E de repente o tempo para. Por um instante, eu olho para o lado e vejo um olhar calmo, feliz, como quem diz "obrigado", sem mover os lábios. E o sorriso dos olhos acompanha o sorriso dos lábios, sonhando acordado um sonho que mais parece realidade. E, na verdade, é.
E ainda acordado, desenho com os olhos os contornos de um corpo exausto, completamente esparramado em cima do meu. Impossível ser diferente, quando se tenta, sem sucesso, transformar em algo físico todo o sentimento que insiste em transbordar pelos poros, pelo olhar, pelo sorriso, pelas batidas aceleradas de corações já tão castigados pelas pedras encontradas até agora.
E queima! Não, não estou falando do quarto próprio, um tanto abafado, ou do ar condicionado desligado do quarto alugado. A sua pele realmente queima, e você não está com febre. É olhando você dormir, que eu relembro tudo o que vivemos, desde a completa distração, até os momentos mais intensos. É estranho pensar que não houve um só instante do qual eu me arrependesse...
E, ainda olhando você dormir, que eu te aconchego nos meus braços, encaixando seu corpo no meu, pra lhe dizer que eu estou bem aqui, e daqui não pretendo sair. Dizer sem palavras que eu sou feliz, muito mais do que eu poderia imaginar, sem usar de asas ou utopia.
P.S.: E depois de tantos "e's", apenas mais um, não menos importante: eu te amo.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.