09 setembro 2006

Distância

Sinto-me estranho mais uma vez. E desta vez, nem mesmo os motivos eu conheço... Talvez sejam as mesmas coisas de sempre, apesar de eu sair mais, de ir mais a festas e entrar mais em contato com as pessoas, mas ainda assim eu sinto que falta algo. Falta carinho, e tantas outras coisas que não são fáceis de se encontrar na prateleira do supermercado. Muito menos num desses bazares, ou em sebos de Jorge Amado, Vinicius ou outros grandes poetas. Sinto-me melhor. Ainda estranho, mas melhor. Já consigo me olhar no espelho e ver que não há nada errado, ou ao menos muito errado comigo. Sei que eu sou bonito (aina que isso seja um mantra interiorizado por osmose). Sei que mulheres me olham diferente (ainda que eu não seja capaz de reparar em qualquer uma que assim se porte). Mas ainda falta algo. Queria poder encontrar logo... Fico menos tempo olhando fixamente pro celular, esperando que alguém me ligue. Fico menos na janela da frente da casa, esperando que alguém passe e acene para mim. Fico menos esperando que o ônibus não venha, sem ao menos ver alguém subindo a ladeira... Dizem que a distância é o melhor remédio. Eu acabo confirmando isso, sem querer. Depois de 6 anos amando a minha melhor amiga, e de alguns "não" viementes e arescidos de desculpas esfarrapadas, de tentativas de abrandar o sofrimento de um amor não correspondido, a distância me fez esquecer um pouco o que eu sentia, ainda que eu tivesse que abdicar dos bons momentos que uma amizade tão duradoura quanto me proporcionaram. Depois de embarcar numa relação de alto risco, contra tudo e contra todos, de ouvir comentários sórdidos e sem nenhum escrúpulo de todos os que me rodeiam, a distância me fez esquecer um pouco de toda aquela tensão, ainda que a mesma distância me fizesse esquecer o quão bom é receber um tanto que fosse de carinho, depois de tanto tempo sozinho... Parei os meus projetos textuais, visto que estes me pediam um estado de total excitação. Parei os meus projetos musicais, por eles me remeterem a um estado sensível demais. Deixei de me lamentar por estar há tanto tempo só, para saborear um belo por do sol, uma boa música, o perfume das mulheres (ah, belas mulheres...) dentro dos ônibus, sempre (e ainda bem!) lotados. Só me incomodo um pouco com os casais que se beijam bem à minha frente, por desejar um pouco daquilo para mim. Meu romantismo se esconde, pois a vontade de sorrir é ainda maior. A paixão inflamada por si mesma se retrai, a medida que o tempo passa, e eu continuo aqui, na mesma... Sei que um dia isso passa, mas queria que fosse logo... Sei que deixar de ser quem eu sou não vai mudar o que eu sinto, muito menos a maneira como as mulheres me vêem: um homem jovem, mas sério, fechado, e com o peso no mundo sobre os ombros. Um dia isso passa, e a pessoa certa aparece. eu só preciso procurar, mas como fazer o jovem homem brincalhãr, mas tímido para os assuntos do coração, tomar a iniciativa e procurar um brinco de brilhante numa calçada enlameada pela chuva?
Comentários
0 Comentários

0 comments:

Postar um comentário

Regras são chatas, mas...

- Seu comentário precisa ter relação com o assunto do post;
- Em hipótese alguma faça propaganda de outros blogs ou sites;
- Não inclua links desnecessários no conteúdo do seu comentário;
- Se quiser deixar sua URL, comente usando a opção OpenID;
- CAIXA ALTA, miguxês ou erros de ortografia não serão tolerados;
- Ofensas pessoais, ameaças e xingamentos não são permitidos;