhando do mais absoluto silêncio. Casais felizes, amigas barulhentas e artistas de rua ainda passam por nós, e, como sempre, nos enchem de um bem estar surpreendente. Incrível como nos tornamos mais detalhistas quando resolvemos observar o que nos cerca, numa dessas paradas. O canto dos pássaros nunca foi tão audível, o mais sutil dos aromas nunca foi tão intenso... E ainda assim nos pegamos distraídos. Não percebemos o quão rápido as horas passam, nem das pessoas que nos esperam, em algum lugar... Ainda assim, continuamos distraídos e atentos, curtindo o transe benéfico que algumas horas de nós mesmos nos proporcionam. Mas a vida continua, e então, nos levantamos, tentando carregar aos trancos e barrancos tudo de bom que esses momentos nos trazem, e vamos pra casa com um sorriso débil nos lábios. Engraçado como a felicidade vaza pelos nossos braços... Rimos à toa no banco do carro, ou com a cabeça recostada no vidro do ônibus, ainda encantados com aquele bebê que sempre caía tentanto correr atrás da bola... Chegamos em casa, tomamos um banho, com cuidado pra não lavar o bom humor e o bem estar, vestimos uma roupa macia, depois um leite quente... E enfim, nossa cama, tão macia e aconchegante quanto um bom abraço...

03 novembro 2006

Ignorando o desespero...

Esses últimos dias foram um pouco barra pesada. Eu tinha dito que iria dar um gelo na tal Cicraninha, e eu acho que fiz isso do pior jeito. Foi duro, e foram os 4 dias mais difíceis da minha vida... É difícil negar ajuda a quem me pede, ainda mais quando eu sinto apreço... A tal Cicraninha tem piorado esses dias. Nenhum dos psicólogos que procura entende, já ouviu falar ou sequer desconfia do que seja TDAH (Transtorno do Défcit de Atenção com Hiperatividade). Tentou se organizar da melhor maneira que pode, criando listas de tarefas, calendários, lembretes virtuais, isonando-se pra concentração absoluta (é piada?), mas nada disso adiantou de muita coisa. Nós, amigos e parentes tentamos ajudar, cada qual do jeito que melhor sabia, mas também não adiantou de muita coisa. Nesse interím, eu percebi que a autoconfianca, auto estima, otimismo e tantas outras boas qualidades dela estavam se apagando, ou ao menos se escondendo. Tive e ainda tenho medo de que ela entre numa depressão sem volta. Quarta-feira, 1 de outubro de 2006. Eu, aqui neste mesmo laboratório da faculdade, vejo uma aba a mais no Gaim (outro mensageiro instantâneo, afinal, a Microsoft nao reina sozinha). A tal aba tinha letras garrafais no título, em vermelho. Sabia que era ela, afinal, aquele nickname era particularmente único. Resolvi dar só uma olhadinha. "Socorro, socorro, socorro", trocentas vezes seguidas. Sabia que era para me chamar a atenção, e por isso, mudei novamente de aba, continuando a conversa com a pessoa "interessante" que me falava desde outrora. Mais uma olhadinha, e o flood de "socorro" tinha parado. Um Control + L e a aba estava limpa de novo. E lá vamos nós de novo para a outra aba... Novamente, aquela aba estava com o título em vermelho. Mais uma olhadinha, e ao invés daquela enchurrada de pedidos de socorro, um papo diferente. Como eu estava dando um gelo nela, nem sequer li a primeira linha do que ela estava escrevendo, e dali em diante não daria mais atenção a ela. Talvez esse fosse o maior erro do dia, ou dos últimos 5 meses, mas eu não voltaria atrás. Continuei aquela conversa interessante que tanto me entretinha, e antes de sair do computador, respondi em "off" (ela estava off-line) que, talvez, outra hora a gente conversaria. Dali a duas horas, três mensagens desesperadas no celular. Sabia que a coisa era feia, pois ela não se desespera a toa. Indo pra casa, liguei do celular para a casa dela, e primeiro a mãe me diz que ela havia brigado com o namorado. Assustado, pedi que a chamasse. Assim que chegou, pedi número de celular, telefone e contato de mensageiro eletrônico dele, quase ordenando para que ela me esperasse, que após a meia noite a nós conversaríamos. Acabou pegando no sono, e só nos falaríamos pela manhã... Até lá, mais conversa interessante com as paulistas do Orkut... Dez e meia da manhã de quinta feira. No Rwindows lá de casa, uma notificação especial, com direito a sons e cores diferentes aparece em cima do Rindows Live (quase morrendo) Messenger. Era ela, a Cicraninha. Cumprimentou-me com um "bom dia", um pouco seco demais para ela. Havia acabado de acordar. Disse que não poderíamos conversar naquela hora, pos se ela não podia mudar o que a despedaçava por dentro, tentaria arrumar o que se quebrou por fora. Ainda assustado com a idéia dela ter brigado com o namorado, perguntei se ela iria sair, para vê-lo. Disse que não iria sair, pois teria que terminar um trabalho. Insisti para que conversássemos, e então, a casa começaria a cair... Ela se sentia inútil, dependente demais, atordoada, incapaz de fazer qualquer coisa sozinha, desde salvar um simples arquivo até escrever um relatório extenso. Sua falta de atenção já era notória, prejudicava-a no trabalho e na faculdade. O dever atropelava o lazer, e a falta de lazer atropelava o dever. Coisas da TDAH. Disse-me que realmente precisava de mim quando me chamou, e eu, firme no meu propósito, disse que eu tinha que ignorá-la, para que ela visse o que acontece quando todos perdem a fé naqueles a quem se propõem a ajudar. Ela me pareceu ter entendido. Realmente precisava de carinho, mas carinho de amigo, afeição, pois não era fácil aguentar, frágil como estava, toda a pressão a que era submetida. Entretanto, como eu, carente de toda e qualquer espécie de carinho, desde fraternal ao amoroso, poderia separar as coisas da melhor maneira possível? Ainda tentando criar uma semente de auto estima naquele rosto, fiz quatro perguntas básicas, que aliás, acho que todos nós deveríamos nos perguntar...
  1. O que eu faço pra me ajudar..
  2. O que eu faço pra ajudar as pessoas que desejam me ajudar
  3. O que eu espero das pessoas ao meu redor
  4. O que eu acho que as pessoas ao meu redor esperam de mim
Tive uma surpresa boa quando vi que ela sabia responder a essas perguntas, ou, pelo menos a maioria delas. Mas eu senti que ela se sente um tanto acuada, por achar que eu espero muita coisa dela. "Equilíbrio, disponibilidade e responsabilidade". Senti que nada do que fizéssemos a ajudaria, a não ser perguntá-la a respeito do que precisaria. "Você pergunta, mas não me dá tempo pra responder", disse ela. Eu sei, sou mesmo ansioso. Nem o meu bom humor um tanto escrachado, nem as minhas pirações, nem mesmo as gozações de mim mesmo a fariam sorrir de novo, no estado em que se encontrava. Senti um silencio perturbador do outro lado do PC: ela estava mesmo chorando... Sozinha naquele quarto, mesmo com a mãe e a irmã a alguns metros. A mãe que só brigava com ela, a irmã que a compreendia, mas não sabia (e nem tinha voz ativa) para a ajudar. O namorado carente de atenção, embora compreensivo, companheiro e prestativo, também não a conseguia ajudar (assim eu percebi), pois o problema era ainda mais grave... Estaria ela a caminho de uma depressão? O que eu sei, é que todos nós precisamos observá-la mais, notar seus traquejos diferentes, pois algo está muito errado na minha mais nova irmãzinha. Só espero que eu consiga te ajudar, maninha...

31 outubro 2006

Reflexões - Parte 4 - Amizades

Sei que sou uma pessoa de personalidade um tanto difícil. Às vezes eu tomo atitudes que surpreendem a todos, aparentemente sem motivo aparente. Eu sou assim, uma pessoa um tanto estranha, com uma linha de raciocínio diferente, um tanto reservado, que tem lá as suas manias e defeitos... Mas as poucas amizades que tenho, eu as cultivo como posso até o resto da vida (ou qualquer momento mais à frente)... Tenho me perguntado o porque de tão poucos amigos. Decididamente, eu não me dou bem com qualquer um. Para uma pessoa receber o título de amigo, de minha parte, demora, e muito. Não costumo ter amizades com homens, mas eu ainda preservo algumas. Por ser um tanto senvível, romântico e instável sentimentalmente falando, presumo que o machismo inerentemente atrelado aos homens da nossa sociedade me impeça de ser sincero. Prefiro as mulheres (como algumas delas também prefere os homens às suas semelhantes). Julgo-as mais sensíveis, e boas "espiãs". Brincadeiras à parte, quem me conhece (quem?) sabe que sou mais de ouvir do que de falar. Falo somente quando acho que devo, quando alguém me expõe suas opiniões. Em questão de sentimentos, não costumo dar conselhos. Acredito que conselhos são a forma mais rápida de se poluir a mente de uma pessoa com opiniões unilaterais ou desviadas do contexto. Conselhos são normalmente precedidos de um "eu, se fosse você", o que justifica a minha teoria. Costumo sim expor pontos de vista. No mínimo dois. Tento sim argumentar logicamente, pra tentar abrir a mente (viva ao Alan L. Tharp!) das pessoas que me pedem. Faço errado? Mas ainda assim, eu me pergunto: O que nós fazemos por amizade? Seríamos nós capazes de pedermos uma amizade de anos em prol da pessoa a quem confidenciamos segredos, tristesas e alegrias? Pois é. A peleja é longa, e vou tentar resumir o começo. Na verdade, tudo se resume a quatro letras: TDAH, Transtorno do Défcit de Atenção com Hiperatividade. E isso afeta a concentração (como o nome já diz), a produtividade, a priorização de atividades e o escambal.
...
Ontem foi um dia daqueles. Lá vamos nós (na verdade, eu) fazermos a tal prova dos pesadelos de todos nós, a maldita prova de Sistemas Operacionais. Como disse o meu segundo ídolo, Gilmar, "foram seis verdadeiras dissertações". Acabei minha prova, e senti falta de alguém. Olhei a sala toda, e nada. Saio eu lá de dentro (lá ele!) e pergunto a todo mundo que acho pela frente: "vocês viram Cicraninha?". A resposta era monossilábica: "não". Eram oito capítulos de um livro extenso a se estudar, e a pessoa a quem eu procurava teria que fazê-lo em mais ou menos 3 dias (o que a maioria levou uma ou duas semanas). Vou à minha casa, feliz por não ter tido aula de Redes (oh professorzinho...), chego em casa, ligo o PC e começo a estudar justamente essa matéria, da qual teria prova dali a 2 dias. Chega a meia noite, e ligo o meu PC, esperando encontrar uma bela mulher para um papo, digamos "interessante". Mas a pessoa que eu esperava não estava on-line, e sim a Cicraninha. Pergunto eu "como foi de prova", e recebo (lá ele) a mesma pergunta, como eco. Acabo descobrindo que não foi fazer a prova. Eu nunca saí do sério tão fácil como saí ontem. Não admitiria que ela fugisse às suas responsabilidades daquela maneira. Acabei chamando-lhe de covarde, e de tantas outras coisas que, talvez, precisasse chamar. Cicraninha me disse que havia passado mal, que foi pra casa do namorado, esperar para que melhorasse e pudesse ir pra casa (um pouco mais longe), ou, talvez, matar um pouco do tempo pra que não chegasse cedo demais em casa (a mãe suspeitaria). Mesmo assim, ouviu tudo calada. E eu ali, espumando de raiva. Ela me implorou pra que eu não contasse nada à mãe dela, e eu, como sempre, disse que não contaria nada que ela me pedisse pra não contar. Mas que eu vou fazer coisa ior, ah, vou sim. Pra mim chega. Não sei mais com ajudar. Talvez um dos piores tratamentos de choque resolva: indiferença. Nunca aji assim com um amigo, mas essa vai ser a primeira vez. E esta não vai ser mais uma idéia que passa na minha cabeça. Vai ser o meu último recurso. Se eu perder essa amizade, que seja em prol de algo maior... P.S.: Prometo que vou passar um bom tempo sem escrever reflexões como esta, estou quase me sentindo como o bom e velho Soriano de sempre... Veja também: TDAH - Transtorno do Défcit de Atenção com Hiperatividade

28 outubro 2006

Eita Globo...

Depois dessa... Eu paro mesmo de assistir tv... Talvez aluge mais filmes na locadora, ou baixe mais alguns filmes pornográficos (ou não) da net...

05 outubro 2006

Reflexões-Part 3-Perfeccionismo

Sou uma pessoa comum, como todas as outras. Quantos de vocês já ouviram isso? Pois é. Eu também. Mas eu não me lembro de quantas vezes eu disse isso, ou mesmo se o disse alguma vez. Acredito que todos tenham lá as suas peculiaridades, e, neste caso, o senso de "comum", "normal", e tantos outros não se aplicariam. Mas por que eu toquei nesse assunto? Mais uma vez, reflexões, por Leandro Soriano... Desde pequeno (e lá vamos nós de novo) eu tenho sido educado a dar (ops...) o melhor de mim (ufa!) em tudo o que eu fizesse. "Estudo é a única coisa que não pode ser tirada de você, e que se leva consigo depois que se for". Tomei isso pra mim como modo de vida. Tenho tentado ser esforçado, aplicado, na medida que a paciência (pouca, é verdade), a força de vontade, o ânimo (que ultimamente tem sido pouco) e os meus objetivos (fixos, até que eu os alcance) me incentivam. E isso dava tão certo que decidi, inconscientemente, expandir isso a outras áreas, como relacionamento interpessoal. Talvez eu me arrependa disso no futuro... As coisas nunca foram fáceis pra mim. Até certo ponto, isso é bom, porque nos faz valorizar todas as nossas conquistas, fruto do nosso trabalho árduo e esforço. Lembro-me até hoje do primeiro computador que ganhei, depois que todos já o tinham, e só porque o meu pai fora despedido (depois das férias, o FGTS é a melhor coisa que consta na CLT). E do segundo e atual, deopis de ter economizado cada centavo de sete meses de bolsa auxílio (R$250,00 naquela época) para dar como entrada (R$1300,00, foi o que consegui juntar). Já conversei, e muito, sobre a maneira das pessoas verem as coisas, das que já nasceram em "berço de ouro", como se costuma dizer, e das que, como eu, caminham de pés descalços. Extraí coisas boas de ambas as mentes, e isso só me fez reforçar a teoria de que eu devo sim tentar ser o melhor que posso, como profissional, como homem, como marido, como pai... Mas a pergunta que fica é: como sabemos que estamos seguindo a trilha certa? Deparei-me com uma situação um tanto desagradável nas últimas semanas. Até pouco tempo, participava de uma lista de discussão, de uma turma de universitários da qual eu fazia e ainda faço parte. Entramos juntos, no primeiro semestre de 2003. Duas ou três mulheres na turma, como em todo curso de Ciência da Computação, além de agnósticos, evangélicos, negros, brancos, pobres e "favorecidos", por assim dizer. Na minha ânsia de me livrar de vez da timidez que me acomete, brinquei e muito nessa lista. Já fiz muitas gozações, de mim mesmo e dos outros, me contendo quando pude. Até que me vi passando dos limites. "Sorinha, já está na hora de parar com isso". Quem me conhece (quem?) sabe que eu definitivamente detesto ser chamado à atenção. "Oxente, que besteira", diriam vocês. Eu vou explicar. Seres humanos cometem erros, e todos nós sabemos disso. Mas os ditos perfeccionistas não querem, e não podem errar. Deste modo, eu não o sou de todo. "Errar é humano, permanecer no erro é burrice". Também já ouvi isso muitas vezes. E como todo ditado popular tem um fundo de verdade, também o adotei como modo de vida. Eu tento, mas nem sempre consigo não errar. E sendo assim, quando o erro continua, a frustração se ostenta, quase com o olhar de execução sumária de quem diz "você não é capaz"... Ser chamado à atenção por uma característica intrínseca à sua personalidade, ainda que esta característica esteja inflada ou chargeada, não é nada agradável. É como se um defeito (que talvez nem o seja) se tornasse um vírus, e nos contaminasse a mente por completo. Eu, que vivo formulando teorias a respeito de tudo e de todos, fiz uma pergunta a mim mesmo, e discretamente (como sempre, ao extremo) a todos. Quando pedimos por socorro, alguém responde? Vi, da pior forma, que nem sempre. Quando digo socorro, falo pelo que já tinha ecsrito antes, os dos textos anteriores desta tal reflexão... E isso me fez desistir de muitas teorias, como aquela de tentar agradar ao maior número de pessoas que puder, já que a todos é impossível. Tomei, por cautela, a decisão de sair (temporariamente ou não) da lista de discução à qual me referi inicialmente, e iniciar essa série de reflexões. Talvez eu tenha me precipitado, mas eu prefiro tomar um tempo pra mim. Veja também: Conceito de Agnosticismo

03 outubro 2006

Reflexões - Parte 2 - Solidão

Alguém já se perguntou qual o real significado dessa palavra? É. Nem eu. A gente nunca sabe o significado correto dessa palavra. Cada um tem um para si, de acordo com seus próprios sentimentos. Muita gente confunde (ou atribui) à solidão timidez, comportamento anti-social, ermitismo ou carência. Eu, ultimamente, tenho me encaixado no último e no primeiro caso. Por quê? Acho que vocês já sabem... Bem, posso começar do início, mas não sei se teriam paciência para ler algumas (várias) páginas a respeito. O fato é que desde alguma época remota da minha vida, algo em torno dos meus onze ou doze anos, eu resolvi me fechar. Eu tinha colegas falsos de sala de aula, como todos nós tivemos e/ou temos, mas o fato é que além de não reconhecerem o meu esforço nos trabalhos em grupo, não agradeciam pelas colas que passavam, e mal falavam comigo quando o período de provas terminava, além das famosas brincadeiras de mau gosto com os ditos CDF's (cabeças de ferro, por assim dizer). Oitava série do Ensino Fundamental quase concluída, e eu tinha que resolver o que fazer da vida. Era ir para um colégio dito religioso (o Colégio Adventista), ou passar no exame de seleção para o CEFET-BA (CEntro Federal de Educação Tecnológica da BAhia). Fiquei com a segunda opção. Despreocupei-me com essa história de passar ou não cola nos dias de prova, porque eu sabia que o fato das pessoas que as pediam (ou a maioria delas) não me cumprimentarem nos corredores não mudaria. E aí começa a fase dita anti-social da minha vida... Apenas uma calça. Ao terceiro ano do Ensino Médio, ela já estava rasgada no joelho, na coxa, nos bolsos de trás e nos tornozelos. Apenas uma blusa. E no final do mesmo período, transparente de tão usada. Óculos, aparelho odontológico nos dentes. Manias estranhas como ver fotos de cadáveres, etc. "Whisky, o whiskysito", era como me chamavam. Considero essa como uma boa época da minha vida, uma época despreocupada, "zen". Eu pensava muito a respeito das coisas, mas, inconscientemente, eu fui me isolando. Tanto, que cheguei ao ponto de ser chamado à coordenação do colégio. Meus próprios colegas o haviam sugerido. Dei qualquer desculpa, e voltei contrariado à sala de aula. Senti-me invadido. Tudo porque eu pedia (constantemente, é verdade) silêncio na classe (já que eu sentava ao fundo, e todas as outras pessoas quase no colo dos professores, eu mal os conseguia ouvir). Fiz apenas dois ou três amigos pra vida toda, mas ainda assim conheci pessoas interessantes. Vestibular chegando, e eu mal sabia se iria passar na UFBA (onde estou hoje), ou se iria para um colégio militar (repetir o terceiro ano na ESPCEx, ir para a Academia das Agulhas Negras e depois de quatro a cinco anos, sair de lá como tenente com um salário de R$2000,00, ou algo próximo). O fato é que estou aqui. E, novamente, passei por mudanças. Deixei de ser uma pessoa tão fechada, mas acho que não deixei de ser tão ou mais esquisito do que antes. E, finalmente, acho que cabe a pergunta. Algum de vocês percebeu que eu sou tímido? Bem, alguns diriam "que nada!", outros "um pouco, talvez". "Maybe surrounded by a million people I stay feel all alone", como diz Michael Bublé em Home... Recebo poucos abraços durante um ano inteiro. Posso até contá-los nos dedos. Três, no dia 30 de julho de cada ano, e mais três, ao dia 1 de janeiro. Quantos eu dou? Deixe-me ver... Um ao dia 8 de janeiro, mais outro ao dia 9 de junho, e o último dia 20 de julho, sem contar o dia dos pais e das mães. É fácil demonstrar (eita mania...) que sou necessitado de carinho. Isso até mesmo das namoradas (poucas, talvez somente uma) que eu tive, já que eu somente às via final de semana (estudo era e ainda é prioridade). Das amigas, também muito poucas, quase todas enamoradas, o fato de assim estarem criam um receio inerente de que os ciumes de seus "quase conjuges" as prejudique, e eu não lhes tiro a razão. Não sei diferenciar carinho de amigo de carinho de amor, já que não tive tempo, nem oportunidade para isso. Já tive problemas com isso, e graves. "Não gosto de homem grudento", é o que se costuma ouvir por aí. Como eu sempre digo ser muito carinhoso, talvez o meu melhor seja o meu pior para algumas delas... As pessoas lidam com as coisas das mais diversas maneiras. De uns tempos pra cá, eu tinha adotado a face brincalhona da minha personalidade, para tentar ocultar (ou substituir) algo que me fazia falta. Ao escrever timidez, depois de ter lido os textos linkados ao final do mesmo, e ao me propor fazer reflexões a esse respeito, tenho reconhecido de que talvez não seja válido mudar. É, isso mesmo. Não mudar. A timidez me atrapalha, e muito, principalmente quando a minha ansiedade entra em cena (quase sempre). Há pessoas que gostam de mim desse jeito, e outras não. Mas e quanto a mim? Não sei se gosto, não sei se não gosto... Só o tempo pra me dizer a melhor solução. Tomara que a paciência (virtude que eu não tenho, e pagaria se estivesse à venda) me mostre o caminho mais adequado... P.S.: Mais uma frase extraída de leituras técnicas: Edsger W. Dijkstra "Make a conscious effort to learn as much as possible from your previous experiences" "Faça um esforço consciente para aprender tanto quanto possível das suas experiências anteriores"

02 outubro 2006

Reflexões - Parte 1 - Equívocos

É extremamente difícil ser eu mesmo... Eu sei que sou estranho, não precisam me dizer isso. A gente realmente se preocupa em não desagradar as pessoas, e nos privamos de nós mesmos, na maioria das vezes. Decididamente, chega. Não quero mais seguir regras de comportamento, sensos comuns e opiniões deslocadas. Ando tomando muitos sustos, e isso já tá virando psicose. Eu tô quase explodindo... Mesmo com a melhor das intenções, às vezes é desagradável quando somos mal interpretados. Agimos normalmente, e mal sabemos como as pessoas irão reagir, mesmo quando as conhecemos a algum tempo... O contrário também ocorre... Às vezes agimos um tanto diferente (nada ilegal, nada amoral), por razões e problemas diversos, e recaímos na mesma situação. Ficamos atônitos, querendo saber em que erramos, e quase sempre a situação, mesmo depois de esclarecida, é extremamente desagradável. De repente se instaura um medo ("paúra", como dizem os italianos), quase uma fobia de que isso volte a acontecer, e quase sempre volta... Isso não é mais novidade pra mim, visto que já descrevi duas vezes situações como estas por aqui (quem não estiver com preguiça, pode dar uma procurada)... Essa "paúra" normalmente começa (ao menos comigo) com um estado de mal estar intenso, olhar cabisbaixo e poucas palavras. Nunca passei disso. Mas nesses últimos dias, reconheço em mim sintomas diferentes... Quero (mais do que em outras vezes) ficar sozinho, conversar somente o necessário, esquivar-me das pessoas. Prefiro pensar, ou simplesmente não fazer coisa alguma (algo como ficar ouvindo música, navegando na Internet ou assistindo anime). E o pior é que a fome passa quando eu chego em casa... O meu quarto nunca foi tão grande... Isso pode ser extremamente prejudicial, já que tenho provas e trabalhos importantes daqui a algum tempo... Tenho feito amigos virtuais. E o mais engraçado é que até deles eu escuto coisas como "pare de se fazer de coitadinho"... Puta que pariu! Desculpa, não escrevo mais isso... Engraçado, mas já parei pra pensar se isso era mesmo verdade... Às vezes penso que sim, outras penso que não... E quase tudo ligado à falta de carinho (uma história bem mais longa que os meus vinte e um anos de idade). O que eu faço, então??? Já houve uma época em minha vida na qual eu fui um dito anti-social. Com certeza, foi a época mais divertida da minha vida... Eu era a pessoa mais fechada que se conhecia, adorava ver fotos de cadáveres no curso de informática (hoje a repulsa voltou - ainda bem), usava roupas rasgadas, ou finas (quase transparentes) de tão velhas, por pura opção. Adorava tocar Legião urbana (e ainda toco, de vez em quando). Falava muito pouco, e somente com as pessoas que me interessavam. Sentava no fundo da classe, não porque os baderneiros lá estavam (muito pelo contrário, estavam nos flancos), mas por vontade de ficar sozinho. Conheci pessoas interessantes, que aos poucos foram me fazendo ver que era preciso mudar de atitude. Não com argumentos do tipo "você deve" ou "eu, se fosse você, faria"... Mas pura e simplesmente através da convivência. Ah como eu tenho saudades daquela época... Opiniões eram respeitadas, ainda que diferentes, inusitadas, ou completamente fora de contexto. Ficava horas sozinho pensando nas coisas... Eu adorava sair andando do CEFET-BA (bairro do barbalho) até a Praça da Cruz Caída (perto da prefeitura), algo em torno de uns 5 quilômetros. Ver o por do sol lá, ou simplesmente ficar horas olhando para a Baía de Todos os Santos. Com certeza uma vista maravilhosa... Ficava ali, pensando na vida... Era agradável reparar nos mínimos detalhes das pessoas que ali passavam, turistas ou não. Casais felizes, andando de mãos dadas, enamorados; ambulantes apressados, cuidando da sua própria vida; artistas de rua, encantando a todos com suas habilidades. E no meio de todas aquelas pessoas, eu, mais um simples desconhecido. Alguns paravam pra me ouvir cantar (quase sempre levava o violão). Num dia desses, um ficou até cantarolando Love By Grace com a namorada... Eu, sozinho, isolado (tá certo, com um ou dois amigos de verdade), mas com personalidade própria, livre de influências (boas ou más, é verdade), e um tanto menos preocupado com coisas tais como amores. Tão carente quanto hoje, de certo, mas menos preocupado com isso. Nos últimos dias, sinto uma vontade enorme de voltar a ser assim. Mesmo reconhecendo que as mudanças que sofri daqueles dias para os atuais são agradáveis (ao menos a maioria delas)... Pelo menos naquela época eu não corria os riscos que corro hoje, não fazia a mínima questão de agradar. Eu era pura e simplesmente eu... Ainda que me olhassem atravessado, cochichassem pelas minhas costas, ou me isolassem (ou o contrário). Sei que isso é algo radical demais... Prometo que só vou usar isso em último caso (ou não). Que vão praquele lugar se me chamarem de coitadinho de novo, já estou farto disso... E eu que só queria um abraço...

29 setembro 2006

Mar negro de mim

Minha complexidade me excede... Meus sentimentos me ofuscam a razão... Meu corpo não me comporta mais... E a mente, em outro corpo... Meus olhos estão cegos, Ofuscados pela luz negra de outrora. Intermitente, insuficiente, Fustiga-me pela ausência da aurora. Ainda que a fundo eu respire, Dilacera-me torturante a alma A cada brisa, a cada toque... Eu me afogo num mar de mim, Sozinho por assim estar, Diante do medo de fechar os olhos...

28 setembro 2006

Cerrado no escuro...

Eu não mais me reconheço. Esqueci-me do que sou, Do que sei, Do que faço. Abdiquei-me de mim mesmo No momento em que cerrei meus olhos. Minha essência esvaiu-se, Minha mente se esgotou. Volto-me à face do lirismo sem causa, Enclausurado naquilo que eu conheço de melhor: O escuro... E ainda que me batam novamente à porta, Mantê-la-ei cerrada, selada, Até que a nuvem obscura se disperse...

27 setembro 2006

Sublimação

E do mais profundo eu amor te dou Por plena incapacidade de contê-lo E por mais que não seja válida a inocência de dividí-lo Eu sempre o farei, por simples alegria... Mesmo que somente o alento me acene de volta, Num resquício qualquer de reciprocidade, Viverei intensamente o que vivo, Num estado constante de sublimação... Que se queime toda a minha essência No último sopro de vida Que ainda me faz sentido Que se eleve de todo a candura Levando consigo minh'alma E o que ainda resta de mim...

Amor Intenso

Amor como esse existe de verdade? É o que eu sempre escuto... E ainda que exista, o quanto nós nos permitimos viver toda esta intensidade? Desprender-se de todo o bom senso, das defesas e correntes, para se entregar de todo a um sentimento inquietante como este, é realmente o melhor caminho??? Eu tenho medo de sofrer... Sofrer pelo que não vale a pena. E ainda assim eu sofreria, por medo de renegar à felicidade, quando ela vier a bater em minha porta...

18 setembro 2006

Amigos Virtuais

Com a febre das comunidades virtuais espalhadas pela internet (e em especial o tão aclamado Orkut), pessoas se relacionam com um grau de intimidade cada vez maior. Escondidas sob perfis falsos (os fake profiles) essas mesmas pessoas se libertam do grande peso que é falar abertamente sobre coisas um tanto vexatórias ou mal vistas pela sociedade, como homossexualismo, ou ainda sobre coisas extremamente pessoais, como decepções amorosas e crises existenciais. A pergunta que fica é: existe uma amizade real nesse meio um tanto hostil? Não há contato físico entre as partes. Não há qualquer espécie de confirmação a respeito dos dados pessoais que tais pessoas divulgam em seus perfis, quando tais informações são divulgadas. As fotos podem não ser verdadeiramente de quem dizem ser. Os textos escritos durante as conversas em tempo real podem ser sinceras, como realmente parecem ser, mas também podem simular uma personalidade qualquer. Eles podem exprimir sentimentos comuns aos leitores, para que estes se identifiquem com quem os escreve, transmitindo a este um grau maior de confiança. Pior ainda quando mulheres se passam por homens e vice versa, como uma espécie de experimentos acerca do sexo oposto. Mas até onde se deixar levar neste tipo de envolvimento, já que tantos contras aqui foram expostos? De certo, a única certeza que se tem é acerca do que nós próprios falamos. Às vezes, nem isso. Mas o quanto a certeza a respeito do próximo é necessária? Existem sim pessoas inescrupulosas, que se aproveitam de uma possível fraqueza (momentânea ou não) do emocional ou da própria inoscência e boa vontade das suas vítimas para aplicar-lhes golpes diversos (a dita engenharia social). Mas visto que informações de cunho financeiro e dados pessoais tais como endereço não devem ser divulgados a qualquer preço, isso aqui não é o importante. Se passamos por momentos difíceis em nossas vidas, é extremamente comum procurar alento naqueles que estão dispostos a nos ouvir, a nos dar uma palavra de incentivo, mesmo que por detrás de uma tela de computador. Se as máscaras que vestimos ao efetuar um login vão além da manutenção da privacidade, a ilusão de conforto durante um diálogo qualquer é meramente passageira. Assim que a página expira, ou que o logoff é feito, a mesma sensação de vazio nos acomete, e o ciclo vicioso continua. Mas se há sinceridade em nossas intenções, as emoções transpassam os bytes das mensagens e o aspecto frio e inerte da tela de um computador, e amizades são realmente estabelecidas. Amizades duradouras, por sinal. Confidências são feitas, conselhos são trocados, sentimentos se constróem e as relações se enraizam, mesmo na ausência de contato físico. Cabe a nós determinar o grau de envolvimento dedicado a esse tipo de relação, pois como em todas as outras, pessoas se machucam. Saber reconhecer as verdadeiras intenções das pessoas é fundamental, tanto nas relações reais quanto nas digitais. E após constatadas todas as veracidades e bondades possíveis, aproveitar ao máximo tudo o que essa nova forma de iteração nos proporciona é o que se deve fazer. "Que seja eterno enquanto" a conexão discada não caia, o link da banda larga não fique ruim, o computador não trave...

16 setembro 2006

Que se dane...

Que seja. Não me importa mais o que penso de mim mesmo. Não me importa mais o que eu sinto por mim mesmo. Nem o que quero de mim e dos outros. Que se dane... Não quero mais ser apenas um amigo. Muito menos um estranho, um nulo.... Eu quero ser amado, e que seja intenso... Não é pedir demais um pouco de carinho, Um olhar sincero ou um toque doce, Um abraço ou um beijo de boa noite, Mesmo que por pura obrigação. Viver isolado de todos e de mim mesmo sim o é, Dormir sem sonhar, e acordar sem sorrir, Num corpo seco de sentimentos...

15 setembro 2006

Em que mundo me encontro?

Eu sinto um misto de mim mesmo Que nem mesmo eu consigo compreender. Um pedaço de carne enchertado com sentimentos Não retribuidos ou simplesmente ignorados, À mercê do que chamam de destino...
Lágrimas escorrem pela face, Sem motivo e sem destino, Levando consigo o pouco de certeza Que havia acerca do que não sou...
Eu sou um misto ambulante de solidão e amor, Um amor simplesmente por amar, Que se entrega sem medir consequências, Que se doa, mesmo que por egoismo, Esperando somente um pouco de carinho...
Carinho esse, mesmo que por esmola. Carinho esse, mesmo que por pena. Que seja, ao menos, sincero, Que me disperse o pensamento Mesmo que apenas por um instante...
Em que mundo eu me encontro, Se não sei nem quem sou, Se não sei mesmo o que eu sou, Ou mesmo o que sinto...?
E se nem mesmo eu sei quem sou Quem poderia me dizer, Se me escondo inconscientemente De mim mesmo e do resto do mundo?

13 setembro 2006

Polvo gigante feito de açúcar

Do Orkut, em alguma comunidade e tópico cujo nome agora eu não me lembro, achei a frase: "carência e depressão são o mal do século". Reconheço em mim muito de carência, mas não vejo depressão. Vejo sim, uma crise intermitente de baixa auto-estima. Não é fácil ficar quase 3 anos sem um caso mais sério, principalmente para um romântico assumido. Tem gente que diz que eu exagero... Reconheço que às vezes eu pego um pouco pesado. Na minha ânsia de atenção e carinho eu pareço cobrar demais, de mim mesmo e das pessoas que se envolvem. Sei que isso é prejudicial, visto que faz minhas expectativas irem além do bom senso. E isso não acontece somente no campo sentimental, tenho problemas parecidos no que se refere ao pessoal e ao profissional. Sou um tanto perfeccionista (bem, na verdade muito perfectionista), e há horas em que isso deixa de ser uma qualidade para virar um defeito. Sou carente sim, não nego. Sou carinhoso sim, não nego. E quando a carência ultrapassa os limites, me vejo feito um pote de açúcar numa casa cheia de diabéticos. Ou quem sabe um polvo gigante untado de óleo em meio ao universo feminino (nada me escapa, porém nada fica um segundo seguro em minhas mãos). Mais pareco um polvo gigante feito de açúcar... É difícil olhar para casais amigos meus se beijando inoscentemente, com carinho, com romance, e me sentir incomodado com eles. É difícil se ver desejando mulheres comprometidas, ou aquelas que homens normalmente só desejariam em estado alterado de consciência... Muita gente diz que eu tenho que mudar, mas ninguém percebe que mudanças, por menores que sejam, requerem tempo. Não é fácil mudar de personalidade, ou o jeito de se ver as coisas, de uma hora para outra... Fui muito pior do que sou hoje. Completamente isolado, indo de encontro a tudo o que as pessoas consideravam normal quando adolescente, desde andar com roupas rasgadas e transparentes de tão velhas a gostar de ver fotos de cadáveres. Nunca fumei, nem cigarro, nem nada mais pesado. Nunca fiz tatuagens, nem tenho piercings espalhados pelo corpo. Apenas pensava diferente da maioria das pessoas. Ainda sou assim, mas essa história é longa demais... O fao é que melhorei muito desde então, mas precisei de sete anos para isso. Vêem agora do que falo? Mudanças são um processo contínuo, não ocorrem de uma hora para outra... Uma amiga minha diz que eu tenho "o peso do mundo inteiro nas costas". Acho que ela tem razão... Hoje, eu acho que tenho metade do peso do mundo nas costas. Mas quem tiraria esse peso enorme de mim? Nada se cria, nada se destrói. Tudo se transforma... Eu queria ser o que todos querem de mim, e ser o que eu quero de mim mesmo, mas acho que tudo isso é incompatível demais...

Timidez

Certamente, não é fácil conviver com esse tipo de coisa. Timidez não é uma doença, mas também não é algo necessariamente agradável. Tem pessoas que conseguem conviver bem com isso, visto que timidez possui certos graus de, digamos, gravidade. Há aqueles tímidos somente para falar em público, mas que são normalmente extrovertidos com os amigos, em festas e com a mulherada. Há outros que são mais retraídos, e nem em festas se sentem bem a vontade...
...
Anteontem, após uma conversa com uma amiga de faculdade, descubro que ter ficado com apenas 5 garotas durante o período entre 14 e 19 anos não é normal. Fiquei extremamente chateado com isso (normalmente quando eu estou chateado fico muito mais quieto que o normal). No dia seguinte (ontem), a mesma amiga tentou uma terapia de choque, soltando um "você é um medroso, e exigente demais consigo mesmo e com os outros". Isso pra mim soou quase como um "fraco, incapaz"... Saí correndo do estágio para um shopping center próximo (salve Iguatemi), parei numa loja de perfumes (Empório Bijou, acho), quando me deparei com uma morena linda, de olhos castanhos. Ela borrifava alguns perfumes naquelas tiras de papel. Olhei a vitrine, vi algumas coisas interessantes e resolvi entrar pra comprar um perfume. Ela era simpática, como toda vendedora, escolhi três deles, dos quais dois ela borrifou na minha pele. Estava indeciso, chateado, quieto, muito mais que o normal. Ela insistiu, tomou o meu pulso e snetiu o aroma do perfume que ela havia borrifado, misturado como cheiro do meu próprio corpo. Disse que havia gostado, e me convenceu a levar os três perfumes. Ao pagar todos (no cartão, é claro, quem anda com R$83,00 livres na carteira nos dias de hoje?), ela me olha nos olhos e pergunta: "Você é tímido, Leandro?". Não tive coragem de abrir a boca, e respondi com a cabeça. "Ah, eu acho bonitinho homens tímidos, eu gosto...". Sorri, despedi-me e saí igual ou pior do que havia entrado.
...
Sou tímido, mesmo que meus colegas mais distantes achem o contrário. Costumo brincar pra disfarçar o meu jeito normalmente quieto (uma das muitas mudanças que fiz em mim mesmo em sete anos), falando muito sobre putaria, rindo muito, dançando feito louco nas festas que me predisponho em ir, nos bares onde e quando eu vou com a turma, etc. Não me considero a nata dos homens belos, como elas dizem. Não sou um Zulu, ou qualquer beldade advinda do ébano. Não sei o quê, nem como chegar com 100% de eficácia (ou quase isso - falando em termos estatíticos) nas "presas", como acho que a maioria dos homens ditos "baladeiros" consideram suas paqueras. Já levei foras do tipo "sai, nêgo preto" quando infância, e isso, mesmo reconhecendo ser coisa de criança mesmo, marca. E fundo. Durante muito tempo, tive medo de me aproximar e levar um fora qualquer tanto parecido com isso. Com o passar do tempo, tive medo de levar um fora, qualquer que fosse. Anteontem, durante uma conversa, acabei descobrindo que ficar com 5 garotas apenas entre os 14 e os 19 não é considerado algo normal. Amigos meus falam que eu tenho que mudar, e como eu havia dito antes, aqui mesmo e em muitos outros lugares e ocasiões, mudanças não ocorrem de repente.... Essa timidez me incomoda, e muito. Não é fácil ficar sozinho, por pura timidez. A gente costuma fazer coisas que normalmente não faz. Vejo-me desejando mulheres comprometidas, ou aquelas que homens normalmente só desejariam em estado alterado de consciência. Vejo-me desejando mulheres 20 anos mais velhas, não que eu tenha preconceito quanto a idades, mas isso é coisa que eu normalmente não faço (a menos que essa mulher madura seja esculturalmente linda). Às vezes me bate uma crise de baixa auto estima, que vai e volta, sempre. Justo eu, tão carinhosos, romântico, sensível, compreensivo... Já me disseram que homens assim são difíceis de se encontrar. Mas só ouço isso de amigas. E quando eu me predisponho a ir à luta, por assim dizer, só ouço "amizade" como o máximo que elas podem me ofereçer. Se eu recuso a amizade, sou um idiota. Se eu aceito, sou pasivo demais... Não sei o que querem... Decididamente, não sou o "homem com pegada" que a maioria delas gosta... Não queria ter que ser o que não sou para deixar de ficar sozinho. Quero que as pessoas gostem de mim como eu sou,e não pelo que querem que eu aparente ser. "Sua hora vai chegar", mas eu estou me cansando de esperar... Leia também: O possuidor de mundos