27 dezembro 2007

A new passion? CERTAINTY!

E lá estava eu, sentado na varanda, olhando para a goiabeira, decidido a só sair de lá quando o avistasse. E assim foi, por quase uma hora. Até que o passarinho veio, cansado, cabisbaixo, meio chateado... Pousou no muro, ao meu lado, e nada disse. Não ciscou as pedrinhas soltas, não ficou olhando pros lados, apenas pousou e ficou olhando o nada, como da outra vez. Gatos passavam pelo passarinho verde, e nada... Não li em seus olhos vontade qualquer de dizer coisa alguma, aliás, quem tinha essa vontade era eu... Até que o passarinho me olha e espera. E eu, meio que numa mistura de português com “passarinhês”, entre outras palavras e assobios, peço: “fica?” E a reação foi um misto de riso e espanto, talvez por ter sido pego de surpresa. E ficou ali pensando, ponderando, meio que preocupado, mais comigo do que consigo mesmo. Já era hora de arriscar, e se os fiapos dos meus lençóis não eram suficientes pra lhe fazer um ninho seguro e confortável, que me leve o lençol inteiro, os travesseiros, colchão... Depois de uma conversa séria, e um pouco de manha, o passarinho então decide ficar. Ele me faz subir na goiabeira, e “entrar” no ninho. Era quente, aconchegante, confortável... E novamente eu poderia vê-lo dormir em fiapos dos meus lençóis brancos, poderia admirar o seu canto, e admira-lo em meu canto... Dar “bom dia” ao amanhecer, dar “boa noite” ao anoitecer... Tê-lo novamente em minhas mãos foi mais que um presente, foi uma dádiva... Ficou quietinho por um tempo, envolto no calor de minhas mãos, pensando em coisa qualquer... E não, não era um sonho. Ele realmente estava bem ali, em minhas mãos, quietinho, feito bebê em sono de anjo...

26 dezembro 2007

Projeto Final de Curso - Parte II

Nervosismo à flor da pele. Eu andava de um lado a outro do corredor do IM (Instituto de Matemática) mais do que nervoso; inspirava fundo, e expira vapor, suor, e tensão. Comecei a minha apresentação naquela segunda feira (10/12/2007) fatídica, querendo que aquilo acabasse o mais rápido possível. Acabei passando 5 minutos do tempo previsto. Tentei explicar alguns slides antes de mostrá-los, o que talvez possa ter tirado um pouco da objetividade da apresentação. Era estranho ver dois doutores e um mestre olhando pra mim, fazendo cara de quem não estava entendendo o que eu falava. Claro que eles tinham muito mais embasamento teórico do que eu, afinal de contas, eu era aluno, e estava sendo avaliado... Ao final da apresentação, cada um deles tinha vinte minutos para comentários e dúvidas, mas duvido que qualquer um dos três tivesse gasto mais que cinco. Saí da sala para que eles pudessem decidir que nota me dar, e talvez essa fosse a espera mais agonizante da minha vida... Enfim, meu orientador me chama. Pelos comentários anteriores, eu sabia que não tinha ido tão mal assim, eu me daria um 8.0... Mas a tirar pelo sorriso ao abrir a porta, eu tinha conseguido mais... Um belo e risonho 9.5. Merecido, pela mudança de enfoque no meio do semestre, pela monografia escrita em quase 30 dias, por ter apresentado uma semana antes de todo mundo (meu orientador viajaria no dia seguinte). Alívio, e sensação de esforço recompensado... Ainda não consegui comemorar, mas com certeza eu estou de alma lavada...

16 dezembro 2007

Passarinho Verde

Uma vez um passarinho verde pousou na varanda de minha casa. Ficou ali, parado, como se quisesse dizer algo e coragem lhe faltasse. Olhava-me com um jeito tenro, mas com um pesar nos olhos, que parecia mal se mexerem. E eu ali, embasbacado com o quão humano era o comportamento daquele passarinho... Saí da minha sala, fui me aproximando devagar, como quem não quisesse afugentá-lo, até que estava lado a lado com ele, admirando a paisagem, como dois bons amigos de longa data. Lá eu estava, esperando ouvir um belo canto matinal, e ele, como quem tivesse vergonha de falar alguma coisa...

Este mesmo passarinho, que há meses atrás havia feito um ninho na goiabeira do quintal, posto três ovos, que ali mesmo foram chocados. Vi aqueles passarinhos crescerem, tão de perto... E de novo, era estranho como a relação entre mim e aquele passarinho era tão intensa... Passava horas a fio admirando o canto e a vivacidade daquela coisinha tão pequena, e o modo como lhe dava com suas dificuldades, e isso me dava forças pra levar a vida da melhor forma possível, sempre de cabeça erguida.

Todas as noites eu deixava a janela aberta, e volta e meia esse mesmo passarinho entrava, pousava em minha cama e ficava ali um tempo, velando o meu sono. Fazia-me sempre uma carícia ao rosto, elevava consigo algum fiapo dos meus lençóis, como a livrar-me de um pedaço ruim de mim mesmo. E assim fazia todos os dias, até que criança malvada jogasse uma pedra, que acertou uma goiaba, e o ninho logo acima dela.

Passarinho tinha ido embora, e não mais eu podia admirar o seu canto, nem admira-lo em meu canto, como já dizia o cantor. Não mais um “bom dia” tão carinhoso eu receberia todas as manhãs. Ninguém mais velaria o meu sono à noite, nem puxaria insistentemente meus lençóis. Saudade... O que é bom sempre deixa saudade... Até que ele voltasse, sem ninho, sem canto, apenas para uma breve visita.

Por do sol, e ali estávamos eu e o passarinho, admirando o verde escasso, as casas amontoadas umas sobre as outras e o modo como cada um vivia a sua vida, recluso em si mesmo, dia após dia. Eu, esperando aquele mesmo canto de antes, e ele, ainda sem coragem pra me falar aquilo a que tinha se proposto. Pela primeira vez, eu tomei o passarinho em minhas mãos, fiz a mesma carícia que me fazia ao rosto, dei-lhe um beijo e lancei-o gentilmente ao ar. Lançou vôo, pra não muito longe. Ficou ainda algum tempo me observando, cantou algo que mal dava pra se ouvir e foi embora. Passei alguns fins de tarde observando aquela varanda, meio que esperando aquela visita tão desejada, mas ele não vinha, e não dava sinais de quem voltaria tão cedo.

Tratei de continuar a viver, talvez não como quando o passarinho me fazia companhia, mas ao menos eu tentava. Devia isso a ele... Todas as manhãs eu levantava, abria a janela, e olhando para onde o ninho estava, eu dizia ao nada: ”bom dia”. Todas as noites, antes de me recolher, eu abria a janela, e, novamente, olhando para onde o ninho estava, eu dizia “boa noite”, mesmo tendo a certeza de que ninguém me ouviria. E assim passaram-se meses, até que notei um outro ninho, naquele mesmo lugar de antes... Talvez ele me permita tomar-lhe em minhas mãos de novo...

07 dezembro 2007

Projeto Final de Curso - Parte I

Seis meses cansativos, é verdade, mas os últimos 2 meses foram intensamente produtivos. Teriam que ser, ou eu não me formaria esse ano. Uma mudança de enfoque no trabalho me deu o gás e a motivação que eu precisava para encarar algumas noites bem longas escrevendo a monografia, que, como previu meu orientador, ficou bem enxuta (menos de 40 páginas de texto escrito) e densa (muitas definições matemáticas - teoria dos grafos e geometria computacional). O meu orientador viajaria 4 dias antes do início das apresentações, e eu teria que entregar a minha monografia 5 dias antes do prazo. Ainda bem que ele me conseguiu alguns dias a mais, porque eu só consegui "terminar" de escrever hoje. Latex ajuda um bocado... Escrever algoritmos, fórmulas matemáticas e outras coisas chatinhas não seria tão fácil e rápido, principalmente gerenciar citações, índices e referências. Correria, correria... Alguma reuniões curtas, uma vez na semana, e o trabalho ia se delineando. Pesquisa acadêmica sempre tem seus encalços, como achar boas referências, discutir questões chave, etc. E é melhor ainda quando os seus resultados são realmente úteis pra alguém, que se mostra satisfeito com o seu trabalho. Ter algo em que se concentrar é um bom remédio pra algumas outras decepções da vida (seja pessoal, profissional ou amorosa). Enfim, depois de árduas 3 semanas, a monografia foi impressa e entregue aos professores da banca. Agora é estudar e me preparar pra apresentá-la, porque tem gente interessada nos resultados desses últimos seis meses de trabalho... Não gaguejar tanto, não ficar tão nervoso, aparentar segurança... Missão quase impossível. Veja Também: Tutoriais sobre Latex Tex-BR - Wiki dos usuários de Latex Tutorial Latex - Um tutorial em PDF bem completo Referências e citações Bibtex Citeseer - Scientific Literature Digital Library ACM - Association for Computing Machinery