Era uma vez um menino amarelo. E o menino amarelo gostava de frequentar lugares diferentes. Tá, tá bem, quase nunca ele faz isso por conta própria, mas sempre é válido conhecer lugares diferentes, não é verdade? Enfim, certa vez, o menino amarelo foi experimentar uma tal de cadeira erótica, sob recomendações muito bem feitas. Embrenhando-se no meio da selva de pedra, entre bares, bêbados e piriguetes de plantão, eis que ele chega são e salvo.

Um quarto simples, pra não dizer demasiado humilde, com cama redonda e chuveiro pseudo-quente. Homem realmente não repara tanto em defeitos assim, mas isso, por hora, não vem ao caso. Entre estripolias e pausa pra boquinha, passaram-se duas horas. E no final dessas duas horas, alguém bate à porta.
"Ué, eu não chamei nenhuma participante a mais... É brinde do hotel?" Pensa o menino amarelo. Até que uma voz masculina surge atrás da porta. "Não, negativo, eu não pedi um participante a mais, e se isso for brinde do hotel, eu recuso!" Pensa consigo mesmo, de novo, o menino amarelo.

- Senhor? acabou o tempo...
- Mas como assim acabou o tempo? Eu pedi três horas!
- Perdão senhor, o outro recepcionista não me alertou desse detalhe...
E lá se vai o empata-foda do turno. Pronto, adeus concentração. E olá olhos aguçados para mais defeitos. "Eita, tem alguma coisa me coçando... Ah achei, ta aqui, voando bem na minha frente. Porra, até mosquito aqui tem!" E com as duas mãos, estapeou a muriçoca, que esvaiu-se em sangue. "Eita poooooooha, tem uma baratinha andando ali no chão! Véio, que poha é essa?"... Corre, corre, menino amarelo, pega o seu chinelo e pisa em cima da barata!
Depois de brincar mais um pouco, rindo muito por dentro, acabam-se as três horas. Chegando à recepção, o que se vê é uma ameba super desenvolvida, fundida geneticamente com células de pus, acometidas de febre amarela, dengue, rubéola e cachumba (tá, coloca meningite e leptospirose no meio, pra ficar parecida com o samba). Sim, era com isso que se parecia o recepcionista de plantão. E naquele mesmo instante, iniciou-se um trololó sobre a atuação quase exótica do recepcionista, que deve ter tomado curso de atendente de lan house. Poha, passou do tempo, paga adicional! "Mas é que quando passam da hora, a gente fala do adicional, e só querem pagar pelas horas normais, sem o atraso".
E diante de uma das folhas de sugestão, uma caneta se movia avidamente, rabiscando tudo com zero, zero, zero, zero... Aquela noite realmente vai pra história...