31 outubro 2008

Porto Seguro...

E do olhar surge o desejo. Desejo intenso, avassalador, que me tira o fôlego. E o jeito doce e quente com o qual me toca, o jeito puro e devasso com o qual me beija, faz-me pensar no quão homem eu sou, e no quão homem eu ainda posso ser. Teu cheiro, que se mistura com meus fluidos, traz-me mais que o gozo do roçar dos corpos, que os gemidos displicentes que ainda insistem em ecoar pelas paredes do quarto. E mesmo quando nossos corpos, esvaídos pelo êxtase, não conseguem nada mais além de se manterem quietos estirados sobre a cama redonda e macia, ainda há fôlego pra sussurrar, ao pé do ouvido, um simples - mas poderoso - "eu te amo".

Há mais do que satisfação na sensação que tenho ao lhe ver de olhos cerrados, de corpo inerte, de respiração ofegante. É como se nesse momento, se materializasse da forma mais intensa toda a nossa entrega, toda a doação... Olhar-lhe ali, completamente inerte, faz-me querer lhe satisfazer ainda mais, mas de formas ainda mais verdadeiras e sutis, que com certeza extrapolam os corpos despidos, as quatro paredes, e o suor que ainda escorre pelo seu corpo. Faz-me querer ser o seu porto seguro, de alicerces fortes, tão inabalável quanto o seu bom humor.

E pra ser o seu porto seguro, tão seguro quando você necessita (e quanto eu desejo ser), é preciso que eu ponha (de novo) os meus pés no chão. Que talvez eu abdique dos caprichos e vontades de um menino que ainda aprende a andar com as próprias pernas, "recém saído dos cueiros", como talvez você diria. Esse mesmo menino precisa sim aprender com os erros, os próprios e os dos outros. Entretanto, que meus erros sejam tão pequenos a ponto de ainda condizerem com a barba que cresce em meu rosto...

O seu homem, como aliás você mesma gosta de proferir, é uma simbiose do desejo, energia e força de um homem, e a candura, leveza e carinho de mulher. Diria eu, agora, se já não houvesse lhe cantado em outro momento, "eu te amo", oh alguém, que ainda insiste (e dou-lhe graças por isso) em me guiar pela estrada do bem...

29 outubro 2008

Resignação?

A frustração inerente ao homem puro esvai-se a cada gole. A força de vontade que ainda resta no homem que tornou-se impuro tenta transformar a fossa em glória. E eis que num segundo o tempo pára, e a candura nos olhos da menina dá lugar ao medo, à decepção, e à lágrima que agora escorre pelo rosto do homem fraco. "Levanta-te, pobre homem", diz a menina, no mesmo choro copioso ao qual o homem fraco está agora fadado, enquanto o torpor ainda lhe faz efeito.

E a cada dia, a cada manhã, lá está o homem impuro e fraco, deitado sob a marquise do prédio velho, com seu falso amigo debaixo do braço. E a cada dia, a cada manhã, lá está a mesma menina, com aqueles mesmos olhos, com aquela mesma voz, fazendo-lhe aquele mesmo pedido. Lembrança de um tempo onde o homem fraco ainda era forte...

Até que numa manhã qualquer, aquele homem ainda fraco esfrega insistentemente os olhos ofuscados pela luz tênue da manhã. "Levanta-te, pobre homem", ele insiste em ouvir. Olha para um lado, olha para o outro, e segurando o seu velho amigo pelo pescoço, percebe que ele está vazio, não há mais nenhum outro gole. Estava sóbreo, e aquela voz não lhe parecia mais uma lembrança. Não sabia ele se o gosto estranho na boca era o gosto de sangue, ou a ausência do seu néctar matinal, até agora encarado como fonte de alívio. Quem lhe tiraria a dúvida, afinal?

17 outubro 2008

FindBug x Eclipse = Eles também erram?

Essa semana eu mudei de "emprego". E no emprego novo, eu cheguei numa semana bem interessante: seminários pós-almoço, pra aproveitar melhor o ócio pseudo-produtivo. E aproveitando ainda o ócio pseudo-produtivo da minha primeira semana, eu resolvi postar algumas coisas interessantes.

No seminário de hoje, foram apresentadas ferramentas de inspeção de código. Entre elas, o CheckStyle, o PMD e o FindBug. Como o FindBug já estava instalado no ambiente, lá vou eu rodá-lo em cima de um projeto qualquer, e encontrei um fato interessante. O Generate Getters and Setters do eclipse não segue as "boas práticas" de programação, apesar de ser algo extremamente útil no dia a dia dos desenvolvedores. Note:
public class SomeClass {
    private Timestamp someDate;
    ...
    public Timestamp getSomeDate() {
        return this.someDate;
    }
...
}
Esse é o tipo básico de getter que o Eclipse gera. Entretanto, ele tem um problema. Ele retorna uma referencia direta para o membro someDate, que poderia ter seu valor alterado de maneira indiscriminada. O mais correto seria desta forma:
public Timestamp getSomeDate(){
    return new Timestamp(this.someDate.getTime());
}

Neste caso, a instância retornada pelo método não é a mesma que a classe armazena, preservando assim a integridade dos seus dados. Analogamente, o setter gerado pelo eclipse:
public void setSomeDate(Timestamp someDate){
    this.someDate = somedate;
}

Deveria ser implementado como:
public void setSomeDate(Timestamp someDate){
    if (someDate != null) {
        this.someDate = new Timestamp(somedate.getTime());
    } else {
        this.somedate = null;
    }
}

Veja Também:

12 outubro 2008

Conto de Fadas

Quem é o infeliz ser humano que não sonha em tudo tão perfeito, quanto pintam os contos de fada? Ainda que sejam aqueles dos tempos modernos, onde o cavalo branco é um honda civic ultimo ano, onde o castelo é um apartamento num prédio "um por andar"... Onde a princesa não é mais casta, e o "felizes para sempre" dá lugar ao "que seja eterno enquanto dure"... E quão ruim é ver que um conto de fadas, às vezes se racha... ou se quebra? É como uma criança que tem seu brinquedo favorito arrancado das mãos... Aquele conto de fadas, onde às vezes nos escondiamos das frustrações e medos de outrora, volta e meia se quebra, e nos revela aos olhos do mundo. É nessas horas que choramos feito a tal criança, sem o brinquedo. Também é nessas horas que torcemos para que, assim como a criança que acha um pedaço de madeira no chão e imagina uma espada, achemos outro ópio para as nossas frustrações... Ou, a melhor das soluções, nos tornemos adultos de vez, mas sem perder a candura dos tempos de criança.
"Só em pensar no medo que eu tenho de que o meu conto de fadas se quebre..."