04 abril 2012

E o que será do amor?

E o que será do amor, senão paciência? O que será do amor, senão as diferenças de temperamento, de pensamento, de atitude? O que será do amor, senão a tolerância, e aos dias um após o outro? O que será do amor, senão a cumplicidade, a fé e a motivação que um há de imprimir ao outro, para que a vida se torne um tanto mais leve?


Não, o amor não parece doer. Ao menos não tanto quanto aquilo o que eu vinha sentindo durante todos os meus tão poucos anos de vida. O amor só é uma prova cabal de que não há coração fechado o suficiente, magoado o suficiente, desesperançoso o suficiente, que não reconheça a fagulha mínima daquilo que nasce devagar, com o tempo, e acaba lhe tomando, inclusive, os intervalos entre um batimento e outro. 


É engraçado o modo como hoje eu ainda preciso pensar rápido, pois vira e mexe o amor me faz responder perguntas capciosas. "Estou gorda?", ou "meu cabelo está feio?", respondidos sempre com um "mais ou menos", ou "podia ser melhor", ou um "não tanto assim, vai", para o bem dos meus dentes, e felicidade geral do casal. Mais engraçado ainda é ver como o amor muda constantemente de vontade ou desejo, mudando de picanha para sushi, de acarajé para iogurte diet natural com cobertura de kiwi, de uma comédia romântica para um seriado com um assassino em série bonzinho. O amor acha graça das nossas reações masculinas, quando resolve incitar ao ciume, principalmente quando diz que aquele colega de trabalho boa pinta lhe fez um elogio.


O que seria do amor sem as brigas, sem as discussões causadas pelo medo de um, pela inércia do outro, pela ansiedade, pela expectativa frustrada? O que seria do amor sem a compreensão, sem a aceitação, sem os acordos, sem o diálogo? O que há de ser do amor, sem a doação pura e gratuita daquilo que temos de melhor, e que infelizmente, não nos separa daquilo que temos de pior?


Não, o medo não foi embora. Não há certeza que me tire o medo de errar e perder aquilo que antes foi intenso, e hoje há de ser eterno, tal qual o desejo do poeta. O desejo de querer ser um homem melhor continua, com a mesma urgência de antes.






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