Tenha cuidado ao ler este texto. Ainda não tenho a certeza de
que ele possui argumentos imparciais o bastante, pois o
intuito dele não é o de expressar opiniões, e sim de expor
idéias alheias e comumente aceitas por um grande número
de pessoas. Caso existam discordâncias, comentem!
Texto em contínua manutenção.
Mais um dilema conceitual, envolvendo mais do que simples palavrinhas bem formadas, recortadas de um jornaleco qualquer. A questão é: o que nós entendemos por um abraço? É, isso mesmo, o que é um abraço. Por incrível que pareça, muita gente pensa diferente a respeito disso, e é por isso que eu resolvi escrever um pouco, com base nesses diferentes pontos de vista.
Caminhando pelo lado um pouco exotérico, algumas pessoas acreditam (incluindo a mim, em parte) que exista uma certa aura de energia, um certo campo magnético envolto em cada um de nós. Também podemos encarar isso como os efeitos do "fluido vital" sobre nós... Essas pessoas simpatizam (ainda que inconscientemente) ou conhecem um pouco da doutrina espírita de Alan Kardec. A energia que esse campo/aura passa para as pessoas ao nosso redor depende do estado de espírito atual de cada um. De fato, quando estamos ou percebemos alguém triste, algo estranho soa no ar, da mesma forma que o ambiente melhora quando alguém de extremo bom humor nos cerca.
Alguns falam em alguns sentimentos básicos, notoriamente irradiados através desse tipo de meio: desejo, paixão, solidão, medo, inveja, ódio, indiferença... Tais estados de espírito podem ser captados quando tocamos ou nos aproximamos de alguém. Alguns podem se sentir bem ou mal, com qualquer um desses estados de espírito (próprio ou vindo de outrém) em situações/contextos diversos. Quando a energia passada pelo toque nos agrada, o corpo relaxa, a mente se desprende, é como se a nossa própria energia se renovasse. Ao contrário, quando a energia passada pelo toque não nos agrada, o corpo fica tenso, a mente se estressa, quase como o que acontece quando levamos um choque.
Abordando o lado social (antropológico?), expressões de carinho e as sensações que elas provocam dependem do contexto em que elas se aplicam. Um abraço no nosso aniversário provoca sensações diferentes de um abraço durante um enterro de alguém próximo, ou um simples abraço, fora de qualquer contexto. Existem pessoas que repudiam expressões de carinho constantes, e outras que necessitam delas, como uma dose diária de cafeína ou nicotina.
Sentimos sensações diferentes em contextos diferentes, com expressões de carinho vindas das mesmas pessoas ou de pessoas diversas, feitas ou não da mesma forma. Como exemplo, tomemos o enterro de um ente querido. Sentimo-nos confortados quando recebemos um abraço, ou qualquer outra forma de carinho, de alguém próximo, como um amigo ou um parente. Talvez não nos sintamos da mesma forma quando um colega de trabalho do falecido nos cumprimenta, mesmo que este colega seja intimamente relacionado com aquele que se foi. Pessoas diferentes, expressões iguais.
Agora se imagine passando o dia com o seu amor. Vocês passeiam numa praça arborizada, cheia de criancinhas brincando na grama, logo ali na beira do lago. Há um banco de praça, e vocês sentam ali, juntinhos, abraçadinhos. Há romantismo, há inocência. Chega a noite, vocês vão a uma balada, e depois de algumas horas de bebida e música alta, vocês resolvem se recolher. Um quarto, uma cama, quatro paredes. E então, um abraço. Há sedução, há prazer... Pessoas iguais, expressões diferentes.
Caminhando agora pelo lado mais "técnico", expressões de carinho são feitas de modos diferentes. Um abraço fraternal é tecnicamente diferente de um abraço amoroso. Repousar a mão sobre o ombro, apenas pondo um pouco do peso dela, e completamente diferente de colocar a mesma mão sobre o mesmo ombro, massageando-o com a ponta dos dedos, apertando-o suavemente com a palma da mão. Da mesma forma, segurar levemente a cintura de alguém quando pedimos licença é diferente de segurar a cintura de alguém, pressionando-a ritmadamente com a ponta dos dedos, esfregando-a suavemente com a palma das mãos.
Pensando agora pela face interpretativa da questão, pessoas interpretam uma forma/expressão de carinho de modos diferentes. Fazem essa interpretação com base em fatos e papos anteriores, características apreendidas de si mesmas e da pessoa que se expressa, conclusões próprias tiradas de tudo isso e as intenções inferidas da pessoa que se expressa. Percebe-se algo diferente a partir do tom de voz, do jeito de olhar, da expressão facial e da intensidade do toque de quem se expressa.
E agora? Como saber de que forma cada um pensa a respeito de expressões de carinho? Respondam-me vocês, caros leitores (se é que alguém realmente lê o que eu escrevo). Concordo em parte com cada uma das abordagens acima. Acredito que nenhuma isoladamente contemple tudo o que expressões de carinho simbolizam, na nossa sociedade. E acho que possam existir outras abordagens que complementem as que descrevi, e ainda assim essa questão nunca vai estar completamente respondida, devido à sua própria subjetividade. Acho que se eu tentasse resolver isso implementando o problema com lógica difusa, nunca acharia as variáveis corretas (mero vício de cientista)... E mesmo que eu procurasse um filósofo, um antropólogo e/ou um psicólogo (eu não sou maluco!) para debater a questão, sairia mais confuso do que eu estou agora...
Veja também:
Alan Kardec - Esboço de Biografia
Alan Kardec - Versão Wikipedia
Espiritismo - Wikipedia
Medicina Espiritual - Isto É
Manifestações de carinho
Lógica difusa - Wikipédia
Magnetismo Animal - Wikipedia
Apenas por curiosidade:
Principio da Imparcialidade - Wikipedia