27 janeiro 2007

Carpe Diem

Sonhar um pouco é bom... Maravilhoso é quando estes são sonhos simples, possíveis de se tornarem realidade... Um dejà vu às vezes é extasiante, traz-nos a nostalgia de momentos felizes de outros tempos... Melhor do que isso? Um carpe diem talvez. Mais um telefonema, mais algumas poucas palavra trocadas... Mais uma bela tarde de boa companhia. E se essa tarde fosse um segundo diferente do que foi, não seria tão boa quanto... Aproveitar o tempo junto de uma mulher tão interessante quanto ela... Tirar proveito de coisas simples, como um abraço, ou o perfume do condicionador nos cabelos... O traquejo do olhar... O som de sua voz... Chegamos ao shopping e ela estava com um pouco de fome. Passamos pela praça de alimentação e o cinema estava bem ali. A Grande Família nos chamou a atenção, compramos ingressos e fomos à fila, pequena por sinal. Eu marcando lugar, ela em direção às lanchonetes próximas, a comprar algum lanche ao nosso gosto. Tão graciosa... Admirá-la de longe ainda me trazia alegria, como há cinco (ou mais) anos atrás. Tenho eu hoje um pouco mais que isso? Talvez... Um palco montado no meio da praça de alimentação. Um homem, negro, mulato talvez. Um violão lindo, uma voz primorosa... Músicas que me dizem mais que palavras, dizem muito de mim mesmo. E ela ali, do meu lado, ora com a cabeça recostada sobre meu ombro, de um jeito carinhoso que só ela... O silêncio eloqüente de nossas bocas davam aos ouvidos a oportunidade de falar... O coração de sentir... A (minha) alma de sonhar... Um cinema simples, modesto. Sentados à esquerda, recostados à parede. Refrigerante, sanduíche (delicioso, como um beijo), fritas... Som de beijos ao fundo, ao lado, à frente... Entre nós, poucas palavras trocadas. Nenhum beijo. Apenas a companhia, risos, olhares... Admirá-la de perto era ainda melhor... O jeitinho contido (mas nada passivo) que me atraíra... O olhar perdido sobre a tela... Sim, eu estava assistindo ao filme. Mas deixar uma exposição de arte como essa passar diante dos meus olhos seria uma sentença de morte. Sessão encerrada, pessoas se levantando. Eu sentia que o tempo se esvaia rápido, mas não havia nada a se fazer. Melhor, nada a mudar. Talvez a Baía de Todos os Santos, distante alguns (muitos) metros dali, mas era melhor deixar as coisas como estavam. Algumas vitrines ainda dentro do shopping, e a oportunidade de saber dos seus gostos... Belas peças, belas cores... Entre uma loja e outra, caminhávamos como um casal de namorados, de mãos aninhadas, abraçados, distraídos... Que bom que isso foi tácito... Uma outra fila, a última da noite. O ônibus demorava a vir... Conversando amenidades, íamos matando o tempo e desfrutando um pouco mais da companhia um do outro. Como antes, eu me perguntava "por que acaba tão rápido"? "A gente bem que poderia repetir isso mais vezes", eu disse. E num aceno de cabeça em resposta, um conforto. Num sinal de despedida, ainda tolhido pela candura do dejà vu de outrora, "vai com Deus" eu lhe digo. Um "fica com Ele" dela eu esperava, mas um beijo eu recebo...
"E ainda que o mar toque o sol quando ele se por, a sua essência não esmaecerá..."
"Obrigado, meu anjo..."

15 janeiro 2007

Revivendo um sonho...

É impressionante como um dejà vu pode ser maravilhoso... Tão maravilhoso que pode nos trazer a leveza dos passos novamente, as esperanças, o estímulo, motivação... Uma verdadeira limpeza nas aflições. E se isso não é o bastante, o que seria? Um telefonema, algumas palavras trocadas. Estava marcado um passeio comum, como tantos outros, em boa companhia. Um ônibus, alguns minutos rodando pela cidade, e uma conversa amena, sem pretensões, sem intenções, apenas para passar o tempo de uma forma agradável. O silêncio às vezes também agrada, dá-nos a oportunidade de pensar em nossas próprias coisas... Boas lembranças resgatadas de cinco ou seis anos atrás, coisas de adolescente. Pessoas relembradas, pessoas esquecidas, saudade de uns, de outros não... E enfim, a hora de desembarcar... Talvez de propósito ou por acidente, acabei descendo do ônibus (junto com a boa companhia) alguns pontos (paradas) antes do ideal. Menos mal, dá-nos a oportunidade de caminhar, conversar um pouco mais... Uma esquina, um cruzamento, um bar ao fundo com música ao vivo, um belo trio por sinal. Esperando eu não sei o que, acabei me vendo puxado pela mão para atravessar a rua. Sim, pela mão, com os dedos entrelaçados, como há muito alguém não me fazia... Uma caminhada vagarosa, num abraço pela cintura. Um jeito carinhoso de se abraçar, próprio daquela boa companhia. Uma água de coco, e a vista do por do sol soteropolitano às 17:40 me trazia boas lembranças. Um dejà vu? Talvez... A caminhada acaba ao lado de uma igrejinha, no Rio Vermelho. Uma mureta, algumas pedras quatro ou cinco metros abaixo, o mar, e o por do sol com um céu alaranjado, tenro... Um abraço, um olhar distante... Os olhares se cruzam e eu me arrependeria se eu perdesse a oportunidade para um beijo... O segundo beijo, depois de cinco anos... Sim, um dejà vu... Enquanto o sol se punha, eu ia ficando cada vez mais leve, mais relaxado... A maciês dos cabelos ondulados da boa companhia me entretinham, a textura do seu rosto ainda me fazia lembrar das trapalhadas de outrora, que decididamente não se repetiriam naquele dia... Um acarajé, um refrigerante, e mais um pouco de caminhada. Ao invés de caminhar pra refletir sobre problemas, eu caminhava simplesmente por caminhar, por sugestão dela. O trajeto Rio Vermelho - Cristo (Barra) nunca foi tão agradável... Lá de cima, o Farol da Barra nunca me foi tão majestoso. As luzes da praia refletiam graciosamente sobre as pedras daquela encosta, sobre as ondas que quebravam jeitosas sobre a areia. Aquela brisa suave e fresca pedia outro abraço, sem demora... Poucas palavras, apenas para quebrar o silêncio de vez em quando, para emendar um ou outro beijo, para conhecer um pouco daquela pessoa tão querida... As horas nunca passaram tão rápido, 20:15, hora de ir... Parados num ponto de ônibus, recostados numa das pilastras. "Por que acaba tão rápido?", eu me perguntava. E ela bem ali, com a cabeça recostada no meu ombro, com uma das mãos nele, outra sobre meu peito... Ora de olhos fechados, pensando sabe-se lá o que, ora um beijo carinhoso... O ônibus chega, um abraço de despedida. "Vai com Deus", eu digo. "Fica com ele", ela responde. "Fica comigo", eu pensava comigo mesmo, enquanto ela entrava no ônibus e este ia embora...
E eu, olhando o ônibus enquanto este sumia, pensava: "Obrigado Ludy, meu anjo..."

10 janeiro 2007

One Last Cry - Brian McKnight

One Last Cry

Composição: Brian McNight, Brandon Barnes e Melanie Barnes

My shattered dreams and broken heart Are mending on the shelf I saw you holding hands Standing close to someone else Now I sit all alone Wishing all my feeling was gone I gave my best to you Nothing for me to do But have one last cry Chorus: One last cry Before I leave it all behind I've gotta put you out of my mind this time Stop living a lie I guess I'm down to my last cry I was here you were there Guess we never could agree While the sun shines on you I need some love to rain on me Still I sit all alone Wishing all my feeling was gone Gotta get over you Nothing for me to do But have one last cry Chorus: One last cry Before I leave it all behind I've gotta put you out of my mind this time Stop living a lie I know I gotta be strong Cause round me life goes on and on and on and on I'm gonna dry my eyes Right after I have my one last cry Chorus: One last cry Before I leave it all behind I've gotta put you out of my mind for the very last time Been living a lie I guess I'm down I guess I'm down I guess I'm down... to my last cry Tradução Meus sonhos destruídos e coração partido Estão remendando na estante Eu vi você segurando mãos Levantando-se perto de outra pessoa Agora me sento só Desejo que todo meu sentimento tenha desaparecido Eu dei meu melhor para você Nada para fazer Mas tenho um último grito Chorus: Um último grito Antes que eu deixe tudo para trás Tenho que tirar você da minha mente esta vez Deixar de viver uma mentira Eu acho que estou triste para meu último grito Eu estava aqui você estava lá Adivinhe, nós nunca poderíamos concordar. Enquanto o sol brilha em você Eu preciso de um pouco de amor para chover em mim Ainda me sento só Desejo que todo meu sentimento tenha desaparecido Tenho que superar você Nada para fazer Mas tenho um último grito Chorus: Um último grito Antes que eu deixe tudo para trás Tenho que tirar você da minha mente esta vez Parar de viver uma mentira Eu sei que eu tenho que ser forte Pois minha vida vai e volta sem parar e sem parar Vou enxugar meus olhos Direito, depois eu tenho meu último grito Chorus: Um último grito Antes que eu deixe tudo para trás Tenho que tirar você da minha mente pela última vez Estive vivendo uma mentira Eu creio que estou triste Eu creio que estou triste Eu creio que estou triste... Por meu último grito Fontes: http://mcknight-brian.letras.terra.com.br/letras/697098/ (Tradução) http://mcknight-brian.letras.terra.com.br/letras/25302/ (Original) http://www.youtube.com/watch?v=XmBvLWECIIU (Vídeo do Piano) http://www.youtube.com/watch?v=L0xPWB_Y4yI (Video do Violão)

08 janeiro 2007

Pré-adolescentes curiosos

Ontem, lá estou eu, dormindo. Uma amiga (12 anos) do meu irmão (16), filha de uma amiga da minha mãe, me chama. Queria que eu descesse com o meu violão, pra ficar na calçada da casa em frente. Bem, eu estava dormindo. Quando eu acordo, meu irmão diz que ela havia me chamado. Encontro-a mais tarde, pego meu violão, e vou para a calçada... Lá estamos os dois, sentados na calçada da vizinha. Ela me diz que queria me acordar, entrar no meu quarto. Eu, brincando, falo que durmo sem roupa (mentira, no máximo com um short de tecido sintético, sem cueca), e ela (não sei se brincando, ou se falando a verdade), diz que iria no meu quarto me acordar do mesmo jeito. Bem, desconversei, lógico. Depois, ela começa com perguntas estranhas, como "você faz bem?" ou "você é virgem?"... Eu tentei saber o porque de tais perguntas, e descobri: mera curiosidade. Sim, curiosidade. Muitos de nós, quando pré-adolescente, temos muitas dúvidas, e não temos a abertura necessária pra perguntar aos nossos pais, parentes, professores. Ela perguntou a mim, sim, sou 9 (ou mais) anos mais velho que ela, brinco bastante com todos os pirralhos amigos do meu irmão que eu conheço... Expliquei o que eu pude, com o máximo de imparcialidade, seriedade, responsabilidade possível. Nessas ocasiões, não se pode colocar na cabecinha dessas crianças insinuações sexuais próprias, afinal, pedofilia é crime. É melhor que nós, adultos responsáveis, respondamos às dúvidaa dessas crianças ao invés delas descobrirem, da pior maneira possível, que camisinha se evita gravides e doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo. Pensem nisso vocês, amigos, conhecidos, ou apenas leitores exporádicos...

02 janeiro 2007

Após a "morte", saindo do túnel...

Não estou mais no meu "caixão". Tudo o que eu lembro, é que eu pedi pra que fosse enterrado num belo jardim, numa manhã de sol de sábado. Dava pra ouvir cachoeiras ao fundo, o canto dos pássaros, e depois, silêncio. Escuridão total. Havia uma luz, bastante tênue ao fundo do que eu podia chamar de horizonte, e como era a única coisa visível que eu pudia encontrar, fui em sua direção.

Deparei-me diante do mar, numa noite de segunda feira. O sol já havia se posto... Havia núvens negras e expessas no céu, um azul quase negro, torpe, intimidador. As ondas batiam furiosamente na areia da praia, e eu ali, há 20 metros de onde elas se arrebentavam. Sentia-me como num banco de areia, no meio do oceano pacífico, e continuaria assim, se não percebesse as luzes que emanavam atrás de mim, daquele shopping pelo qual eu havia saido. Apesar de furioso, o mar me chamava. Ele queria falar comigo...

Caminhei vagarosamente ao seu encontro, como criança que teme uma represália dos pais. Parei diante dele, bem perto de onde as ondas quebravam, de pés descalsos, já molhados. Olhei fundo para aquilo que parecia ser uma cara zangada, um coração sombrio... Olhei fundo nos olhos daquele monstro furioso. A única coisa que eu pude fazer foi rezar. Rezei por minha melhor amiga, aquela a quem eu não tive condições de pedir perdão antes de morrer. Rezei por pessoas que eu não conheço, mas que são importantes pra mim, rezei pela minha família, e quase esquecia de rezar por mim mesmo... Senti falta da minha amiga... Morto, onde eu estava, não mais a veria. Não mais discutiria bravamente com ela, nem daria risos descontrolados sobre coisa alguma... Não mais a olharia nos olhos, tentando entender o que se passa naquela cabecinha...

Não faria mais sentido pedir-lhe um abraço, o mesmo que eu só havia recebido apenas uma vez: "O abraço que me faltava"... Não mais me sentiria inútil ao não poder proteger-lhe, seja por incapacidade, seja por proibição. Não mais me sentiria um inútil, por ser repreendido por atos... Enfim, uma paz gélida, inerte, sem sentido... Nada mais além de areia, água fria, e um céu cheio de nuvens negras, tão negras quanto o próprio céu, quanto a própria água. Senti algo familiar naquele lugar... Algumas almas corriam de short, blusa e tênis, atrás de onde eu estava. Outras, apenas caminhavam. Algumas, bem poucas, olhavam para aquele monstro enfurecido, assim como eu. Fechei os olhos, e deixei-me levar pelo que eu sentia, ali, naquele instante...