05 junho 2010

Ode à Esperança


O tempo passa, e de tão ansiosos pelos nossos sonhos, a gente acaba se cansando de sonhar. Cansamos de esperar pelo amor de nossas vidas, pelo emprego dos sonhos, pelo sonho de consumo... De certa forma acabamos por nos acomodar com a inércia das coisas a nossa volta. Mas ainda assim, volta e meia escutamos um suspiro, vindo de nós mesmos, traduzido com extrema facilidade para algo próximo a um "ah se eu pudesse/tivesse/fizesse..."



O tempo passa, e invariavelmente a gente aprende que não podemos nos agarrar nem à ansiedade, nem ao comodismo. Como eu costumava dizer, paciência é uma virtude que muitas vezes eu não tenho, e não está disponível nas farmácias (e nem genérico fabricaram ainda). É certo que nada que venha fácil demais tem real valor em nossas vidas, mas nós sempre desejamos que nada seja tão difícil assim. Não há como pedir ao tempo para que apresse seus passos.


Foto de Fátima Morgado


No final das contas, a gente acaba procurando meios de distrair a mente, enquanto o tempo não passa. Deixar um pouco de lado os sonhos, sem deixar de trilhar o caminho que nos leva até ele. É mais ou menos como caminhar horas e horas em boa companhia, jogando conversa fora. O tempo passa que a gente nem sente... E como se não bastasse, ainda temos que saber lhe dar com a frustração de aceitar que, algumas vezes, o sonho é, de fato, impossível. Há muitos de nossos sonhos que não depende exclusivamente de nós...


É aí que, humildemente, aprendemos a pedir. Pedir a Deus, a Buda, à força maior que seja, por aquilo que queremos com todas as nossas forças. E sem ter a certeza de que fomos ouvidos, continuamos pedindo, e esperando. E enquanto não houver resposta, continuamos a tentar fazer por merecer aquilo que pedimos, tentando fugir da ansiedade e do comodismo...


Ainda tentando ser o "adulto" que eu sempre fui, a criança que eu nunca fui, e o adolescente que eu não tive tempo de ser.

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