E do olhar surge o desejo. Desejo intenso, avassalador, que me tira o fôlego. E o jeito doce e quente com o qual me toca, o jeito puro e devasso com o qual me beija, faz-me pensar no quão homem eu sou, e no quão homem eu ainda posso ser. Teu cheiro, que se mistura com meus fluidos, traz-me mais que o gozo do roçar dos corpos, que os gemidos displicentes que ainda insistem em ecoar pelas paredes do quarto. E mesmo quando nossos corpos, esvaídos pelo êxtase, não conseguem nada mais além de se manterem quietos estirados sobre a cama redonda e macia, ainda há fôlego pra sussurrar, ao pé do ouvido, um simples - mas poderoso - "eu te amo".
Há mais do que satisfação na sensação que tenho ao lhe ver de olhos cerrados, de corpo inerte, de respiração ofegante. É como se nesse momento, se materializasse da forma mais intensa toda a nossa entrega, toda a doação... Olhar-lhe ali, completamente inerte, faz-me querer lhe satisfazer ainda mais, mas de formas ainda mais verdadeiras e sutis, que com certeza extrapolam os corpos despidos, as quatro paredes, e o suor que ainda escorre pelo seu corpo. Faz-me querer ser o seu porto seguro, de alicerces fortes, tão inabalável quanto o seu bom humor.
E pra ser o seu porto seguro, tão seguro quando você necessita (e quanto eu desejo ser), é preciso que eu ponha (de novo) os meus pés no chão. Que talvez eu abdique dos caprichos e vontades de um menino que ainda aprende a andar com as próprias pernas, "recém saído dos cueiros", como talvez você diria. Esse mesmo menino precisa sim aprender com os erros, os próprios e os dos outros. Entretanto, que meus erros sejam tão pequenos a ponto de ainda condizerem com a barba que cresce em meu rosto...
O seu homem, como aliás você mesma gosta de proferir, é uma simbiose do desejo, energia e força de um homem, e a candura, leveza e carinho de mulher. Diria eu, agora, se já não houvesse lhe cantado em outro momento, "eu te amo", oh alguém, que ainda insiste (e dou-lhe graças por isso) em me guiar pela estrada do bem...