28 setembro 2009

[O Menino Amarelo] O Cativeiro Mofado

Era uma vez, um menino amarelo. E o menino amarelo estava namorando. A namorada do menino amarelo já havia tido filho, e era (como sempre) um tanto mais velha que o tal menino. Num desses finais de semana, a doida namorada do menino amarelo resolve convidá-lo para almoçar na casa dela...

Depois de andar do Himaláia até o Egito, passar em Angola e ir parar ali, pertinho do Bom Preço, eis que o menino chega suado na casa da namorada, sem fôlego sequer pra abrir um portão. E ali estava a criatura. A cria da maluca. Criança simples, sorridente, sentada no sofá da sala assistindo TV, analisando a amarelidão em pessoa com o mesmo jeito de um Poodle (e o menino amarelo ficou com trauma de Poodles depois que um quase mordeu seu rosto).

Comida diferente, sobremesa, sabe aquela média que namorada faz quando quer agradar? Pois bem. Ai vem aquela tapeada pra deixar o menino ambientado, pra acostumar a cria da maluca com o amarelo... Até que ela resolve despachar a cria pra Deus sabe onde. Leva até um pouco de sobremesa junto, pra tapear... Enfim sós. Ah, se ele soubesse... O tempo passa, e mais ou menos 3 ou 4 horas depois, batidas na porta. A maluca havia dito que estaria sozinha, então, a adestradora, junto com a cria da maluca e outra cria enxotada a tiros de um circo de horrores resolvem lhe fazer uma visita. Ambos ficaram desesperados, e no meio de tanta correria, a única idéia que a maluca teve foi trancafiar o menino amarelo num quarto mofado. Nãããããããooooooo!

Todo mundo sabe que o menino amarelo tem alergia a mofo. Mais amarelo do que nunca (quase um verde cana), até que tentou respirar devagar pra não inalar tanto mofo, mas depois de um certo tempo, a idéia não deu muito certo. Enquanto isso, a criatura vinda do circo dos horrores vasculha tudo em todos os aposentos, exceto aquele, que está trancado. Parecia até farejar cheiro de meia com chulé (era o sapato amarelo, mas tudo bem). E o Poodle até que não mostrou os dentes, ficou quietinho...

Diante do amarelo, havia uma janela. Gradeada por fora, mas era uma fresta de ar... E ali ele ficou feito peixe em rio poluído até a cavalaria do apocalipse ir embora... E que alívio... Parecia aquelas cenas de filme quando o navio afunda e há alguma câmara de ar, e os náufragos tomam o último fôlego antes de ir até a superfície, 150 metros acima...

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