26 julho 2007

Two faces of the same coin

Pensei que essa frase tão comum não sairia da minha boca... Sonhava com essa situação por diversas vezes, mas não pensei que isso fosse tão desgastante. Ter alguém que realmente lhe tem carinho, paixão, desejo, mas que não se pode corresponder por incapacidade sua; ter alguém a quem sinta paixão, desejo, carinho, mas que não lhe retribui da maneira que esperava. Noite de sábado, após o aniversário da minha mãe. Ela faria o bolo, confeitaria-o, e também iria à festa no dia seguinte, na nossa casa. Na dela eu estava, passaria a noite por lá. Seria extremamente agradável, indiscutivelmente proveitoso, se tanta gente não tivesse ido "nos visitar" naquela mesma noite. Três dos meus tios resolvem fazer chacota da nossa casa justo na hora em que eu considero mais imprópria: a hora em que se deseja ficar a sós, curtir a presença um do outro, mesmo que ainda vestidos, mesmo que a alguns metros de distancia... Tomaram vinho, comeram do queijo, do peixe e do camarão secos, beberam da cerveja. Deixaram-nos sem graça... Depois de terem saído, tomamos café, e ela terminou de assar os dois bolos. Tomamos banho, e nos deitamos. A noite foi deveras prazerosa, no sentido fiel da palavra. Seria ainda melhor se eu tivesse conseguido dormir... Fiquei me revirando na cama, enquanto ela cochilava e acordava. Não sei se tesão ou preocupação o real motivo da súbita insônia, mas seja lá qual for, tinham um motivo bastante plausível. Acordamos, tomamos café, e uma das minhas tias descem. Ajuda a dona da casa a confeitar o bolo. Senti algo estranho, despedi-me das duas e preferi ir pra casa, onde tirei um cochilo. Uma ou duas horas depois, todos eles chegaram. Gozação atrás de gozação, fizeram chegar aos ouvidos da minha mãe (que de nada sabia) a confirmação de que estávamos nos curtindo. Essa confirmação veio com um peso enorme... Brincadeiras se seguiram pelo resto da manhã, e por toda a tarde. Ela tirou uma sesta na minha cama, para sentir um pouco do meu cheiro (foi o que me disse). Ao sair de lá, minha mãe, com um olhar nada satisfeito, puxou-me para dizer umas breves (e sangrentas, diria) palavras. "Por que eu tenho que saber das coisas sempre por último, ao invés de saber por você? Mais uma vez você me decepcionou". Se eu estivesse namorando de fato aquela mulher, minha mãe seria a primeira a saber. Como eu poderia, se a dúvida é a base da ligação entre meus neurônios? No dia seguinte, eu veria o motivo da dúvida em pessoa. E uma ligação faria o tempo parar, enquanto eu estava a caminho. Uma sensação de pezar começava a me corroer, como anúncio do fim de algo saudosista...
...
Fui à sua casa no dia seguinte. A mágoa era justificável... "Nunca traia a alguém que confia em você, nem que este seja um traidor". Ao ler essa frase, como apelido de um amigo de colégio, na sua conta de mensageiro instantâneo, várias coisas vieram à minha mente, inclusive as palavras para este registro. E que mulher... Mesmo com toda a raiva lhe corroendo o peito, mesmo com tantas lágrimas lavando o rosto, ela ainda é capaz de me oferecer carinho... Pedir-me para visitá-la como amigo algum dia, quando a saudade nos der um "olá"... Compartilhamos das mesmas lágrimas, de beijos manchados de dor, de tristeza... Saí de lá aos prantos, com a imagem de uma moeda girando incessantemente. Quisera eu ser apenas unidimensional... Admirável senhora, muito eu lhe devo...
Comentários
0 Comentários

0 comments:

Postar um comentário

Regras são chatas, mas...

- Seu comentário precisa ter relação com o assunto do post;
- Em hipótese alguma faça propaganda de outros blogs ou sites;
- Não inclua links desnecessários no conteúdo do seu comentário;
- Se quiser deixar sua URL, comente usando a opção OpenID;
- CAIXA ALTA, miguxês ou erros de ortografia não serão tolerados;
- Ofensas pessoais, ameaças e xingamentos não são permitidos;