26 julho 2006

Nostalgia...

Este domingo (30 de Julho de 2006) eu completo 21 anos de idade. Durante toda essa semana, eu estive pensando no que foram estes anos da minha vida. No que eu fiz de útil, as boas ações que pratiquei, as más que por ventura eu tenha deixado escapar... Será que eu vivi tudo o que eu tinha para viver enquanto adolescente? Será que eu aproveitei bem os melhores anos da minha vida? Eu diria que não. Não vivi nada do que gostaria de viver, mas ainda assim não deixaria de viver todas as coisas que vivi. Fiz poucos, na verdade raros amigos. Amigos que, acredito, durarão por toda a vida. A estes, eu tenho uma coisa a dizer: obrigado. Obrigado por aturarem as crises existenciais de um garoto amarelo, largado, cheio de manias. Obrigado por não se encherem com um garoto quase mudo ao lado, que raramente abria a boca pra falar alguma coisa que fizesse sentido. Obrigado por dividirem seus problemas comigo, por deixarem que eu dividisse os meus problemas com vocês, pela companhia agradável de muitas horas de silêncio, ou de fala eloquente, de teorias absurdas, ou, quem sabe, de coisa alguma... Digo que não vivi nada do que gostaria de viver porque tive pouquíssimas mulheres em minha vida. Quem me conhece a fundo sabe o quão sensível eu sou, a facilidade que tenho de me envolver. Gosto de proporcionar bem estar às pessoas, e muitas vezes abdico de mim mesmo para isso. A vocês, minhas ex-namoradas, ex-ficantes, paqueras, amigas "coloridas", musas inspiradoras e colegas de classe e trabalho, um muito obrigado. Vocês alimentaram as minhas fantasias, fizeram-me ter sonhos maravilhosos. Reforçarama minha crença de que devemos tratar as pessoas como gostaríamos de que fossemos tratados. Retribuíram todo o carinho que eu lhes dediquei, mesmo que eu não estivesse esperando por isso. Vocês encheram o meu coração de esperança... Aos meus pais, mais um muito obrigado. Por me colocarem neste mundo, mesmo que conturbado, mas ainda repleto de bons corações. Obrigado por me incentivarem na busca pelos meus objetivos, por me darem a educação que tenho, por fomentarem o meu caráter, e até mesmo pelos puxões de orelha... Obrigado, meu pai, pelo exemplo de homem que tomei para mim. Obrigado, minha mãe, pelas horas de encheção de saco, falando sobre as coisas erradas que eu aprontava... Obrigado, pirralho, pela encheção de saco de vez em quando, pelas horas de divertimento gratuito, pela descontração, bom humor... Família... Obrigado Deus, se é que o Senhor ainda me ouve. Obrigado por livrar-me de todos os males, por me ajudar no que sempre pedi. Desculpas pelos maus atos, inconscientes ou não. Obrigado pela família e pelos amigos que tenho. Obrigado pela pessoa que sou, por tudo o que tenho, pelo que não tenho, e pelo que ainda posso vir a ter. Desta vez, nada de pedidos. Deixá-los-ei para algum momento posterior... Feitos os agradecimentos de praxe, voltemos a falar do que me propus inicialmente. Não curti as baladas que todos curtem, apenas por falta de companhia, de dinheiro, ou por estar com a cara enfiada nos livros. Namorei muito pouco, afinal de contas, qual garota sairia com um nerd quase assumido? Aqueles óculos estranhos, o aparelho nos dentes, as calças rasgadas e a blusa do colégio semi-transparente de tanto serem lavadas, o sapato velho... Isso sem falar na magreza evidente até para um cego a uns 15 metros de distância... Tentei ser pagodeiro, e nada. Tentei ser roqueiro (ainda possuo resquícios dessa época), e nada. Tentei ser amante da MPB (e ainda sou), e nada. O que falta? Nem elas sabiam, ou quem sabe, não queriam dizer... Talvez alguns músculos, ou algum volume verde nos bolsos. Quiçá uma atitude um pouco mais agressiva, mas com aquela aparência, nem pensar... Durante três anos de CEFET-BA, apenas um beijo, num show de rock, na antiga Rádio Bazar, cidade baixa. Apenas eu e ela, no meio de uma multidão empolgada, eufórica. Daquele beijo eu nunca esqueceria... Costumava ser chato nas aulas, afinal de contas, só conseguia assimilar alguma coisa com silêncio quase absoluto, coisa rara de acontecer naqueles tempos. Sempre me sentei afastado dos grupinhos que se fizeram, apenas por acreditar que afinidades existem, mas que não eram motivos necessários e suficientes para a segregação social (lá vem eu misturando termos matemáticos e sociológicos...). Aos que me dirigiam a palavra, tive bons momentos de riso, descontração, alegria. Aos que não, apenas indiferença. Isso sem falar nos professores figurinhas que tive, como o Sebastião (grande Sebá), o rei do cafezinho... Professora Maria Helena, carinhosa de todo, amada por todos... A Profesora Cleide, que mulher... E se eu partir dos meus anos de CEFET-BA para voltar aos meus anos de Marissol, citaria a Professora Iara. Eita que ela pegava no meu pé, apenas por conhecer o meu tio... A Professora Ana, pegando no meu pé para melhorar na escrita... E se eu for ficar aqui lembrando de todos eu não termino nunca. Raramente eu saia de casa. De começo, saia sim, para brincar com os coleguinhas de colégio. Quase sempre voltava chorando para casa... Fui crescendo, mas ainda saia de casa, para conversar com os colegas da visinhança, por volta dos meus 12 a 13 anos de idade. As perspectivas de futuro foram se formando em minha cabeça, e com elas os papos de outrora foram perdendo o sentido, o interesse, o conteúdo. Acabou que eu não saía mais de casa para conversar, e raramente falava com algum dos colegas daquele tempo. Coisas aconteceram com eles, e eu só tenho a lamentar. Volta e meia eu percebo olhares dessas mesmas pessoas, quando eu passo por elas na rua. Imagino o porque deles... Se eu mudaria alguma coisa em meu passado? Não. Para quê? Estou feliz pela pessoa que sou hoje. Talvez se eu mudasse alguma coisa lá atrás, estragaria alguma coisa aqui, mais na frente. Não correria esse risco. Talvez eu mudasse algumas coisas hoje, enquanto é tempo, e ainda há oportunidade. Só preciso saber o que...
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